ESPECIAL – ILPF soma benefícios sociais e econômicos à sustentabilidade com o apoio de fabricante de máquinas

Cresce dia a dia a aplicação da estratégia de produção integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que, como o nome diz, utiliza diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.

A Embrapa desenvolve pesquisas com sistemas ILPF desde a década de 1980. Atualmente, mais de 20 Unidades da empresa desenvolvem algum tipo de atividade de pesquisa e transferência de tecnologia no tema.

Parceira de fomento da Embrapa nessa atividade há cerca de 15 anos – como lembra Alfredo Miguel Neto, diretor se Assuntos Corporativos da John Deere – contribuiu na formação, em 2012, da Associação Rede ILPF, que rapidamente ganhou novos financiadores, como Bradesco, Ceptis, Cocamar, Soesp, Syngenta. O sucesso levou à transformação dessa rede, em 2018, em uma associação, estrutura jurídica com a finalidade de ampliar a atuação do grupo e facilitar a entrada de novas empresas interessadas no projeto. A expectativa é que além do recurso destinado pelas empresas participantes, possa ser feita captação em fundos internacionais.

Hoje, a John Deere comemora resultados: há 17,5 milhões de hectares no Brasil com algum tipo de integração e, até 2030, a meta é no mínimo dobrar, pois “a produção no campo impacta a matriz energética mundial”, informa Miguel Neto, comentando que o ILPF “é o terceiro movimento mais importante do Brasil para redução da emissão de CO2 e vai além de produzir mais em menos área, mas envolve estar à frente do sequestro de carbono e contribuir como negócio sustentável, trazendo áreas degradadas para a produção agrícola, inclusive porque 70% da matriz energética sustentável está no agro”.

Explicando os resultados para a empresa, o diretor de Assuntos Corporativos da John Deere explica que o que move a montadora é o crescimento do agronegócio de forma sustentável, com projetos que podem engrandecer o Brasil e promover crescimento com preservação. Exemplificando, cita os 180 milhões de hectares degradados em pecuária, que recuperados permitirão deixar de emitir 1,3 bilhões de toneladas de CO2 por ano.

“Aparentemente, pode dar a impressão que não tem relação nenhuma entre máquinas e ILPF”, provoca Miguel Neto, destacando que a John Deere “é uma das marcas mais reconhecida mundialmente pela contribuição com a sociedade via ideias de como levar crédito e tecnologia para o pequeno agricultor, contribuindo, ainda, com os governos com visão de futuro”.

As tecnologias implantadas no agro permitiram aumento de produtividade da soja “em 545% em 40 anos e do milho de 108 milhões de toneladas por safra para 207 milhões. Máquina é tecnologia embarcada e permite saber com antecedência o que vai plantar, tratar, colher etc., que é a Agricultura 4.0, e ruma para a tomado decisão pelo produtor rural, com aplicação da Inteligência Artificial, promovendo a Agricultura 5.0”, prevê o diretor de Assuntos Corporativos da John Deere.

Balanço – Nesses últimos oito anos, desde a formação da Rede ILPF, a John Deere computa entre as principais ações cinco documentários com a Embrapa (Terra e Sustentabilidade; Energia Verde e Amarela; Caminho das Águas; Vida no Campo; e Produzir e Preservar).

Soma-se a essas ações, o investimento de R$ 2,5 milhões no Projeto Biomas, uma parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Embrapa, com a participação de mais de quatrocentos pesquisadores e professores de diferentes instituições. A parceria busca promover o desenvolvimento de projetos sustentáveis, científicos e pesquisa agronômica nos seis biomas brasileiros. 

Os documentários

Em 2012, a Fundação John Deere em parceria com a Embrapa lançou, durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), o documentário “Terra e Sustentabilidade. O material traz à tona os benefícios e os casos de sucesso do ILPF, como o da Fazenda Santa Brígida.  

Em 2013, a John Deere lançou o documentário “Energia Verde e Amarela produzido pela Embrapa em parceria com a Fundação John Deere, que abrange todas regiões do Brasil e mostra diferentes processos de geração de energia sustentável a partir de biomassa e resíduos de biomassa. 

Também em 2015, a empresa participou do Mega Plantio de 110 mil mudas de árvores ao longo do rio Capivari-Mirim, que corta a região de Indaiatuba (SP). Colaboradores da companhia participaram na atividade de plantio e na ocasião, a Fundação John Deere apresentou o documentário “Caminho das Águas”, produzido pela empresa em parceria com a Embrapa. Neste documentário, a John Deere procurou mostrar a importância da água para a subsistência da vida humana, como na geração de energia, alimentação produção, promoção do bem-estar e desenvolvimento das comunidades. 

Em 2016, em parceria com a Embrapa e o Ministério da Cultura, a empresa lançou o documentário “Vida no Campo”, no dia do agricultor. O documentário apresenta uma história de transformação envolvendo cinco famílias de diferentes partes do Brasil, cada uma ganhando a vida por meio do sistema ILPF.  

Em julho de 2020, a John Deere promoveu uma série de lives com especialistas para falar de diversos assuntos ligados ao agronegócio. O primeiro episódio, chamado “Produzir e Preservar”, trouxe um debate sobre ILPF e contou com a participação de Cléber Soares, diretor de inovação do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA); Renato Rodrigues, presidente do Conselho Gestor da Associação Rede ILPF; João Pontes, diretor de Experiência e Suporte ao Cliente da John Deere para América Latina e Evandro Gussi, CEO da UNICA. 

Culturas e benefícios

Os sistemas de integração envolvem a produção de grãos, fibras, madeira, energia, leite ou carne na mesma área, em plantios em rotação, consorciação e/ou sucessão.

Com a crescente importância do tema, a Embrapa criou o portfólio de ILPF, que reúne e faz a gestão da carteira de projetos, em quatro modalidades: Integração lavoura-pecuária;  Integração Lavoura-Pecuária-Floresta; Integração Pecuária-Floresta; e Integração Lavoura-Floresta; sendo que a escolha por qual estratégia utilizar dependerá das características da região e da propriedade, como proximidade de mercado, logística, relevo, clima, aptidão da propriedade, maquinário disponível.

Há várias possibilidades de combinação entre os componentes agrícola, pecuário e florestal, considerando espaço e tempo disponível, resultando em diferentes sistemas integrados, inclusive silvipastoril (SSP) ou agroflorestais (SAF).

O sistema funciona basicamente com o plantio, durante o verão, de culturas agrícolas anuais (arroz, feijão, milho, soja ou sorgo) e de árvores, associado a espécies forrageiras (braquiária ou panicum).

O produtor é beneficiado pelo uso mais eficiente dos seus recursos, como terra, mão de obra e insumos. Beneficia-se também com a melhoria da qualidade do solo e da água, a possibilidade de redução de uso de agrotóxicos, a melhoria do ambiente produtivo de uma forma geral, além da redução da vulnerabilidade aos riscos climáticos.

Os principais benefícios econômicos para os produtores são o aumento da renda com a diversificação das atividades, redução dos riscos de mercado, redução de custos no médio e longo prazo, melhoria na qualidade de vida do produtor e de sua família, entre outros.

Os benefícios sociais compreendem a geração de empregos diretos e indiretos, aumento e distribuição melhor da renda, aplicação dos sistemas integrados em qualquer tamanho de propriedade, aumento da competitividade do agronegócio brasileiro e contribuição para a segurança alimentar do País.

Foto: Ana Maio