ESPECIAL – Mercado brasileiro de defensivos agrícolas no ano de 2019: Sindiveg divulga primeiras projeções

Os recordes brasileiros no agronegócio – principalmente na produção de grãos, que mais uma vez deverá ser a maior da história, superando 251 milhões de toneladas – resulta de investimento e esforços de vários setores, que contribuem para que o agricultor melhor controle as pragas, doenças e ervas daninhas, assim como registre aumento da produtividade, reduza custos da produção e fortaleça sua competitividade internacional. Desse universo, participam efetivamente os fabricantes e distribuidores de defensivos agrícolas e sementes.

Sendo assim, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), pensando em oferecer informações de maior qualidade para a sociedade e o mercado, encomendou à consultoria Spark Inteligência Estratégia um estudo inédito com análises exclusivas de projeção de mercado que tomam por base entrevistas feitas com mais de 18 mil agricultores de toda a fronteira agrícola nacional. Esse contingente, segundo informa a Spark, compõe a base do estudo anual BIP (Business Inteligence Panel), produzido há mais de cinco safras para fabricantes e distribuidores de defensivos agrícolas e sementes.

O mercado de defensivos agrícolas em dólar de produto aplicado crescerá 5,8%, ou seja, uma movimentação próxima a US$ 13,7 bilhões, contra US$ 12,9 bilhões medidos em 2018. Apesar desse crescimento, é possível verificar que o custo médio por produto aplicado diminuirá 2%, de US$ 9,09 para US$ 8,90 na comparação de 2019 com 2018.

Em relação à área tratada, projetou-se um aumento de 8%, somando 1,6 bilhão de hectares, o que se deve ao crescimento de 2% de áreas cultivadas e uso de tecnologias para controle das principais pragas no campo. Embora tenha esse aumento, o volume médio de produtos formulados por aplicação diminuirá de 0,64kg/ha para 0,63kg/ha.

Esses dados compõem o índice de PAT (produto comercial por área tratada), resultado da multiplicação da área total cultivada (AC) em hectares pelo número de aplicações (NA) de defensivos e, ainda, pela quantidade de produtos (QP) utilizados (PAT = AC x NA x QP).

“A maior área plantada e a busca incansável pela produção de alimentos sem aumento no uso de terras, associadas às naturais exigências do clima tropical, crescente severidade das pragas e fator cambial, são os principais motores do mercado de defensivos agrícolas no Brasil”, destaca Julio Borges Garcia, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

O dirigente ressalta que o agronegócio tem dado várias boas notícias ao país. “O Brasil está produzindo cada vez mais. Além disso, as exportações de produtos agrícolas superaram US$ 70 bilhões no ano passado. O uso de defensivos agrícolas é um item importante da cadeia que combate as pragas para colocar alimentos saudáveis e abundantes na mesa de milhões de brasileiros e em mais de 150 países”.

Por classes de produtos, os fungicidas tendem a atingir 31% da movimentação. Já os inseticidas deverão representar 29% das vendas, seguidos pelos herbicidas, com 27%, e pelos insumos para tratamento de sementes, entre outros produtos, com 12% do total. Todas as classes de produto vêm sofrendo com resistência, um grande desafio para o setor, que tem inclusive necessitado a combinação de produtos com modos de ação diferentes para controlar as pragas.

Os desafios são vários, com destaque para ferrugem asiática e percevejos (soja), lagartas (milho), braquiária e cigarrinhas (cana), bicudo (algodão) e bicho mineiro e ferrugem do cafeeiro (café).

O ataque de pragas no Brasil é mais severo por conta das condições climáticas de um país tropical, com temperaturas mais altas e ambiente mais úmido, sem o inverno característico da Europa, Canadá e boa parte dos Estados Unidos. Afinal, as temperaturas mais baixas, incluindo a neve, evitam a reprodução das pragas, que tornam os alimentos impróprios para o consumo.

Em relação às culturas, a soja aparece no levantamento com 49% de participação (US$ 6,7 bilhões), um crescimento, em dólar, de pouco mais de 1% na comparação ao ciclo anterior (US$ 6,41 bilhões). O milho, com 12% de participação, a cana-de-açúcar (11%) e o algodão (8%), somados, devem chegar a US$ 4,3 bilhões, sem registro de alterações relevantes frente a 2018.

“Essas culturas são muito importantes, como alimentos diretos (café), matérias-primas para produtos industrializados, na produção de energia limpa (álcool), e no vestuário (algodão), e também na alimentação de animais (soja e milho)”, assinala o presidente da entidade.

Produção o ano todo – O Brasil é o único país do mundo onde são possíveis até três safras por ano. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), cerca de 18 milhões de hectares (15% da área total plantada) são utilizados para cultivo mais de uma vez no ano.

“A agricultura brasileira é movida pela busca incansável de melhores resultados produtivos. Mesmo sendo um dos maiores produtores agrícolas mundiais, o Brasil aplica menos defensivos agrícolas por hectare que países de clima temperado e que tem apenas uma safra por ano”, explica o presidente do Sindiveg.

Maior produtor agrícola do País, Mato Grosso (24%) foi o estado que mais aplicou defensivos agrícolas em 2019, seguido por Rio Grande do Sul/Santa Catarina (12%), Paraná (12%), São Paulo (11%), região do Matopiba (10%), Goiás/DF (9%), MG (8%) e Mato Grosso do Sul (8%).

Registros e mercados – Em 2019, foram registrados 473 defensivos agrícolas no Brasil (contra 449 no ano anterior). Destes, 92% são produtos pós-patentes, ou seja, novas opções de produtos que já estavam aprovados para uso. Também foram utilizadas 24 novas moléculas e foram registrados 40 produtos biológicos.

“A agricultura brasileira é moderna e sustentável, exigindo cada vez mais a combinação de produtos químicos com biológicos. Com novas tecnologias registradas, novas soluções são colocadas à disposição dos produtores para combater as diversas pragas nas várias culturas, e o maior beneficiado é o agricultor e a população brasileira”, analisa o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal.