Unifran apresenta pesquisa sobre combate ao bicho-mineiro nos cafezais, realizada com apoio da Fapesp

A Universidade de Franca (Unifran) divulga pesquisa que aponta solução para o manejo das culturas de café e combate às infestações pelo bicho-mineiro (Leucoptera coffeella), que ocorrem nesta cultura. Conduzido pela professora e pesquisadora Dra. Alessandra Marieli Vacari* – do programa de pós-graduação em Ciências e Ciência Animal da Instituição, e alunos de graduação, todos bolsistas de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – o trabalho realizou testes com crisopídeos (Neuroptera: Chrysopidae), popularmente conhecidos como bicho-lixeiro. Os pesquisadores estão produzindo os bicho-lixeiro em laboratório para analisar seu comportamento predatório e reprodutivo em campo.

O alvo do estudo é o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella), que provoca injúrias nas folhas (minas) e, por consequência, a capacidade dos cafezais de realizarem a fotossíntese, diminuindo sua longevidade e prejudicando a sobrevivência das plantas. Uma infestação severa pode reduzir a capacidade produtiva de um cafezal em até 70%, segundo estudo publicado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

O projeto que teve início em 2020, iniciou testes com crisopídeos (Neuroptera: Chrysopidae), insetos verdes e voadores, popularmente conhecidos como bicho-lixeiro, em busca de uma alternativa ecológica e sustentável para atuar no controle integrado de pragas do café. Os pesquisadores estão produzindo os bicho-lixeiro em laboratório para analisar seu comportamento predatório e reprodutivo em campo.

“Nossa pesquisa interessa principalmente aos produtores de cafés especiais, que precisam adotar o manejo integrado das pragas como critério de certificação, e aos cafeicultores orgânicos, que não podem usar inseticidas químicos sintéticos, nem acaricidas no controle de pragas”, explica Alessandra Marieli Vacari.

Três espécies de crisopídeos estão sendo reproduzidas em ambiente controlado na instituição e quando os ovos estão prestes a eclodir, eles são liberados em campo e observados nas fases de larva, pupa e adulta. Os hábitos alimentares e de colonização dos crisopídeos são monitorados fora da universidade, com produtores locais interessados. A pesquisa conta com o apoio da FAPESP (processo 2019/18376-3).

“Com o aumento da demanda mundial de café orgânico e também de cafés especiais, o apoio da FAPESP é fundamental nessa pesquisa, que visa colaborar para que os cafeicultores controlem de forma eficiente as pragas, em especial o bicho-mineiro, tendo assim uma nova estratégia de controle desta espécie, que é uma das principais pragas da cultura do café”, evidencia.

Uma aplicação prática do controle com crisopídeos – A Fazenda Bom Jardim, em Franca (SP), iniciou em 2016 o processo de transição de um plantio tradicional do café, com uso de químicos e pesticidas convencionais para o manejo orgânico. De acordo com um dos proprietários da fazenda, os índices de infestação de bicho-mineiro, que estavam em torno de 65%, caíram para algo próximo de 10% após quatro liberações dos crisopídeos.

*A Dra. Alessandra Marieli Vacari possui graduação em Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Penápolis, mestrado em Agronomia (Entomologia Agrícola) e doutorado em Agronomia (Entomologia Agrícola) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Pós-doutoranda pela Fapesp na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2013/25677-3) e na Universidade da California (BEPE 2016/10084-5). Atualmente é docente da Universidade de Franca (Unifran) no curso de graduação em Engenharia Agronômica e nos cursos de Pós-graduação em Ciência Animal e Pós-graduação em Ciências.