Pequenos e médios produtores terão acesso a financiamentos com juros menores

O governo federal se comprometeu a disponibilizar R$ 340,8 bilhões em financiamentos para o Plano Safra 2022/23, um aumento de 36% em relação à safra 2021/22. Esse aumento, segundo consultores, ajuda a movimentar um dos principais setores econômicos brasileiros, o agropecuário, e chega em um momento delicado da economia brasileira.  

“Esse aumento dos recursos do Plano Safra é especialmente importante devido à conjuntura econômica que o país enfrenta: elevada inflação nos custos de produção e escalada da taxa de juros nominal (Selic), além da necessidade de crescimento da produção agropecuária como um todo”, explica Daniely Martins, consultora sênior e membro do Centro de Excelência em Agronegócio da EY. 

De acordo com o governo federal, do total de recursos disponibilizados, R$ 246,2 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, o que representa uma alta de 39% em relação ao Plano anterior. Outros R$ 94,6 bilhões serão destinados a investimentos agropecuários, alta de 29% em comparação à safra anterior.  

Em tempos de inflação e juros altos, os pequenos produtores devem ser beneficiados com taxas de juros mais acessíveis. Pelas regras do Plano Safra, R$ 53,6 bilhões serão destinados ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), cujos financiamentos cobram juros de 5% ao ano (produção de alimentos e produtos da sociodiversidade) e 6% para os demais produtos.  

Para efeitos de comparação, a inflação acumulada no país nos últimos 12 meses foi de 11,89%, segundo o IBGE. Os médios produtores, atendidos pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), terão à disposição R$ 43,7 bilhões, com juros de 8% ao ano. Para as demais categorias de produtores e cooperativas, o total disponibilizado é de R$ 243,4 bilhões, com taxas de juros de 12% ao ano. Os agricultores também podem optar pela contratação de financiamentos com taxas de juros pós-fixadas.  

“O apoio a esses produtores é importante, pois, devido ao seu porte, eles possuem menor capacidade de autofinanciamento e, quando tentam captar recursos fora da esfera pública, as elevadas taxas de juros que encontram são onerosas e muitas vezes inviáveis. Além disso, o apoio ao pequeno e médio produtor contribui para a redução da desigualdade social e de renda no país”, diz Daniely. 

Segundo ela, o Plano Safra 2022/23 também promete avanços em relação à sustentabilidade, um tema sensível, principalmente por conta da necessidade de compatibilizar a produção do agronegócio com a preservação da Amazônia e outros biomas. Ela destaca o aumento de 22,5% ao crédito destinado a operações do Plano ABC (Programa de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), que financia tecnologias sustentáveis na propriedade, elevando para R$ 6,19 bilhões os recursos disponíveis na nova safra.  

“No curto prazo, a adoção da agricultura de baixo carbono no campo leva a um aumento significativo dos custos de produção. Como financiar a transição para essa agenda Net-zero está entre as principais preocupações das empresas do setor, o financiamento a essa atividade é, portanto, fundamental para viabilização da agenda na agricultura brasileira”, completa a consultora. 

Fonte: Agência EY

Foto: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil