DESTAQUE – Exportações do agronegócio crescem mais de 13% em tempos de coronovírus

As exportações do agronegócio brasileiro de março não foram afetadas negativamente pela pandemia do novo coronavírus, ao contrário, expandiram-se em 13,3%, de acordo com números divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No caso específico do café, dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que o Brasil exportou 3,1 milhões de sacas de café em março de 2020, mantendo o mesmo patamar do volume exportado em março de 2019, mas com ganhos em receita da ordem de 6,1% em relação a março de 2019. Números também são positivos quanto os produto são carne de frango e carne suína, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Além disso, a agropecuária brasileira continua ganhando espaço no mercado internacional, com abertura de novos mercados para os produtos nacionais e ampliação das vendas em outros locais, com destaque para Egito, China, Indonésia e Kuwait, entre oito países listados pelo Mapa.

 Agronegócio

As vendas externas no mês foram de US$ 9,29 bilhões, com expansão de 13,3% em relação a março do ano anterior (US$ 8,20 bilhões), crescimento em valores absolutos de US$ 1,09 bilhão. As exportações do agronegócio subiram em função do aumento da quantidade exportada (18,8%). Já o índice de preço dos produtos exportados caiu 4,7%, de acordo com a Balança Comercial do Agronegócio, elaborada pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Mapa.

As importações do agronegócio alcançaram US$ 1,28 bilhão, em março deste ano (12,3%). Portanto, o saldo comercial da balança ficou em US$ 8 bilhões, com a participação do agro nas exportações totais brasileiras em 48,3%.

Os três produtos responsáveis pelo incremento das exportações do agronegócio foram soja em grão (US$ 3,98 bilhões), açúcar (US$ 441 milhões) e carne bovina in natura (US$ 555 milhões).

De acordo com a SCRI, a participação da China nas exportações agropecuárias brasileiras passou de 34,2% (março/2019) para 41% (março/2020). As exportações de soja e carne bovina in natura ocorreram, principalmente, para esse país asiático.  E mais: a China atualizou a lista de estabelecimentos autorizados a vender pescado para o país asiático, o que não ocorria desde 2015. Agora, 108 estão habilitados.

As vendas de soja em grão para o mercado chinês subiram de 5,9 milhões de toneladas (US$ 2,10 bilhões) para 8,8 milhões de toneladas (US$ 3,02 bilhões).

A China foi mais uma vez o destaque nas aquisições de carnes, com US$ 451,45 milhões (+101,1%), praticamente, a terça parte do valor total exportado pelo Brasil. Em março do ano passado as vendas foram de US$ 224,52 milhões.

Mercados – O Egito, por exemplo, habilitou 42 estabelecimentos brasileiros para fornecimento de carnes, sendo 27 de frango e 15, de bovina, além da renovação da habilitação de 95 empresas, (82 de carne bovina e 13 de carne de frango). O governo egípcio também autorizou o início da importação de miúdos bovinos.

Já a Indonésia acertou com o governo brasileiro uma cota extra de importação de 20 mil toneladas de carne bovina, o que aponta ampliação da participação brasileira, já que a Austrália é o principal fornecedor de carnes para os indonésios; enquanto que o Kuwait abriu seu mercado para a carne bovina brasileira.

O Brasil também passará a exportar material genético de aves (como ovos férteis) para o Marrocos e os Emirados Árabes Unidos.
Na América do Sul, a Argentina aceitou as certificações sanitárias para importação de embriões bovinos, sêmen suíno e carne de rã. A Colômbia oficializou a compra de milho de pipoca.

Proteína animal

As exportações brasileiras de carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 349,5 mil toneladas em março, garante a ABPA.  O número é 2,6% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 340,5 mil toneladas. A receita dos embarques chegou a US$ 552,5 milhões, número 1,7% inferior ao registrado em março de 2019, quando foram obtidos US$ 562,2 milhões. No acumulado do ano, foram exportadas 1,021 milhão de toneladas, volume 8,8% maior que as 939 mil toneladas embarcadas no mesmo período do ano passado.  A receita trimestral ficou em US$ 1,635 bilhão, número 6% maior que o saldo relativo a 2019, com US$ 1,542 bilhão.

As exportações brasileiras de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 72,1 mil toneladas em março, resultado 31,45 acima do registrado no mesmo período de 2019, quando foram embarcadas 54,8 mil toneladas. O saldo cambial das exportações de março alcançou US$ 166 milhões, número 56,1% maior que o efetivado no mesmo mês do ano anterior, com total de US$ 106,3 milhões. No ano (janeiro a março) os embarques do setor chegaram a 208 mil toneladas, número 32% acima do obtido no primeiro trimestre de 2019, quando foram exportadas 157,5 mil toneladas.  Em receita, houve aumento de 62,6%, com US$ 485,1 no primeiro trimestre deste ano, contra US$ 298,3 milhões nos três primeiros meses do ano passado.

Café

Segundo dados do Cecafé, o Brasil exportou em março deste ano 3,1 milhões de sacas de café, considerando a soma de café verde, solúvel e torrado & moído, mantendo o mesmo patamar do volume exportado em março de 2019. A receita cambial gerada no mês com as exportações foi de US$ 423,72 milhões, aumento de 6,1% em relação a março de 2019. Já o preço médio da saca foi de US$ 135,72, alta de 6% na mesma comparação.

