Em 2020, o Brasil exportou 44,5 milhões de sacas de café, considerando a soma de café verde, solúvel e torrado & moído, segundo relatório consolidado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O dado confere ao País um novo recorde histórico das exportações do produto para o ano e representa um crescimento de 9,4% em relação ao volume total exportado em 2019. Os dados dos seis primeiros meses do ano safra 2020-2021 também expressam outro marco histórico exportado, com crescimento de 21% em relação à mesma base comparativa do ciclo anterior (2019-2020). No mesmo dia em que comemorou as conquistas, o Cecafé empossou nova Diretoria.
A receita cambial com as exportações no ano passado alcançou US$ 5,6 bilhões, alta de 10,3% em relação a 2019 e equivalente a R$ 29 bilhões, representando aumento de 44,1% na conversão em reais, alcançando a participação de 5,6% nas exportações do agronegócio e de 2,7% nos embarques totais do país. Já o preço médio da saca no ano foi de US$ 126,52.
Do volume total embarcado em 2020, 40,4 milhões de sacas foram de café verde, aumento de 10,2% comparado a 2019. Os cafés verdes são compostos pelos cafés arábica, cujas exportações totalizaram 35,5 milhões de sacas, alta de 8,4% ante 2019 e recorde histórico para essa variedade, e robusta (conilon), com 4,9 milhões de sacas exportadas, crescimento de 24,3% e também maior volume embarcado na história. Já as exportações de cafés industrializados foram de 4,1 milhões de sacas, apresentando aumento de 2,3% no período e com destaque para os embarques de café solúvel dentro da modalidade, que foram de 4,1 milhões de sacas, alta de 2,4% e embarques recorde do produto industrializado. Com relação às variedades exportadas, 79,7% foram de café arábica, 11,1% de robusta e 9,2% de solúvel.
“O café no Brasil está próximo de completar 300 anos desde a sua chegada, pois segundo consta nos registros, o desembarque das primeiras mudas no país data de 1727 e as exportações tiveram início em meados de 1800. Nestes quase três séculos, o Brasil e o mundo passaram por enormes desafios, que foram enfrentados e superados com sucesso, bem como colaboraram para atingirmos uma forte maturidade na cadeia do agronegócio café. Pesquisa, produção, comércio e exportação, indústria de torrefação, indústria de solúvel, toda a cadeia passou por um profundo desenvolvimento e, sem dúvida, o ano de 2020 será mais um capítulo importante nesta longa e interessante história do café. Devido à pandemia da Covid-19, estamos passando por um período desafiador e, ao mesmo tempo, tivemos uma das maiores safras e concluímos com uma exportação de 44,5 milhões de sacas, batendo um recorde histórico. Importante lembrar que possuímos mais de 2,2 milhões de hectares de café distribuídos por inúmeros estados e suas devidas regiões neste País de dimensão continental, e contamos com mais de 264 mil produtores sendo que 72% se referem a pequenos produtores” explica Nelson Carvalhaes.
“Ciente de que toda esta cadeia envolve o trabalho de milhões de pessoas o Cecafé, como legítimo representante do segmento de exportação, não poupou esforços em se empenhar com iniciativas e medidas de segurança no intuito de preservar a saúde de todos os envolvidos no processo exportador, seguindo rigorosamente as orientações da OMS, governos federal, estaduais e municipais desde o início da pandemia. A sustentabilidade aliada ao “S” de Saúde é um forte pilar do nosso café e é por isso que nos empenhamos para que o produto chegue a mais de 130 países com a maior segurança e respeito. Os resultados referentes ao mês de dezembro e ao ano de 2020 mostram mais uma vez que, apesar de todas as dificuldades enfrentadas com a pandemia, a cadeia do agronegócio café manteve um excelente desempenho”, declara.
Mudança na gestão – “Com tudo isso, gostaria de participar do encerramento de minha gestão como presidente do Cecafé, conforme o estatuto democrático que permite eleição e uma reeleição da presidência. Durante esses cinco anos e meio de dedicação pautada na qualidade, sustentabilidade e eficiência do agronegócio café, enfrentamos muitos desafios como o de manter a parceria, diálogo e transparência junto a três diferentes governos, o de superar o recente contexto econômico conturbado causado pela pandemia, e o de identificar oportunidades. Destacam-se as ações de representação técnico-política nos temas tributários e logísticos, de promoção da imagem do café brasileiro junto às embaixadas de países importadores e um trabalho voltado a fortalecer a sustentabilidade do café brasileiro, por meio de sólidos programas de responsabilidade social e de uma comunicação assertiva para os consumidores do mundo”.
Carvalhaes também complementa que, “em conjunto com nossos associados, o Conselho, a diretoria, a vice-presidente Flávia Paulino e uma equipe competente, sempre reforçamos a sustentabilidade do agronegócio café e ampliamos nosso market-share no mundo, onde de cada três xícaras de café consumidas, mais de uma é do Brasil. Além disso, destaca-se ainda a certificação dos cafés arábicas junto à Bolsa de Café de Nova Iorque, bem como dos cafés robustas na Bolsa de Café de Londres, por parte dos exportadores brasileiros”.
“Sigo no Cecafé como membro do Conselho e feliz com o sentimento de missão cumprida, deixando toda a estrutura organizada, pilares sólidos, uma equipe altamente capacitada, e desejo muito sucesso para a próxima gestão que assume a partir de agora. Aproveito para registrar que Nicolas Rueda Latiff, da Ed&F Man Volcafé assume a presidência da entidade e Günter Häusler, da Neumann Kaffee Gruppe a vice-presidência. Gostaria ainda de agradecer o suporte da imprensa que durante todos esses anos se empenhou em divulgar o trabalho e resultados do setor de exportação com clareza e precisão”, finaliza.
