Criar linhas de crédito complementares às do Plano Safra, que se diferenciam pela agilidade e por menos burocracia na contratação e na liberação dos recursos. Essa é a meta de agrifintech, startups focadas em crédito para o agronegócio, que vêm se popularizando no mercado, principalmente junto a pequenos e médios produtores, que chegam a estar até 200 km – ou mais – do banco mais próximo. Além disso, o setor financeiro, por intermédio dos bancos, consegue atender somente cerca de 55% da demanda, seja via Plano Safra, seja com recursos a taxas livres.
Uma das empresas que atuam nesse segmento e que comprova o sucesso da iniciativa é a Nagro, criada em 2017 como intermediária entre o produtor e o agente financeiro, liberando mais de R$ 200 milhões via 12 parceiros financiadores. Ao longo desse período, somou mais de 60 clientes em variados segmentos (tradings, cooperativas, seguradoras, indústria, revendedores), 25.000 produtores cadastrados e R$ 10 bilhões de endividamento analisados. O primeiro aporte veio de um investidor-anjo, em 2018, para desenvolvimento da tecnologia, e, em 2020, recebeu nova rodada substancial que somou R$ 4,8 milhões.
O ingresso definitivo como fornecedora de crédito aconteceu em junho de 2020, quando a Nagro passou a trabalhar com três linhas de crédito próprias e espera finalizar julho de 2021 com operações totais de R$ 20 milhões provenientes de empréstimos para Crédito Pessoal Agro rápido até R$ 70 mil, Giro Agro até R$ 500 mil e Farm Equity – recurso para apoiar o produtor nos investimentos de médio e longo prazos – até R$ 1,5 milhão. De lá para cá, na evolução mês a mês, apresentou 48% de crescimento.
Os recursos, como explica Gustavo Alves, CEO e fundador da empresa, são provenientes de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) emitidos no final de 2020, no total de R$ 20 milhões e, em agosto deste ano, deve fazer uma segunda emissão para obter mais R$ 70 milhões e assim atender mais de 3.000 produtores. “A meta é reduzir a incerteza do produtor no investimento na produção”, comenta, informando que os juros, de acordo com a linha de crédito, o risco da operação e a cultura produzida, variam de 2% a 2,99% ao mês para capital de giro rápido; 1% a 1,6% para Giro Agro e de 0,8% a 1,4% ao mês para Farm Equity.
Agilidade na análise e na liberação dos recursos se materializa, no caso de capital de giro sem garantias, por exemplo, em 48 horas. Isso é possível, comenta Alves, porque “tudo é feito digitalmente. As demais linhas – Giro agro e Farm Equity – variam de 15 até 30 dias, pois dependemos de cartório para registro da operação via central digital”. Toda a contratação é feita via smartphone.
Outro ponto positivo ressaltado por Alves tem relação com a inadimplência, que gira abaixo de 1%, até por conta da tecnologia utilizada na análise de crédito e de risco. Discorrendo sobre os resultados, Alves explica que, apenas em abril deste ano, foram 30 mil produtores analisados, com 600 produtores com crédito concedido, compreendendo mais de R$ 200 milhões de crédito liberado, sendo R$ 12 milhões próprios, com um total de R$ 6 bilhões de endividamentos rural avaliado.
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