O mercado de carbono está em alta no agronegócio brasileiro e mundial, pois além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, pode ser um ativo verde comercializado pelo produtor rural que consegue sequestrar o elemento e gerar créditos com essa iniciativa. Para outros gases de efeito estufa, como os nitrogenados, usa-se uma medida de carbono equivalente, para estimar os créditos. Porém, para desfrutar dessa realidade, é preciso mensurar o sequestro e ainda entender os processos no solo que afetam o balanço de carbono e nitrogênio.
Para tanto, a startup Biome4all disponibiliza ferramentas de análise genética dos micro-organismos presentes no solo, que indicam quais manejos afetam a microbiota, especificamente a sua atuação nos processos relacionados ao carbono e ao nitrogênio, podendo indicar decisões focadas em melhorar a capacidade de fixar estes elementos no solo.
Utilizando a ferramenta B4Carbon, produtores e consultores conhecem os atributos funcionais da microbiota do solo, que se relacionam com o balanço de carbono e nitrogênio. “Tais atributos incluem processos que afetam as formas químicas do carbono e do nitrogênio nos solos. Além disso, nesta ferramenta também são identificados os micro-organismos que fixam nitrogênio em um solo”, explica André Lima, geneticista, professor da Universidade do Vale do Itajaí e cofundador da Biome4all.
A solução é implementada em duas etapas. Na primeira, chamada de FullBio e que já está em comercialização, as funções microbianas associadas à ciclagem de carbono e nitrogênio são mapeadas, com foco na capacidade de fixação desses elementos. “Gêneros e espécies de bactérias fixadoras de nitrogênio também são mapeados na amostra. Na segunda etapa, será implementada uma ferramenta preditiva do potencial da microbiota em incrementar a fixação do carbono e do nitrogênio em um solo, com base nestas funções que foram mapeadas”, orienta Lima.
Com isso, o agricultor poderá avaliar como uma determinada estratégia de fertilização pode afetar os processos microbianos que atuam no sequestro de carbono do solo. “Também é possível aferir como uma estratégia de manejo, baseada em produtos biológicos, pode melhorar o potencial de sequestro de carbono do seu solo.” Lima destaca que até então, a genética microbiana não havia sido incorporada às mensurações de sequestro de carbono, apesar de os micro-organismos serem um dos principais agentes desse processo. “Essa ferramenta representa um avanço nas tecnologias aplicadas a esse importante serviço ambiental e para o mercado de carbono, promovendo uma maior sustentabilidade das atividades agrícolas, em sintonia com as tendências globais do consumidor.”