A agropecuária brasileira frente à conjuntura mundial vem conseguindo resultados expressivos, que vão evolução no comércio internacional e envolvem criação de marca específica para carne de pato, crescimento do mercado Halal, aumento de 77,8% nas vendas de amendoim para o mercado externo e projeção de crescimento de 2,9% para a safra de uva de mesa de 2021, destinada basicamente à exportação.
De acordo com dados divulgados em 1º de setembro pela Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint) do Ministério da Economia – a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7,7 bilhões em agosto, recorde para meses de agosto em toda a série histórica, iniciada em 1989. O valor superou, portanto, a marca de US$ 5,8 bilhões registrada em agosto do ano passado, que tinha sido o último recorde para o período. O resultado foi impulsionado pelas exportações de US$ 27,2 bilhões no mês (ante US$ 17,4 bilhões em agosto do ano passado), o que também foi recorde para o período – o melhor resultado anterior, de US$ 26,1 bilhões, havia sido registrado em agosto de 2011.
As importações de agosto somaram US$ 19,5 bilhões (ante US$ 11,6 bilhões em igual mês de 2020). Com isso, a corrente de comércio do mês passado atingiu a marca de US$ 46,8 bilhões (ante US$ 29 bilhões, em agosto do ano passado).
Entre os responsáveis por esses resultados está a Agropecuária, com US$ 4,7 bilhões no mês passado (ante US$ 3,8 bilhões, em agosto de 2020), mesmo tendo registrado retração nas quantidades exportadas (queda de 6% em relação a agosto de 2020), pois o resultado final, em dólares, teve expansão devido à alta dos preços das commodities. As maiores retrações nos volumes exportados envolveram o milho e o café. A soja manteve a posição de principal produto agrícola exportado (US$ 3,2 bilhões, do total de US$ 4,7 bilhões das exportações da agropecuária em agosto).
Suínos e patos: ABPA segue promovendo o os setores
As exportações brasileiras de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) mantiveram alta de 11,53% em volumes nos oito primeiros meses de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado, demonstra levantamento é da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) que aponta um total de 756,5 mil toneladas entre janeiro e agosto deste ano, contra 678,3 mil toneladas em 2020.
Em receita, as vendas de carne suína alcançaram US$ 1,805 bilhão, número que supera em 21,3% o resultado alcançado no mesmo período de 2020, com US$ 1,488 bilhão.
Considerando apenas o mês de agosto, foram exportadas 91 mil toneladas de carne suína, número 7,5% inferior ao efetivado no mesmo período do ano passado, quando foram embarcadas 98,5 mil toneladas. Em receita, o setor registrou estabilidade, com US$ 209,1 milhões em agosto deste ano, contra US$ 209,2 milhões no ano anterior.
“Os números do ano seguem fortemente positivos, especialmente em receita cambial. Em termos de volume, o desempenho de agosto superou a média registrada ao longo de 2020, de 85 mil toneladas, reforçando a expectativa de desempenho recorde para este ano”, avalia Ricardo Santin, presidente da ABPA
Santin informa, ainda, que a Entidade, em parceria com a Apex-Brasil lançaram a marca Brazilian Duck, como marca internacional do setor exportador de carne de pato produzida no Brasil, visando ao incremento das exportações do segmento, que tem ascendido sua presença na pauta dos embarques de proteína animal nos últimos anos.
Com este objetivo, a expertise acumulada com as consolidadas marcas internacionais sob gestão da ABPA – a Brazilian Chicken, Brazilian Pork, Brazilian Egg e Brazilian Breeders – servirá de base para os fundamentos estratégicos da nova marca, além de apoiarem – com sinergias de ações – o fortalecimento deste nicho de alto valor agregado das exportações de aves do Brasil.
“Há uma grande oportunidade de ampliação da pauta exportadora com o setor de patos, um nicho avícola de alto valor agregado. Usando a força já estabelecida pela estratégia setorial construída pela ABPA e pela Apex-Brasil, vamos reforçar a boa percepção sobre o produto brasileiro, que agora ganha uma marca setorial alinhada aos valores já entregues pelo segmento no mercado interno e internacional”, avalia o presidente da ABPA, informando que, em 2020, o Brasil exportou 4 mil toneladas de carne de pato, superando em 26,55% as vendas registradas pelo setor no ano anterior.
