Com 15,1 milhões de pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários, em 2017, foi registrada queda de 1,5 milhões de pessoas em relação ao Censo Agro anterior, realizado em 2006. Especificamente na Agricultura Familiar, a população ocupada se reduziu em 2,166 milhões de pessoas, enquanto nos estabelecimentos não caracterizados dessa forma, deu-se o oposto: aumento de 702,9 mil trabalhadores. Além disso, em 30 de setembro de 2017, havia 15.105.125 pessoas ocupadas nos estabelecimentos agropecuários, uma média de 3,0 pessoas por estabelecimento, entre produtores e pessoas com laços de parentesco com eles, além de empregados temporários e permanentes. Do total de pessoas ocupadas nesta data, os produtores e trabalhadores com laços de parentesco com eles representaram 73,5% (11.101.533). Na comparação com o Censo Agropecuário 2006, houve redução de 1.463.080 pessoas no total de ocupados, que era de 16.568.205 no dia 31 de dezembro daquele ano. A média de ocupados por estabelecimento também caiu, de 3,2 pessoas, em 2006, para 2,97, em 2017. Esses números, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 25 de outubro de 2019, integram os dados definitivos do Censo Agropecuário 2017, que aponta outras alterações significativas, como a terceirização, a área irrigada, o acesso à internet e a utilização de defensivos agrícolas.
No primeiro tópico, de 2006 para 2017, cresceu em 143% a contratação de mão de obra para os estabelecimentos agropecuários com intermediação de terceiros (empreiteiros, cooperativas e empresas), passando de 251.652 para 611.624 no período. Houve ampliação em 52,6% desde 2006 no número de estabelecimentos que fizeram uso de irrigação, o que elevou a área total irrigada em 47,6%, passando de 4,5 milhões para 6,69 milhões de hectares, no período. Já o número de produtores que declararam ter acesso à Internet cresceu 1.900%, passando de 75 mil, em 2006, para 1.430.156 em 2017, sendo 659 mil através de banda larga e 909 mil, via internet móvel.
No caso dos defensivos agrícolas, cerca de 1,7 milhão de produtores informaram ter utilizado essas substâncias em 2017, totalizando aumento de 20,5% em relação a 2006. Na série histórica dos censos agropecuários, esse número variou bastante, chegando ao seu ponto mais alto (quase 2 milhões) em 1980, e ao nível mais baixo (quase 1,4 milhão) em 2006. Dos 1.681.564 estabelecimentos que declararam ter utilizado defensivos agrícolas, 1.230.403 tinham área de lavouras menor que 20 hectares, o equivalente a 73% desse total. A despesa destes estabelecimentos com esse químicos foi de R$ 2,36 bilhões, enquanto que o total de despesas com defensivos levantado pelo censo foi de R$ 31,8 bilhões.
Outro ponto importante mostrado pela Censo Agro 2017 tem relação com a mecanização da agricultura: o número de tratores em estabelecimentos agropecuários aumentou 49,9%, ou 409.189 unidades a mais em relação ao Censo Agropecuário de 2006, chegando a 1.229.907 unidades em 30 de setembro de 2017. Já o número de estabelecimentos que utilizavam este tipo de máquina aumentou em mais de 200 mil, alcançando um total de 734.280 produtores em 2017.
O analfabetismo também sofreu alterações entre os produtores rurais, com recuo de 24,5% para 23,03%, ou seja, cerca de 15,5% dos produtores disseram nunca ter frequentado escola e 73% frequentaram somente o ensino fundamental, sendo que 66,5% destes declararam não ter terminado o curso. Além disso, 23,03% dos produtores (ou 1.164.710) declararam não saber ler e escrever. Em 2006, essa taxa de analfabetismo era de 24,5%. Já a proporção de produtores que receberam orientação técnica caiu de 22% para 20,1%: em 2017, 1.025.443 produtores agropecuários declararam receber assistência técnica, correspondendo a 20,1% do total, uma proporção menor que a de 2006, quando havia 1.145.049 estabelecimentos que recebiam orientação técnica (22% do total).
A última divulgação do IBGE também mostra que a produção vegetal responde por 66,2% do valor da produção agropecuária (R$ 308 bilhões) – 77% (R$ 237,3 bilhões) das culturas de Lavoura Temporária; 13% das de Lavoura Permanente; 5,7% da Silvicultura; 2,8% da Horticultura; 0,7% da Extração Vegetal e 0,6% pela Floricultura –, com a produção animal contabilizando R$ 157,4 bilhões (33,8% do total), com 70,5% vindo dos animais de grande porte. A produção de aves foi a segunda mais expressiva (19%), com os animais de médio porte e os pequenos a seguir: 8% e 2,5%, respectivamente. Desse modo, o valor da produção com atividades agropecuárias chegou a R$ 465 bilhões.
O Censo Agro 2017 contou 5.073.324 estabelecimentos agropecuários no Brasil, com redução de 2,0% em relação a 2006. Mas a área dos estabelecimentos cresceu 5,8% no período e chegou a 351.289.816 hectares. Com exceção do Nordeste, houve aumento de área em todas as regiões. Em 2017, o Brasil tinha 51.203 estabelecimentos com 1 mil hectares ou mais, que representavam apenas 1,0% do total, mas concentravam 47,6% da área ocupada pelos estabelecimentos. Em 2006, essa participação era de 45%.
Apenas a região Nordeste teve queda tanto no número (menos 131.341) quanto na área (menos 5.180.546 ha) dos estabelecimentos agropecuários. Esta redução se deu principalmente em municípios do semiárido Nordestino, 65.667 estabelecimentos ou 50% da redução e 4.538.458 ha, representando 87,6% da redução. Já na região Sul, mesmo com a queda no número de estabelecimentos (menos 152.889), houve aumento na área (mais 1.094.307 ha). Nas demais regiões houve aumento de estabelecimentos e de área: na Norte mais 104 mil estabelecimentos com mais 9,67 milhões de hectares; na Sudeste mais 47,3 mil estabelecimentos com aumento de 5,36 milhões de hectares e na Centro-Oeste aumento de 29,7 mil estabelecimentos com aumento de 6,65 milhões de hectares. Apesar da redução de 102.312 estabelecimentos entre 2006 e 2017, houve aumento de 4,9% (17.609.779 hectares) na área total dos estabelecimentos. Além disso, o número de produtores sem área (apicultores, extrativistas, criadores de animais em beira de estradas, etc.) caiu de 255.019, em 2006, para 77.037 em 2017.
Pela primeira vez, o Censo Agro investigou a cor ou raça dos produtores: 52,8% deles eram pretos ou pardos e 45,4% eram brancos, numa distribuição semelhante à da população do país, segundo a PNAD Contínua. Já a participação de mulheres e idosos de 65 anos ou mais na direção dos estabelecimentos aumentou, chegando a, respectivamente, 18,7% e 23,2%. Em 2006, as mulheres representavam 12,7% dos produtores e os idosos, 17,5%.
Mais informações em https://censos.ibge.gov.br/agro/2017/.