Crédito rural: contratação cresce 31% em sete meses

O balanço do desempenho do crédito rural, divulgado pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostra que nos primeiros sete meses da safra 2021-2011 – entre julho de 2021 e janeiro de 2022 – as contratações totais do crédito rural atingiram R$ 174 bilhões, o que representa uma elevação de 31% em relação ao mesmo período da safra passada. Destaca-se o aumento de 69% no crédito de comercialização, sobretudo para milho, soja e café, em função de aumento de preços e ampliação de estoques pelas empresas consumidoras. As demais finalidades apresentaram crescimento nas contratações de 31% no custeio, 25% na industrialização e 21% no investimento.

Entre o valor das contratações realizadas por pequenos, médios e grandes produtores, e seu respectivo aumento, foram R$ 23,2 bilhões (+30%) no Pronamp, R$ 28,1 bilhões (+29%) no Pronaf e R$ 122,7 bilhões (+32%) para os demais produtores. 

No que se refere às contratações por fontes de recursos, as controladas responderam por 68% (R$ 117,8 bilhões), dentre as quais se destacam os Recursos Obrigatórios (23%) e a Poupança Rural Controlada (26%), sendo que as fontes não controladas se situaram em 32% (R$ 56,2 bilhões), com destaque para a participação dos recursos da LCA, equivalente a 12% ou R$ 21,7 bilhões, e da Poupança Rural Livre com 15% ou R$ 25,5 bilhões.

Crédito rural: responsável pela evolução do agro

De acordo com Bernardo Fabiani, especialista em concessão de crédito para o agronegócio e CEO da TerraMagna, o crédito rural tem dado importante contribuição para que o agronegócio ultrapasse barreiras e alimente o mundo de forma ímpar: “É incrível a capacidade do setor em vencer obstáculos e mostrar cada vez mais toda a sua resiliência. Prova disso, é que na década de 70, éramos os maiores importadores de alimentos. Já hoje, o cenário mudou e alcançamos o patamar de maiores exportadores”.

“Não há como dissociar a história da agricultura no Brasil de crédito. Foi a política de Estado do Sistema Nacional de Crédito Rural, criada na década de 1960, que permitiu ao setor se expandir para diversas regiões do país, se profissionalizar e crescer em produtividade. No entanto, como em todo mercado que amadurece, os subsídios que apoiaram o setor no seu começo não são mais suficientes para sustentá-lo depois de tanto crescimento. Por isso, novas fontes de financiamento – como as fintechs que levam crédito ao agro – irão contribuir significativamente para o futuro do segmento”, explica Fabiani.

Os distribuidores de insumos, por exemplo, estão cada vez mais apostando em operações de crédito, que geram recebíveis, como CPRs e duplicatas. Eles oferecem crédito para compra de insumos aos produtores rurais, através de negociações como a operação de Barter, facilitando assim a vida do homem do campo. Ao mesmo tempo, esses mesmos distribuidores fazem a antecipação dos seus recebíveis (CPRs, duplicadas e outros títulos do agro), como forma de receber o valor do documento à vista, dinheiro em caixa e sair de possíveis riscos.

O crédito – reforça o CEO da TerraMagna – “sempre será fundamental para que o agronegócio continue sendo o motor forte da nossa economia, gerando oportunidades e alimentando o mundo. É preciso se reinventar e buscar alternativas que visam o desenvolvimento e a lucratividade”. 

Recursos equalizáveis

Do total de R$ 90,8 bilhões de recursos equalizáveis para a Safra 2021-2022, de acordo com a SPA, o saldo disponível no final de janeiro de 2022 é de  R$ 27,5 bilhões (30%) para todas as finalidades. Entretanto, as operações com esses recursos foram suspensas no período de 7 a 28 de fevereiro de 2002, pelo Ofício Circular SEI nº 561/2022/ME, do Ministério da Economia, devido à insuficiência de dotações orçamentárias para pagamentos de equalização de taxas de juros de que trata o Art. 2º da Portaria ME nº 7.867/2021, decorrente da elevação das taxas Selic e IPCA.

O governo, com a participação dos Ministérios da Agricultura e da Economia, está realizando negociações no sentido de superar essas dificuldades orçamentárias, para a retomada das referidas operações na maior brevidade possível. Apesar dessa interrupção momentânea de contratação com recursos equalizáveis, os produtores rurais continuam tendo a possibilidade de acesso a recursos provenientes de outras fontes do crédito rural.

Entre as ações divulgadas após a apresentação desse balanço pela SPA, está a abertura, em 23 fevereiro, de orçamento destinado à equalização de encargos financeiros para operações de custeio do Pronaf (agricultura familiar), de modo a possibilitar a retomada de financiamentos num total de cerca de R$ 2,8 bilhões referente ao Plano Safra 2021/2022, ou a serem contratadas até o dia 31 de junho deste ano.

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