ESPECIAL – Do pasto ao prato: pesquisa do Instituto Escolhas fala de impactos econômicos e ambientais da pecuária brasileira

Problemas apresentados e metodologia utilizada pelos pesquisadores foram questionados por especialistas.

Idealizado pelo Instituto Escolhas, o estudo Do Pasto ao Prato: Subsídios e Pegada Ambiental da Carne Bovina – elaborado pelos pesquisadores Petterson Molina Vale (economista) e Roberto Strumpf (biólogo) – analisou os impactos econômicos e ambientais da cadeia da carne bovina em todo o Brasil.

Os resultados foram apresentados em 30 de janeiro de 2020, em seminário realizado em parceria com o jornal Folha de S.Paulo, que, além dos pesquisadores, contou com a participação da senadora Katia Abreu (ex-titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e do economista Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCF), sob mediação de Sérgio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas.

Nas análises sobre impactos econômicos, a pesquisa, garante Vale, informa que mais de R$ 123 bilhões de dinheiro público foram injetados no setor em forma de subsídios governamentais estaduais e federais no período de 2008 a 2017.

No que diz respeito à sustentabilidade ambiental, o relatório afirma que a pegada de carbono é 143 kgCO2e na Amazônia Legal e de 183 kgCO2e nos Estados de Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia, nos quais está a região do Matopiba. Segundo Strumpf, esses números demonstram o impacto do desmatamento, enquanto a média nacional é de 78 quilos de CO2e. O pesquisador também informou que a pegada hídrica é de 64 litros de água em cada quilo de carne bovina.

Todos esses resultados tiveram as metodologias utilizadas pelos pesquisadores (uma para cada eixo) contestadas por Appy, Tanto ele quanto Katia Abreu também citaram incongruências com relação a dados relacionados ao total de áreas degradadas – números apresentados são praticamente o dobro dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto Nacional de Pesquisas Aeroespaciais (INPE), cabendo à senadora a crítica aos limites geográficos do Matopiba constantes do estudo.

“As desonerações do setor agropecuário foram decisão política lá atrás. Todos os países fazem isso. No caso do Brasil, como mostrou o estudo, estamos até aquém daquilo que a OMC determina. Será que todos os outros países, que subsidiam o setor até mais que o Brasil, estão todos errados?”, frisou a senadora, lembrando que esses subsídios têm origem em política pública burilada desde os anos 1970.
 
Já Appy questionou as escolhas metodológicas para a parte do estudo relacionada ao impacto dos subsídios, discordando da forma como foram calculados os subsídios e seus impactos.

Os problemas sinalizados não mereceram sugestão de solução por parte dos pesquisadores e, para Leitão, há a possibilidade de virem a ser tema de um novo estudo, que busque analisar “como os subsídios podem propiciar e beneficiar as boas práticas na pecuária e estimular a pegada ambiental”.

Os estudos realizados sob a chancela do Instituto Escolhas têm seus pesquisados selecionados por edital aberto. Desse modo, os trabalhos são conduzidos de forma independente pelos contratados.

 Os relatórios completos e as apresentações feitas durante o seminário estão disponíveis em:

Relatório – Subsídios
Relatório – Pegada Ambiental
Apresentação – Subsídios
Apresentação – Pegada Ambiental

Foto de capa: Leonardo Rodrigues/Instituto Escolhas

Na foto, a partir da esquerda, estão Petterson Molina Vale, Kátia Abreu, Sergio Leitão, Bernard Appy e Roberto Strumpf.

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