Diego Guterres
Na região Sul do Brasil, os produtores rurais já deram início ao plantio das culturas de inverno, como trigo, cevada, aveia branca, canola e triticale. Esses cultivos reforçam a renda do agricultor e promovem melhorias significativas no sistema produtivo, pois permitem que o solo fique coberto e protegido durante este período de intensas chuvas. Consequentemente, a cultura de inverno bem-feita beneficia a cultura subsequente de verão e contribui para a construção ou manutenção de um solo fértil.
Mas, para que desempenhem esse papel fundamental na agricultura, as culturas de inverno precisam ser planejadas e preparadas com atenção. E a escolha de uma boa nutrição é um passo importante. Algumas soluções disponíveis no mercado são capazes de entregar maior produtividade de grãos e, ao mesmo tempo, também levam a uma maior produção de raiz e de palha. Quando o agricultor opta por fertilizantes à base de nitrato, por exemplo, que não perdem nitrogênio por volatilização de amônia como a ureia, além de reduzir diretamente a emissão de gases, está alcançando melhores resultados no negócio e armazenando mais carbono no solo para seu sistema produtivo.
E é aí que essas soluções nutricionais acentuam as vantagens do plantio direto. Elas aumentam produção de palha para cobertura do solo, que contribuem para maior infiltração e menor perda de água do solo no verão. Além disso, mais palha e mais raízes (e maior atividade do sistema radicular) promovem melhorias químicas (ciclagem de nutrientes), físicas (maior agregação do solo e maior resistência à compactação promovida pelas máquinas) e biológicas (favorecimento da atividade da micro e macrobiota do solo). O cultivo de inverno, em sua essência, também diversifica e enriquece a rotação de culturas. Essas práticas somadas ao mínimo revolvimento do solo, aprimoram todas as propriedades do solo, melhorando sua qualidade, sustentabilidade, otimizando o uso de insumos e potencializando os resultados da lavoura.
Em linha a essa tendência, o movimento de “Otimização das Culturas de Inverno”, liderado pelo presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, tem incentivado a atuação de produtores e organizações para ampliação do plantio dos grãos de inverno – trigo, cevada e triticale – nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com base em dados da Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), a área a ser plantada com trigo e outras culturas de inverno em 2021 pode crescer de 900 mil hectares para 1,4 milhão de hectares no RS, alavancando o potencial produtivo da região, que faz apenas uma safra de grãos por ano em média, enquanto outros estados fazem até três.
Trata-se de um impacto direto e real ao negócio do produtor – por produzir mais uma safra durante o ano, e também por melhorar ainda mais os resultados de sua safra de verão, reduzindo custos e estabelecendo um sistema mais produtivo, seguro e sustentável -, além de trazer benefícios indiretos para a economia da região, e para a sustentabilidade de toda a cadeia da agroindústria.
*Diego Guterres é coordenador agronômico da Yara Brasil.
Foto: Euclydes Minella – Embrapa Trigo