O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou apoio de R$ 2,8 milhões em recursos não reembolsáveis para a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O apoio do Banco se destina a dois projetos de avaliação de soluções integradas de internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) na área rural para aumentar a produtividade da cultura de soja, milho, algodão e trigo, entre outras culturas, em dois projetos pilotos. Os recursos são oriundos do Fundo de desenvolvimento técnico-científico – BNDES Apoio à Inovação (BNDES Funtec) e correspondem a 50% do total do investimento, que é de R$ 5,6 milhões.
Os projetos serão implantados na cidade paulista de Paranapanema e em Paranatinga, no Estado de Mato Grosso. O objetivo é gerar informações sobre aplicações de IoT, que visam o uso inteligente de recursos naturais, insumos e maquinários, através do monitoramento e processamento de dados, de modo a aumentar a eficiência dos processos produtivos.
A iniciativa foi selecionada no âmbito da Chamada Pública de Projetos Pilotos de IoT, sendo que as propostas para o ambiente rural foram avaliadas de acordo com os seguintes focos prioritários: uso eficiente dos recursos naturais e insumos com ênfase no monitoramento meteorológico e de solos para aumentar a produção, a gestão do desempenho de máquinas, de modo a otimizar o emprego do equipamento, além de segurança sanitária e bem-estar do animal.
Projetos – O primeiro projeto piloto rural será realizado na região de Campos de Holambra, no município de Paranapanema, numa área de mais de 300 hectares vinculada à Associação do Sudeste Paulista de Irrigantes e Plantio de Palha (ASPIPP). Utilizando o manejo técnico de agricultura de precisão nas culturas irrigadas de soja, milho, algodão e trigo, o projeto pretende alcançar, entre outros, os objetivos de geração de mapas de correção, mapas para definir a atuação dos pivôs de irrigação e mapas de reposição de fertilizantes durante o crescimento do vegetal.
O segundo projeto piloto rural será implantado na Fazenda Macuco, em Santiago do Norte, região de Paranatinga (MT). A fazenda avaliará diversas soluções de IoT na produção alternada de soja, milho, arroz, mandioca e bachiara, que é a cultura de pasto.
Grandes distâncias e baixa densidade populacional, características de boa parte do meio rural brasileiro, dificultam o acesso à internet. Por estar localizada numa área isolada, o acesso às novas tecnologias digitais é mais complexo para os agricultores da região. Devido à localidade da Fazenda Macuco, o projeto testará a utilização de tecnologias de internet via satélite a fim de avaliar técnica e economicamente uma solução que permita acessos remotos no campo. Como resultado, eles podem ser organizados de modo a se beneficiarem em conjunto de máquinas inteligentes, conhecimento e tomadas de decisões quanto ao que plantar, como plantar, como fertilizar ou como e quando irrigar.
Conectividade – Segundo Mauro Mattoso, chefe do Departamento do Complexo Agroalimentar e Biocombustíveis do BNDES, testar o uso de satélite “traz um grande diferencial em relação aos demais pilotos de IoT no ambiente rural já aprovados pelo Banco. Esse diferencial será o teste de soluções de IoT baseadas em internet banda larga via satélite, pois se trata de tecnologia de conectividade fundamental para boa parte das propriedades rurais brasileiras, que estão distantes da área de cobertura das redes de internet convencionais”, acrescentou o chefe de departamento.
Caminhos para o desenvolvimento de IoT – De acordo com a União Internacional de Telecomunicações, IoT é uma infraestrutura global para a sociedade da informação, que habilita serviços avançados por meio da interconexão entre coisas físicas e virtuais, com base nas Tecnologias de Informação e Comunicação.
No estudo para o diagnóstico e a proposição do plano estratégico, contratado pelo BNDES e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), foram escolhidos quatro ambientes de aplicação: cidades, rural, indústria e saúde. Eles foram considerados capazes de propiciar adensamentos tecnológicos locais e retornos econômicos, sociais e ambientais para o Brasil.