DESTAQUE – Dicas para avaliar touros Nelores por fotos ou vídeos

“Um touro precisa ser equilibrado, comprido, arqueado e profundo, com musculatura bem distribuída, possuir bons aprumos e cascos, bainha e umbigo bem posicionados, escroto de bom tamanho, forma e posicionamento, peito aberto, entre outras características essenciais”, analisa o zootecnista Roberto Vilhena Vieira, mentor do programa Touro Nelore 30K, que há 20 anos é jurado efetivo da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

Em resumo, o touro Nelore precisa ser funcional, produtivo, precoce e apresentar ótimas diferenças esperadas na progênie (DEP), além de expressão racial. Mas com um bom treinamento, qualquer pessoa pode se tornar um verdadeiro expert em tudo isso, garante Vieira, afinal, será cada vez mais comum ao pecuarista comprar touros Nelore com base em fotos e vídeos, seja nos anúncios da Internet ou nos leilões virtuais, que, durante a pandemia, aumentaram participação no calendário vertiginosamente.

Isso ainda é novidade para muitas pessoas, por isso nada melhor do que estar bem informado e, assim, identificar as melhores oportunidades de negócio. A web, por exemplo, é um ambiente mais arriscado, pois nela há de tudo, de reprodutores com alta consistência genética a boi tucura sendo repassado como touro.

Já os leilões virtuais são organizados e possuem equipe especializada, além de contar com assessores técnicos responsáveis por fornecer mais informações sobre os lotes à venda. Porém, atire a primeira pedra quem nunca deixou escapar um bom lance até mesmo em leilões presenciais.

Se o recinto já era um “campo de batalha”, imagine disputar com milhares de outras pessoas plugadas em seus monitores. Em meio à intensa disputa, uma tática recorrida pelos produtores é confiar a escolha dos reprodutores aos pisteiros.

Uma alegria que dura apenas até o próximo pecuarista chamar o lance. Naquele vai e vem de emoções, poucos segundos de dúvida podem decretar a perda do lote. O pecuarista veterano tem olho mais treinado para avaliar morfologia, já não é o caso daqueles que ainda estão calibrando a mira.

Avaliar se os aprumos estão corretos, se a angulação do jarrete é adequada, se o umbigo é corrigido, se o vazio subesternal está perto ou longe do chão e se as características sexuais primárias e secundárias são bem evidentes, é primordial.

Mas, algumas vezes, até os mais experientes podem tropeçar, especialmente quando chega o momento de interpretar as diferenças esperadas na progênie (DEPs). Saber o que é TOP, Deca, régua equilibrada, eleger as DEPs necessárias no rebanho e quais delas podem atuar de forma sinérgica ou antagônica é tão importante quanto dominar morfologia. Optar apenas por uma ou outra pode ser um caminho perigoso.

Leiloeira e os técnicos tentam ajudar com dicas importantes, mas durante um certame é impossível esmiuçar todos os detalhes de um sumário de touros. Os pecuaristas mais investigativos ainda vão além e buscam por informações sobre o ambiente onde o touro foi selecionado. Uma mudança radical na alimentação, por exemplo, pode inibir a manifestação dos genes responsáveis pelo aumento de produtividade.

“Não basta ter boas DEPs nos sumários de touros compilados pelos Programas de Melhoramento Genético de animais PO e/ou CEIP ou ter o padrão racial da raça Nelore garantido pelo registro genealógico definitivo, o touro precisa ser um pacote completo”, adverte o zootecnista Vieira. Este é um treinamento exclusivo que busca auxiliar os produtores na escolha de reprodutores da raça que consigam gerar maior lucro, em menos tempo, na produção de bezerros e boi gordo. O método percorre todas as nuances da morfologia e melhoramento genético e pode ser acessado aqui.

Veja 5 Dicas que listamos que contribuem para a escolha do touro Nelore no Leilão da TV ou nos anúncios da Internet.

1 –  Investigue a origem do animal – Tenha em mente que se a realidade da propriedade de destino é a produção de carne a pasto não são touros de criatórios onde eles são tratados à base de ração que são a melhor solução. Visite a fazenda pessoalmente. Se não puder, use as redes sociais e o Google, conheça sua filosofia.

2 – Busque garantias – Se o seu objetivo é produzir carne, pouco importa se o touro é PO ou CEIP, ele precisa ser melhorador. O PMGZ é um dos programas mais antigos do Brasil e trabalha em atualizações para certificar os touros Nelore PO com o CSG (Certificado de Superioridade Genética).  Também, a partir de 1996, surgiram programas de melhoramento genético reconhecidos pelo MAPA, que certifica os touros Nelore produzidos por eles com CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção), comprovando que são realmente melhoradores.

3 – Não foque apenas nos touros top 0,1% – Os touros com classificação top 0,1% (o melhor entre mil animais avaliados) são uma ótima solução para corrigir imperfeições do rebanho com velocidade, mas devem ser utilizados com critério. Informe-se se o reprodutor é top na qualificação geral ou em apenas uma ou outra característica. Ele pode ser bom numa DEP e mediano ou até ruim em outra que seja importante para você.

4 – Solicite a DEP de facilidade de parto – Este atributo ganha ainda mais relevância se o touro for direcionado a novilhas primíparas. Caso essa informação não conste no catálogo, peça para o promotor ou leiloeira. O ideal são touros negativos ou próximos a ZERO.

5 – Objetive ganho de peso sem perder carcaça – No item 3 é citado a importância de optar por touros com réguas de DEPs equilibradas. Fazendas de cria, por exemplo, buscam o maior peso à desmama, entretanto,     não podem esquecer da facilidade de parto. Já na produção de boi gordo seria importante equilibrar ganho em peso com qualidade de carcaça.