DESTAQUE – Trigo: Brasil zera alíquota de importação e safra paulista cresce

Com produção anual ao redor de 5 milhões de toneladas de trigo e consumo total próximo a 12 milhões de toneladas, o Brasil é tradicional importador do cereal, tendo como principal fornecedor a Argentina. Como resultado do Mercosul, a tarifa de importação é zero. Essas alíquota foi estendida no dia 5 de novembro a todos os países, segundo informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A medida aprovada em reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex) realizada no dia 5 de novembro, em Brasília (DF), foi encaminhada pelo Mapa e honra – de acordo com o comunicado – o compromisso assumido na Organização Mundial do Comércio (OMC) de estabelecimento de quota de importação de 750 mil toneladas de trigo por ano com alíquota zero, por prazo indeterminado.

As importações de todos os países serão beneficiadas, exceto as provenientes de países com os quais o Brasil possua acordo comercial que estabeleça o livre comércio para o produto. A quota representa 6% do consumo brasileiro em 2018.

Além da Argentina, Estados Unidos é tradicional fornecedor de trigo para o Brasil, e a Rússia vem investindo na entrada no mercado brasileiro. De acordo com Pedro Sampaio, da trading de commodities Gavilon – durante reunião da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo  – a medida deve “impactar nas negociações com a Argentina”. Recomenda, também, atenção permanente “a questões como o estoque de trigo, que pode impactar no preço do cereal para baixo, e também a novas políticas do governo argentino, que podem fazer com que a produção da próxima safra do país reduza de tamanho”.

Safra paulista cresce – Em paralelo a essas deliberações, o Estado de São Paulo comemora crescimento em sua safra. Informação divulgada durante a última reunião do ano da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo, em 7 de novembro,  sinaliza que, apesar da instabilidade climática, o setor do trigo de São Paulo espera uma colheita de 260 mil toneladas do grão, 18% a mais do que o apresentado na última reunião em agosto.

“Pudemos notar a preocupação das cooperativas com as condições climáticas e os seus efeitos na produção, mas felizmente as geadas e as secas não afetaram a cultura”, pontua Nelson Montagna, presidente da Câmara. O estado de São Paulo ainda enxerga potencial para crescer no setor. “Seguiremos perseguindo o aumento do plantio no Estado. Atualmente temos uma área plantada de trigo de 70 mil hectares, que podem se tornar 100 mil hectares”, diz. Ele ainda ressalta que o trabalho pode ser feito de forma mais ativa e assertiva para atingir uma safra de 400 mil toneladas em três anos.

Outro ponto abordado durante a reunião foi o pleito do setor produtivo para a revisão da lei de zoneamento agrícola, que será reforçado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado perante o MAPA. Montagna explica que “as janelas do plantio estão inadequadas para a nova realidade e que são necessárias mudanças”, afirma Montagna.

Os participantes, além de acompanharem o reporte de expectativa de safra das cooperativas do estado, levantaram o debate sobre necessidade de reativação de pesquisas realizadas pelos institutos públicos, aspecto que pode contribuir para o aumento da produção do trigo paulista. Representantes da Secretaria de Agricultura do Estado, do IAC – Instituto Agronômico de Campinas e ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos solicitaram aos integrantes da Câmara Setorial uma análise SWOT do setor, mapeando as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, que servirá como base para um plano de ação do Governo do Estado. “A Câmara também ajuda a fomentar o diálogo e entender melhor a demandas do setor com seus desafios e anseios”, ressalta Montagna.

Foto de capa: Reunião da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo – Divulgação

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