ENTREVISTA EXCLUSIVA – Perdas por deriva podem ser minimizadas, garante engenheiro agrônomo

Para o produtor rural, é usual aplicar agroquímicos na lavoura com ventos acima de 15 km/h, que carregam carregar as gotas pulverizadas por uma distância de 30 ou 40 metros e até quilômetros, dependendo do método utilizado. O impacto econômico à propriedade é grande, principalmente quando associado às perdas por evaporação causadas pelos dias quentes e de baixa umidade do ar.

Visto que menos produto atinge o alvo, é facilmente detectável não só a existência de desperdício de agroquímicos como herbicidas e fungicidas, como também o risco de levá-los para locais indesejados ou, ainda, de reduzir a eficácia do controle de pragas ou doenças.

A fim de apontar soluções que podem contribuir para a redução das perdas por deriva, GestAgro 360° entrevistou, com exclusividade, o engenheiro agrônomo Jeferson E. Philippsen, gerente de Produtos da Oro Agri, empresa do Grupo Omnia, sediada na África do Sul e presente no Brasil desde 2008, inclusive com uma planta industrial no município de Arapongas (PR), sendo sua atuação focada em tecnologia de aplicação, nutrição vegetal e proteção de plantas.

Philippsen também falou sobre o custo de inclusão de soluções antideriva nas atividades de pulverização, ressaltando que equivalente a menos de  1% dos custos de produção.

Confira!

GestAgro 360° – O que é um antideriva? Para que serve? Quais benefícios oferece?

Jeferson Philippsen – Se trada de uma classe específica de adjuvante agrícola. Como diz o nome, é um produto que, uma vez misturado com a calda de pulverização dos produtos agroquímicos, tem a capacidade de diminuir a perda causada por deriva, que por sua vez é ocasionada por ventos acima de 15km/hora, condição inapropriada para ações de pulverização. Em termos de benefícios, ao utilizar um produto antideriva, teremos uma melhor deposição dos ingredientes ativos no alvo desejado e a consequência disso será o melhor aproveitamento e eficácia dos produtos. Além da redução de perdas, eles evitam a contaminação em áreas vizinhas e otimizam a eficácia dos agroquímicos.

GestAgro 360° – Pode ser usado na agricultura (quais lavouras) e em pastagens?

Jeferson Philippsen – Produtos com a capacidade de reduzir deriva são amplamente utilizados na agricultura e podem sim ser utilizados em outras culturas, como nas pastagens. Eu diria que não é a cultura o fator determinante para a decisão de usar ou não o antideriva, mas sim a condição climática no momento da pulverização.

GestAgro 360° – Existem muitos produtos antideriva disponíveis no mercado brasileiro?

Jeferson Philippsen – Sim, são vários os produtos disponíveis, mas eu diria que o produtor precisa estar atento às faltas promessas. Muitos deles são vendidos como produtos multifuncionais. Se analisarmos tecnicamente um produto antideriva, comumente um bom antideriva não é classificado como um produto multifuncional. O produtor tem de ficar atento a isso. O ideal é que o produtor consulte um engenheiro agrônomo de confiança, para que ele acompanhe estudos e pesquisas disponibilizadas no mercado e avalie a capacidade de cada produto na propriedade rural.

GestAgro 360° – Há marcas nacionais ou são todos importados?

Jeferson Philippsen – Existem muitas multinacionais atuando no mercado brasileiro. Isso faz com que muitos desses produtos também sejam importados de outros países. Em contrapartida, também é comum ter empresas, multinacionais ou não, desenvolvendo e comercializando produtos dentro do Brasil. Então, eu poderia dizer que, ser importado ou não, não é um fator determinante à qualidade do produto.

GestAgro 360° – Há estudos ou indicadores sobre custo e como impacta na lavoura?
Jeferson Philippsen – Um produto que é antideriva pode custar algo entre R$ 3,00 e R$ 9,00 por hectare. Se colocarmos esse investimento na ponta do lápis, estamos falando de algo equivalente a menos de  1% dos custos de produção. É um custo relativamente baixo e que se dilui facilmente  nas vantagens que ele proporciona, principalmente em se tratando das grandes fazendas que, na verdade, são obrigadas a manter os pulverizadores trabalhando dia e noite, praticamente todos os dias, embora sabendo que as condições climáticas possam não ser as ideais.