Com relação às variedades embarcadas no mês passado, o café conilon (robusta) apresentou um relevante aumento nas exportações, de 30,2% em relação a março de 2019, com 248,5 mil sacas exportadas (8% da participação das exportações por variedade). Já o café arábica representou 82,2% do volume total de café exportado no mês, com 2,6 milhões de sacas embarcadas, enquanto que o café solúvel representou 9,8% dos embarques, com a exportação de 306 mil sacas.

“No mês de março, o desempenho das exportações foi muito positivo, pois os volumes exportados se mantiveram nos mesmos patamares de março/2019, mesmo diante das limitações impostas pelo cenário atual de crise e da safra menor de 19/20. O segmento exportador trabalhou intensamente nos preparos do café, na logística, nos escritórios e áreas portuárias, seguindo todas as orientações da OMS e dos órgãos públicos de saúde federal, estaduais e municipais, para conseguir o melhor resultado possível. Com quase 300 anos de existência no Brasil, o agronegócio café enfrenta um dos períodos mais difíceis, já tendo passado, no último século, pelas grandes guerras, o crash da Bolsa de Nova Iorque e a Guerra Fria. Nesse contexto, o café brasileiro reitera a sua solidez e maturidade, com uma cadeia produtiva unida e capaz de continuar atendendo seus consumidores internos e externos com seus cafés de qualidade e sustentáveis”, declara Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé.

De janeiro a março de 2020, o Brasil exportou 9,6 milhões de sacas de café, com destaque para o crescimento de 24,9% nas exportações de café robusta (equivalente a 691,2 mil sacas) na comparação com o primeiro o mesmo período do ano passado. A receita cambial gerada pelas exportações no período foi de US$ 1,3 bilhão e o preço médio foi de US$ 135,48, registrando aumento de 3,3%.

Principais destinos – No primeiro trimestre de 2020, o principal destino de café brasileiro segue sendo os Estados Unidos, que importaram 1,8 milhão de sacas no período (19,3% de participação no total das exportações). A Alemanha, segundo maior consumidor, importou 1,7 milhão (equivalente a 17,8% de participação nos embarques) e a Itália, terceiro maior consumidor, importou 939 mil sacas (9,8%). Na sequência, estão a Bélgica, com 493,6 mil sacas (5,2%); Japão, com 485,6 mil sacas (5,1%); Federação Russa, com 322,5 mil sacas (3,4%); Turquia, com 282,6 mil sacas (2,9%); Espanha, com 245,2 mil sacas (2,6%); Canadá, com 221,2 mil sacas (2,3%); e França, com 203,8 mil sacas (2,1%).

Entre os destinos listados, a Federação Russa e a Espanha se destacaram ao apresentar um crescimento significativo na compra de café brasileiro, se comparado ao primeiro trimestre de 2019. Os aumentos foram de, respectivamente, 23,7% e 28,5%.

Entre os continentes e blocos se destacam as exportações para os países da África, que registraram aumento de 44,5% (205 mil sacas), América Central, 29,2% (25,3 mil sacas), países do BRICS, 23,8% (435,7 mil sacas), Leste Europeu, 21,4% (495,8 mil sacas), Mercosul, 11,2% (166,9 mil sacas) e para os países produtores, 10,1% (418,6 mil sacas).

Cafés diferenciados – No primeiro trimestre deste ano, o Brasil exportou 1,6 milhão de sacas de cafés diferenciados (aqueles que têm qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis) que representaram 16,7% do total embarcado no período. A receita cambial dessa modalidade foi de US$ 284 milhões, correspondendo a 21,9% do total gerado com os valores da exportação de café no período. Já o preço médio da saca de cafés diferenciados ficou em US$ 177,16.

Os dez maiores países importadores da modalidade representaram 77,7% dos embarques no período de janeiro a março deste ano. Os Estados Unidos seguem sendo o país que mais recebe cafés diferenciados do Brasil, com 304,6 mil sacas exportadas (equivalente a 19% de participação nas exportações da modalidade), seguido pela Alemanha, com 213,3 mil sacas (13,3%) e Itália, com 162,7 mil sacas (10,2%). Na sequência estão: Japão, com 160,9 mil (10%); Bélgica, com 150,9 mil (9,4%); Reino Unido, com 66,9 mil (4,2%); Suécia, com 50,7 mil sacas (3,2%); Finlândia, com 46,3 mil sacas (2,9%); Coréia do Sul, com 46 mil sacas (2,9%); e Países Baixos, com 43,1 mil sacas (2,7%).

Ano-Safra 2019-2020  – Nos nove primeiros meses do Ano-Safra 2019/20 (jul/19-mar/20), o Brasil exportou 29,9 milhões de sacas de café, com destaque para o crescimento de 19,1% nas exportações de café robusta na mesma base comparativa da safra anterior. A receita cambial com as exportações no período até agora foi de US$ 3,8 bilhões e o preço médio foi de US$ 128,63.