Frango Halal e amendoim: mercados em expansão
Representando 40% das exportações brasileiras de carne de frango, com destino fundamental para Arábia Saudita e Emirados Árabes e com demandas também crescentes por parte de China e União Europeia, de acordo com a trading Garra International, a produção de carne de frango no Brasil em 2021 deverá alcançar 14,5 milhões de toneladas, das quais 4,35 milhões serão exportadas, aponta a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Os números, se confirmados, representam recordes históricos e, em boa medida, podem ser atribuídos ao crescimento da demanda por carne halal, que já responde por 40% da carne embarcada.
Halal, que em árabe significa aquilo que é lícito, permitido, autorizado, é um conjunto de normas religiosas que orientam muçulmanos sobre como se comportar, o que falar ou vestir. No caso da alimentação e, mais especificamente, da carne de frango, estabelece que ela apenas pode ser consumida caso o animal seja abatido de determinada forma, minimizando seu sofrimento. Só assim o alimento recebe a certificação devida e pode ser exportado a países como Arábia Saudita ou Emirados Árabes.
Já o setor brasileiro de amendoim registrou receita de US$ 138 milhões entre janeiro e junho de 2021 em exportações de amendoim in natura, o que correspondeu a 107 mil toneladas do produto, segundo dados da Comex Stat. Para as exportações de Amendoim processado, a receita ficou em US$ 6 milhões, correspondendo a um volume de 3,2 mil toneladas em exportações, um aumento de 77,8%, quando comparado com o mesmo período de 2020.
Segundo dados do TradeMap, em 2019, a importação global de amendoim em grão foi de US$ 3,3 bilhões, sendo que 7% desse total apresentou origem no Brasil. Isso mostra um forte engajamento e atuação da cadeia produtiva do setor, com avanços consideráveis na produção e comercialização que resultam em produtos de maior qualidade e segurança alimentar.
Essa evolução do setor mostra o investimento dos agentes da cadeia produtiva e o quanto ela é importante para resultados positivos de exportação e consumo interno. A garantia de qualidade do produto e segurança alimentar também merecem destaque, como o Programa Pró-Amendoim da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab)
Uva promete boas expectativas para o produtor
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), projeta para a safra de uva de 2021 aumento de 4,9% – materializado em crescimento de 78,4 mil toneladas além do esperado, totalizando safra de 1,7 milhão de toneladas.
Essa uva – com destino ao consumo de mesa é cultivada principalmente em Pernambuco e Bahia – tem expectativas de crescimento para este ano são de 15,3% e 8,9%, respectivamente, como confirmado pela Associação dos Produtores e Exportadores de Hortifrutis do Vale do São Francisco (Valexport), ao informar que a região é responsável por mais de 85% de toda a produção nacional de fruticultura em 2019, que é destinada principalmente para os Estados Unidos e países da Europa. A evolução desse cultivo e o reconhecimento de sua qualidade são reflexos do investimento dos produtores, inclusive em nutrição vegetal, prática que vem ganhando cada vez mais destaque por contribuir em todas as fases, desde brotação, alongamento do cacho, floração, pegamento até o alongamento, enchimento e a coloração do fruto, bem como na maturação do ramo.
“Atualmente, a cultura da uva é a mais tecnológica no Brasil, com maior demanda de investimentos e também maior lucratividade por hectare. Para esse cultivo, o produtor investe, em média, acima de R$ 1.500 por hectare somente em nutrição foliar. Por ser uma produção que exige muito conhecimento técnico, é necessário apurar de forma criteriosa as melhores soluções, que possam de fato garantir ao produtor maior rendimento. Nesse sentido, a Ubyfol vem se consolidando como parceira comprometida com pesquisas e novas tecnologias para apoiar o dia a dia do agricultor”, destaca Danilo Ferreira, gerente regional da Ubyfol.