O crédito rural tem sido uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento da agricultura brasileira há décadas, desenvolvendo-se de maneira vigorosa para atender à demanda do setor agropecuário brasileiro. Entre 1995 e 2018, o volume de recursos oferecidos oficialmente cresceu uma média de 8% ao ano, saltando de R$30,5 bilhões em 1995, em valores atualizados, para mais de R$182 bilhões em 2018. Sendo a agropecuária uma atividade intensiva em demanda de capital – e com ciclos de produção que muitas vezes são longos – a capitalização do produtor é essencial para aumentar seu poder de compra, promovendo a modernização das técnicas de produção e, por fim, um aumento de produtividade do setor como um todo. Portanto, não é exagero afirmar que o crédito é um dos insumos mais importantes para o agronegócio brasileiro.
Mesmo com todo esse volume de crédito oferecido, o setor demandava ainda mais. Reflexo da condição natural muito propícia à alta produtividade, desde que com os investimentos corretos em fertilidade, genética e maquinário, o agronegócio brasileiro absorvia todo este crédito disponível oficialmente e ainda tinha apetite para mais. Foi com esta demanda reprimida por crédito e uma visão clara de que seu suprimento era um bom investimento, que houve no Brasil a formação de um movimento único, onde outras fontes de crédito se desenvolveram e hoje são essenciais para o produtor rural. Empresas de defensivos, fertilizantes, sementes, tradings, além de cooperativas e revendas, hoje têm papel essencial no suprimento de crédito para o agronegócio brasileiro.
Jaqueline Freitas, Head de Vendas na Traive Finance, startup de crédito com sede nos EUA e no Brasil, conduziu uma análise pioneira sobre a dinâmica e a origem do crédito que irriga todo o agronegócio brasileiro, e chegou a resultados muito interessantes. “A falta de conhecimento do nível de endividamento e risco, a assimetria de informações e os altos riscos de garantias fizeram os bancos optar por não financiar uma fatia importante de produtores. Essa fatia foi então preenchida por financiadores alternativos que hoje representam juntos cerca de 50% do mercado do custeio brasileiro.”, observou a executiva.
Ao analisar os dez principais cultivos no Brasil como soja, milho, trigo, sorgo, algodão, café, cana-de-açúcar, arroz, feijão e laranja, o trabalho concluiu que há uma demanda de capital da ordem de R$ 169 bilhões para a safra 2018/19. Esse capital para financiar a produção vem de diferentes fontes, sendo que os bancos representaram pouco mais de R$ 70 bilhões (45,2% do total), as revendas e cooperativas contribuíram com R$ 29 bilhões (17,2%), a indústria de defensivos aportou R$ 23 bilhões (13,7%) e as tradings entraram com R$ 16,9 bilhões (10%). O restante do capital demandado para as 10 principais culturas da safra 2018/19 veio do bolso do próprio produtor, contabilizando mais de R$ 23,5 bilhões, ou cerca de 13,9% do total do custeio da safra.
“Para que todos estes players do mercado possam continuar a oferecer cada vez mais crédito a custos competitivos e baixos riscos, as ferramentas que permitem quantificar estas variáveis se tornam mais e mais importantes. O uso do sensoriamento remoto é uma destas ferramentas.”, avalia Jaqueline. Hoje bancos e tradings adotam este tipo de tecnologia em larga escala, com economias significativas no processo de avaliação de risco e monitoramento da safra. Com a regulamentação do uso destas técnicas pelo Banco Central, em 2015, a tendência é que o mercado geral de crédito adote cada vez mais soluções especializadas para monitoramento de safra e concessão de crédito a valores mais competitivos e com menores riscos.
A Geosys, empresa de monitoramento de áreas agrícolas com uso de dados de satélites, é uma aliada nesse quesito. A empresa oferece soluções de sensoriamento remoto para o mercado de crédito agrícola, seguros, agricultura de precisão e commodities, fornecendo desde serviços customizados até soluções prontas e APIs há 30 anos.
“São mais de 200 mil mapas entregues diariamente através do trabalho de sensoriamento remoto, no mundo todo, e 20 milhões de hectares de áreas agrícolas monitorados anualmente.”, explica Pedro Ronzani, gerente de negócios da Geosys Brasil. Ferramentas de análise massiva de dados geoespaciais permitem que os credores analisem bem o perfil de cada propriedade e tomem decisões melhores, gerando uma importante economia por meio da redução sistemática de risco ou uma equalização melhor da relação risco-retorno de cada operação financeira. Além disso, o monitoramento dos ativos em garantia (desde a terra até a safra que está crescendo na fazenda) pode ser muito otimizado com o uso de técnicas de sensoriamento remoto.”, analisa Pedro Ronzani.
Ao aliar esforços com empresas especializadas como a Geosys, os players do mercado de crédito agrícola conseguem focar maiores esforços em suas atividades principais e assim ter um gerenciamento de seus credores de maneira ainda mais robusta.
Estas são soluções que se tornaram possíveis e populares nos últimos anos com o aumento da capacidade de processamento dos computadores, aquisição e tratamento de imagens de satélite e radar, além do preparo do setor agrícola para uma rápida absorção dessas tecnologias. Tudo isso culmina na geração de dados extremamente precisos, proporcionando análises de alta qualidade e insights que trazem valor para toda a cadeia de crédito agrícola.