8ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural traça cenário do agro durante pandemia

A Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), em live pelo Youtube, no Dia do Trabalhador Rural – 25 de maio – apresentou as conclusões da 8ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural, que, nesta edição, entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, entrevistou 3.048 produtores rurais (homens e mulheres com poder de decisão, de propriedades de pequeno, médio e grande portes) de 16 Estados de todas as regiões do País, abrangendo 14 culturas agrícolas (grãos, perenes e hortifrúti) e 4 animais (pecuária de corte e de leite, avicultura e suinocultura).

Os resultados mostram entre outras informações que 64% dos produtores rurais sentiram baixo impacto da pandemia nos seus negócios. Por conta disso, 86% deles não fizeram qualquer mudança na administração de suas propriedades e 78% mantêm os planos de investimentos durante a crise sanitária. A pandemia tem impacto médio no campo para 11% dos produtores rurais e alto para 25% deles.

Pela abrangência – 2.310 agricultores e 738 criadores, de pequeno, médio e grande portes, foram ouvidos pela equipe da IHS Markit, sendo que cada um dos entrevistados 273 perguntas, totalizando 4.500 horas de entrevistas – este é o mais amplo levantamento do perfil dos produtores, incluindo seus hábitos de mídia, compra e conectividade, entre outros. A pesquisa ocorreu presencialmente, seguindo todos os protocolos de saúde e segurança. O cérebro da 8ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural é um software exclusivo, que possibilita dezenas de milhares de combinações de dados. Com essa ferramenta, disponível apenas para as empresas cotistas, é possível filtrar por atividade, localidade, meio de comunicação, perfil regional e vários outros indicadores.

“A 8ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural mostra, com exatidão, o que está na mente dos agricultores e criadores neste exato momento em que o Brasil e o mundo ainda são impactados pela pandemia do novo coronavírus. O levantamento é essencial para todos os agentes da cadeia da produção, incluindo empresas das mais diferentes áreas de atuação, entidades de classe, órgãos governamentais, formadores de opinião e meios, para entender os hábitos dos produtores e a relevância ou mesmo a baixa relevância dos novos agentes de comunicação, como as mídias sociais, a tecnologia de forma geral e os  influenciadores digitais do agro”, destaca Ricardo Nicodemos, vice-presidente da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio e coordenador da pesquisa, que foi encomendada pela entidade à IHS Markit.

Conectividade e Comunicação – A pesquisa também constata o avanço das ferramentas de comunicação no campo: 94% dos produtores têm smartphone, contra 61% na pesquisa anterior, realizada em 2017. Outro ponto importante é a maior oferta de internet no meio rural, disponível para 91% dos produtores de animais e 88% para os agricultores. 57% dos entrevistados usam a rede 15 ou mais vezes por dia. Previsão do tempo e informação são os principais conteúdos buscados por agricultores e criadores.

“Nunca o conteúdo foi tão importante nas mídias digitais”, aponta a pesquisa. “74% dos produtores usam a internet para se atualizar. O levantamento comprova a relevância do Whatsapp como meio de comunicação digital. Nada menos do que 76% dos produtores usam a plataforma para realizar negócios, o que é uma novidade. O Facebook continua sendo importante como rede social, porém não para fazer negócios, e o YouTube quase triplicou de importância em relação à pesquisa de 2017”, detalha Jorge Espanha, presidente da ABMRA.

Entre os meios de comunicação tradicionais, os produtores preferem a tv aberta, seguida por rádio, tv especializada, jornal e revista. “Destaco a resiliência do meio rádio, que permanece muito importante no meio rural e também a confiança dos agricultores e criadores nas revistas e jornais. Um em cada quatro produtores participantes da pesquisa (26%) disse que “a revista é muito importante para me manter informado sobre o setor rural” e 30% destacaram que “jornais e revistas do agronegócio ajudam os profissionais do campo a inovar e aumentar os seus ganhos”. “O que vemos é a convergência de vários meios de comunicação com a necessidade de agilidade na tomada de decisão e interação, fator já previsto na 7ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural, de 2017”, ressalta Jorge Espanha.

Força da mulher – A mulher ganha cada vez mais espaço no campo, particularmente em postos de gestão e em determinadas atividades produtivas, representando 26% dos cargos de decisão e comando. Para 94% dos produtores rurais consultados, a mulher é vital ou muito importante no negócio rural.

O Brasil é muito grande e tem características regionais próprias, inclusive em termos de perfil da produção, o que se reflete no resultado da pesquisa. Um exemplo é a mulher no campo, especificamente quanto à sua maior ou menor presença em postos de gestão ou liderança. No leite, por exemplo, ela participa com 88%; em contrapartida, na soja, com apenas 2%.

Eventos presenciais – A pandemia mudou a realidade dos eventos. Dias de campo, feiras, exposições, congressos e outros se tornaram virtuais. “O produtor rural continua preferindo os eventos técnicos e comerciais, porém aguardam com expectativa as edições presenciais. A 8ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural identificou que 39% dos agricultores e criadores foram a eventos presenciais antes da pandemia e que 58% deles pretendem ir no futuro. Essa resposta foi praticamente unânime: os produtores rurais desejam a volta dos eventos presenciais”, aponta Ricardo Nicodemos.