Desempenho em dezembro – No último mês de 2020, o Brasil exportou 4,3 milhões de sacas de café para o mundo, dado que representa o maior recorde histórico em volume exportado para o mês, além do aumento de 38,6% em relação a dezembro de 2019. A receita cambial gerada no período foi de US$ 541 milhões, crescimento de 37,1% e equivalente a R$ 2,8 bilhões, representando alta de 71,7% na conversão em reais. Já o preço médio da saca de café no mês foi de US$ 126,92.
As exportações de cafés verdes somaram 3,9 milhões de sacas (aumento de 41,8% ante dezembro de 2019) sendo 3,5 milhões de sacas de café arábica (crescimento de 46,3%) e 381 mil de robusta (alta de 10,1%). Os cafés industrializados corresponderam a 353,1 mil sacas embarcadas (registrando aumento de 11,3%), sendo 352 mil sacas de café solúvel (crescimento de 11,5%) e 1,4 mil de torrado & moído.
Ano-Safra 2020/2021 – Nos seis primeiros meses do Ano-Safra 2020/21 (jul-dez), o Brasil exportou 24,5 milhões de sacas de café, representando também o maior volume histórico exportado para o período e crescimento de 21% em relação a mesma base comparativa do ciclo anterior (2019/20). A receita cambial gerada no período foi de US$ 3 bilhões, crescimento de 18,9% e equivalente a R$ 16,3 bilhões que, na conversão em reais, representa alta de 58,4%. O preço médio da saca no período foi de US$ 123,16.
As exportações de café verde somaram 22,5 milhões de sacas (aumento de 23% em relação à safra passada), sendo 19,7 milhões de sacas de café arábica (crescimento de 23,5%) e 2,8 milhões de robusta (alta de 20,1%). Os cafés industrializados corresponderam a 2,1 milhões de sacas embarcadas (registrando aumento de 2,7%), sendo 2,1 milhões sacas de café solúvel (crescimento de 2,8%) e 10,3 mil de torrado & moído.
Principais destinos – No ano civil de 2020, os Estados Unidos permaneceram como principal destino do café brasileiro, com 8,1 milhões de sacas exportadas para o país (equivalente a 18,3% das exportações totais no ano passado). O segundo maior destino foi a Alemanha, com 7,6 milhões (17,1%) e, em terceiro, a Bélgica, com 3,7 milhões (8,4%). Na sequência estão: Itália, com 3 milhões de sacas (6,8%), Japão, com 2,4 milhões de sacas (5,4%), Turquia, 1,4 milhão (3,2%); Federação Russa, 1,2 milhão (2,8%); México, 1,1 milhão (2,4%); Espanha, 936,2 mil (2,1%) e Canadá, 904,2 mil (2%).
Exportações por continentes, grupos e blocos econômicos – Em 2020, apesar do cenário de pandemia por Covid-19, o Brasil registrou crescimento nas exportações de café brasileiro para todos os continentes, grupos e blocos econômicos. Entre eles, se destacam os aumentos de 91,3% para a América Central; 41,1% nas exportações para os países da América do Sul; 60,7% para a África; 13,3% para a Oceania; 5,1% para a Ásia; 11,7% para o Oriente Médio; 24,1% para os países do Leste Europeu; 19,2% para os países árabes; 28,4% para os países do BRICS, além do aumento de 47% nos embarques de cafés totais e de 63,6% nos de café verde para os países produtores de café.
Vale destacar que, nos dois continentes mais afetados pela Covid-19, Europa e América do Norte, o Brasil também apresentou crescimento nas exportações para os países dos dois continentes, de 8,8% e de 3,8%, respectivamente.
Cafés diferenciados – No ano civil de 2020, as exportações de cafés diferenciados (aqueles que têm qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis) corresponderam a 7,9 milhões de sacas, representando o maior volume dos últimos cinco anos para o ano e 17,7% do total de café embarcado em 2020, assim como avanço de 4,4% em relação ao volume de cafés diferenciados exportado no ano civil de 2019. A receita cambial dessa modalidade foi de US$ 1,3 bilhão, correspondendo a 22,9 % do total gerado com os valores da exportação de café. O preço médio dos cafés diferenciados ficou em US$ 163,60.
Os 10 maiores países importadores de cafés diferenciados representam 78,9% dos embarques com diferenciação. Os Estados Unidos são o país que mais recebe cafés diferenciados do Brasil, com 1,7 milhão de sacas exportadas, equivalente a 21,7% das exportações da modalidade. A Alemanha ficou em segundo lugar, com 1,1 milhão de sacas exportadas (14,7%), seguida pela Bélgica, com 975,6 mil (12,4%), Japão, com 668,4 mil (8,5%), Itália, com 564,5 mil (7,2%), Reino Unido, com 259 mil (3,3%), Canadá, com 243 mil (3,1%), Espanha, com 239 mil (3%), Suécia, com 219,5 mil (2,8%) e Países Baixos, com 181 mil (2,3%).
Portos – Em 2020, o Porto de Santos se manteve na liderança como a principal via de escoamento para outros países, com 77,6% de participação (34,5 milhões de sacas embarcadas no ano passado a partir dele). Os portos do Rio de Janeiro ficaram segundo lugar, com 15,2% de participação (6,8 milhões de sacas embarcadas por eles).
O relatório completo das exportações de café em dezembro e ano civil de 2020 está disponível no site do Cecafé.
Foto: Banggood