Emissão de e-CPR em operações de barter é procedimento de segurança em tempos de pandemia

A emissão de Cédula de Produto Rural (CPR) é autorizada pela Lei n. 8.929/1994 como título de crédito para fomento da atividade do agronegócio. Entre as suas principais aplicações estão as operações de barter praticadas por empresas de insumos agrícolas, que trocam seus produtos (sementes, defensivos, fertilizantes etc.) pela commodities agrícola após a colheita. Em outras palavras, CPR e barter são mecanismos de financiamento de safra.

A evolução tecnológica chegou a essa prática em meados de 2019, com a emissão de e-CPR (Cédula de Produto Rural eletrônica), que reduz significativamente o tempo de emissão. Assim sendo, o prazo tradicional de até 80 dias, envolvendo o registro em cartório, pode ser transformado em no máximo 15 dias, além de dispensar a presença física. Tal resultado é possível em virtude da adoção de assinaturas digitais criptografadas baseadas na Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira, a ICP-Brasil, estabelecida pela Medida Provisória n. 2.200-2/2001. Ao mesmo tempo, este tipo de negociação diminui a burocracia e a papelada, além de reduzir custos com cartórios, correios e deslocamento.

As tendências apontam para prazos não apenas menores como também mais seguros, com o uso de tecnologias disruptivas, como a blockchain. diminui a burocracia e a papelada para este tipo de negociação, além de reduzir custos com cartórios, correios e deslocamento

Exemplo na prática

Entre as empresas que aderiram à e-CPR desde o início está a Basf que, para tanto, atua em parceria com a agtech Bart Digital. Otimização de processos com a ajuda da tecnologia digita, em um momento como o atual, por causa da pandemia do coronavírus, é o motivo alegado pela Basf para aderir à prática de emissão eletrônica, que, sem dúvida, deve se intensificar nas negociações da empresa.

“Com a cédula eletrônica, oferecemos mais praticidade aos agricultores, sem abrir mão da segurança. Buscamos sempre oferecer a melhor experiência para os nossos clientes. Como o volume de operações de barter vem crescendo, a e-CPR deve nos ajudar a atender os agricultores com mais agilidade”, explica Patrícia Ambrósio, gerente sênior de Operações de Negócios da Basf.

A emissão de títulos eletrônicos também é defendida por Eduardo Menezes, gerente de Produtos Digitais da Basf América Latina, principalmente neste momento em que a Covid-19 está levando as pessoas a evitarem aglomerações, viagens e troca de documentos físicos. De acordo com o executivo, a emissão de e-CPR traz, ainda, “mais eficiência interna para o negócio e, consequentemente, contribui com o acesso ao crédito por parte do agricultor”.

“Conectar o mercado com as inovações tecnológicas é essencial para a modernização das indústrias, principalmente considerando um setor que não pode parar, como o agronegócio”, explica Mariana Bonora, sócia e cofundadora da agtech Bart Digital, frisando que, “ao refletirmos sobre a situação atual e o momento de incerteza que estamos vivendo, entendemos que nossa plataforma pode ser uma ferramenta útil para mitigação dos efeitos da crise, já que todo o processo é feito de forma eletrônica”.

“Liderar a digitalização do negócio agro com foco nas necessidades dos agricultores e desafios dentro e fora da porteira é parte da estratégia do negócio de Soluções para Agricultura da Basf. A empresa conta com uma equipe focada em desenvolver soluções digitais próprias ou com startups parceiras, promovendo um ecossistema mais ágil, tanto internamente quanto externamente”, ressalta Almir Araújo, responsável pela área de agricultura digital da empresa para a América Latina.

A parceria entre as empresas começou por meio da plataforma AgroStart em 2017, que, entre os seus pilares, oferece desenvolvimento e aceleração para startups maduras por meio de acesso ao mercado, codesenvolvimento de produtos digitais, mentorias e possibilidade de investimento financeiro. A startup recebeu todo este conteúdo para o aprimoramento da plataforma e o desenvolvimento do serviço que hoje é utilizado pela Basf.