ARTIGO – Sistema ILPF pode ser utilizado como sombreamento natural para o gado

 

Wesley Leite Matos*

Dias extremamente quentes podem ser bem desconfortáveis em regiões tropicais para as vacas leiteiras, principalmente para as que estão em período de lactação e que possuem alto potencial de produção de leite. Estes fatores ambientais aliados à produção de calor metabólico do animal reduzem sua capacidade de eliminar o calor corporal, resultando em uma condição conhecida como estresse calórico.

Sistemas como a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), por exemplo, podem ser usados como sombreamento e, além disso, agregar renda ao produtor de leite. A estratégia da adoção do sistema de ILPF é uma técnica vista como uma estratégia que proporciona o sinergismo entre as pastagens e culturas anuais e componentes florestais, favorecendo o aumento da produção com custos mais baixos, além de tornar essa propriedade, economicamente viável, o ano todo. Existem estudos em gados leiteiros que comprovam ganhos tanto na produção e qualidade de leite como no desempenho reprodutivo dos animais, quando se comparam com os animais em pleno sol. Esses resultados são atribuídos ao efeito da presença de sombras e, consequentemente, do conforto térmico na área, se tornando uma estratégia positiva nesse sistema de produção.

Primeiramente é muito importante a escolha da(s) espécie(s) florestal(ais) para exploração comercial levando em consideração a finalidade do plantio, condições edafoclimáticas do local, conhecimento técnico sobre a espécie selecionada, infraestrutura e serviços, aspectos econômicos e financeiros, informações sobre o mercado consumidor (produtos demandados), levando em consideração que o componente florestal pode ter múltiplos usos, como fornecimento de madeira, lenha, óleos, essências entre outros.

Na definição da quantidade de árvores por hectare se devem ao Arranjo Espacial do renque (faixas de árvores compostas por linhas simples ou com múltiplas linhas), é importante definir o uso que será dado ao componente florestal. Lembrando que a definição dos renques também deve levar em consideração as espécies forrageiras e execução das atividades de manejo dentro do sistema de produção.

Nos sistemas de ILPF o componente forrageiro e florestal compartilha o mesmo espaço, onde ocorre uma competição pelas mesmas fontes de recursos tais como: luz, água e nutrientes, sendo de fundamental importância conhecimento desse ambiente de produção e os mecanismos básicos dessa competição, a fim de maximizar a produção desses componentes.

Na escolha da espécie forrageira deve-se levar em consideração o conhecimento das espécies disponíveis no mercado e fatores limitantes, tais como: umidade de solo, fertilidade, pragas e doenças entre outros. Aliado ao conhecimento das características das espécies forrageiras (produção, distribuição ao decorrer do ano, qualidade, manejo e utilização) vai dar ao produtor subsídios suficientes para tomada da escolha da espécie forrageira que mais atenda às necessidades a fim de se atingir os objetivos da propriedade. Por isso, é de fundamental importância que o produtor busque auxílio de um técnico capacitado para tomadas de decisões, no planejamento e execução das atividades dentro da propriedade.

*Wesley Leite Matos é engenheiro Agrônomo do Grupo Matsuda, na unidade de Imperatriz no Maranhão

Foto: Plínio Azevedo Coelho