As vendas foram puxadas pela soja em grão e o açúcar de cana. Frente a agosto de 2019, os resultados do oitavo mês de 2020 de alguns setores se destacam: café, em reais apresentou crescimento de 25,2%; carne de frango aumentou 11,3% no mês de agosto; carne suína teve os embarques elevados em 89,2% em volume.
Os resultados apresentados pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) demonstram que as exportações do agronegócio brasileiro seguem em elevação., tendo representado mais de 50% na participação das exportações totais do País no último mês.
Apenas em agosto, o Brasil exportou US$ 8,91 bilhões em produtos do agronegócio, valor que representa elevação de 7,8% em relação ao mesmo mês do ano passado (US$ 8,26 bilhões). O aumento ocorreu em função da quantidade dos produtos exportados, que registrou aumento de 16,5% na comparação entre agosto de 2019 e 2020. O crescimento foi de US$ 646,24 milhões em valores absolutos. De acordo com a Secretaria, a elevação das vendas externas da soja em grãos e de açúcar de cana foram os responsáveis pelo resultado do mês.
Os resultados apresentados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) também são estimulantes. Em agosto, considerando a soma de café verde, solúvel e torrado & moído, o Brasil exportou 3,3 milhões de sacas de café, gerando receita de US$ 386,6 milhões, equivalente a R$ 2,1 bilhões, o que representa um aumento de 25,2% em reais em relação a agosto de 2019
Já as exportações brasileiras de carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) apresentaram alta de 11,3% no mês de agosto, alcançando 362,4 mil toneladas, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). No entanto, em receita, houve decréscimo de 10%, com saldo de US$ 497,8 milhões, contra US$ 553,3 milhões em agosto de 2019.
A comercialização de carne suína para outros países, por sua vez, considerando todos os produtos, entre in natura e processados, segundo a ABPA totalizaram 98,5 mil toneladas em agosto, superando em 89,2% o volume registrado no mesmo mês de 2019, com 52 mil toneladas. Neste ativo, a receita em dólar foi positiva, com US$ 209,2 milhões, número que supera em 90,7% o saldo obtido no mesmo período de 2019, com US$ 109,7 milhões.
Resultados nacionais – As exportações de soja em grão atingiram US$ 2,21 bilhões (+25,1%). Desse total, a China comprou perto de 75%, o que representou US$ 1,65 bilhão.
Com a queda de produção de açúcar na Índia e Tailândia na safra 2019/2020, houve novas oportunidades para o Brasil aumentar as exportações do produto, que alcançou em agosto US$ 960 milhões, com incremento de 107%.
Os embarques dos produtos do agronegócio brasileiro para a China também explicam o incremento no mês analisado. Foram despachados para o país asiático 30% a mais que o registrado em 2019 (US$ 639 milhões), totalizando em agosto US$ 2,7 bilhões.
As importações de produtos agropecuários diminuíram de US$ 1,10 bilhão (agosto/2019) para US$ 912 milhões (agosto/2020), o que significou um recuo de 17,3%. Desta forma, o saldo da balança comercial de agosto somou US$ 7,1 bilhões.
Café – Os resultados obtidos pelo café, de acordo com o Cecafé, tem como destaque o café arábica que, em agosto, correspondeu a 76,6% do volume total exportado, equivalente a 2,5 milhões de sacas. O café conilon (robusta) atingiu a participação de 14,5%, com o embarque de 472,2 mil sacas, enquanto que o solúvel representou 8,9% dos embarques, com 289,7 mil sacas.
“O resultado de agosto demonstra a entrada da nova safra de café arábica no mercado e a continuidade positiva nos embarques de conilon, que garantiram ao Brasil uma boa performance nesse início de ano cafeeiro. Toda cadeia do agronegócio café continua desempenhando um trabalho de alta qualidade e eficiência, seguindo todas as medidas de prevenção e segurança determinadas pela OMS e as entidades públicas de saúde municipais e estaduais. A colheita está praticamente encerrada, apresentando bons resultados tanto na quantidade quanto na qualidade. Tudo indica que as exportações do café brasileiro terão bons resultados no segundo semestre e sempre trabalhando com foco nos três “S”, saúde, segurança e sustentabilidade”, declara Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé.
Ano civil – O total de café exportado no ano civil (janeiro a agosto de 2020) foi de 26,4 milhões de sacas milhões de sacas, sendo o segundo maior volume embarcado para o período nos últimos cinco anos. A receita cambial gerada com as exportações de janeiro a agosto foi de US$ 3,4 bilhões.
Entre as variedades embarcadas no ano civil, o café robusta se destaca pelo aumento de 12,9% nas exportações, se comparado ao volume da variedade exportado de janeiro a agosto de 2019. Essa variedade de café correspondeu no período a 11,6% do total das exportações (sendo equivalente a 3 milhões de sacas embarcadas), enquanto o café arábica representou 78,3% dos embarques (20,6 milhões de sacas) e o solúvel, 10,1% (2,7 milhões de sacas).
No ano civil, o Brasil exportou 4,4 milhões de sacas de cafés diferenciados (que são os cafés que têm qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis). O volume foi responsável por 16,8% do volume total de café exportado de janeiro a agosto deste ano e representa também o segundo maior volume para o período nos últimos cinco anos.
A receita cambial gerada com a exportação de cafés diferenciados do Brasil foi de US$ 721,1 milhões, representando 21,4% do total gerado pelo Brasil com os embarques no ano civil de 2020.
Frango – As exportações brasileiras de carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) cresceram em agosto em volume, mas mostraram decréscimo no valor. No acumulado do ano (janeiro a agosto), esse quadro se mantém: as exportações totalizaram 2,833 milhões de toneladas, volume 1,8% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 2,784 milhões de toneladas. Em receita, houve retração de 11,3%, com total de US$ 4,14 bilhões em 2020, contra US$ 4,66 bilhões em 2019.
“O movimento mensal das exportações foi positivo em praticamente todos os grandes importadores da carne de frango do Brasil. A tendência de alta nas exportações contribui para reduzir os impactos do aumento de custos com o enfrentamento da pandemia e da alta dos grãos”, ressalta Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Já os levantamentos da ABPA relativos às exportação da carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) mostram que volume e receita se elevaram em agosto, comprovando a tendência que vêm sendo notada neste ano e que colocam o saldo do ano (janeiro a agosto) com as vendas de carne suína totalizando 678,3 mil toneladas, volume 44,37% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 469,8 mil toneladas; enquanto a receita de exportações totalizou US$ 1,488 bilhão, número 54,5% superior ao registrado no mesmo período de 2019, com US$ 963,2 milhões.
“A alta nas exportações é compensada com uma elevação prevista na produção interna de carne suína, mantendo em patamares estáveis a oferta para o mercado interno. O ganho em receita cambial reduz os fortes impactos causados pela alta dos grãos e pelos investimentos feitos para o enfrentamento da pandemia. As perspectivas positivas para o setor devem se manter nos próximos meses”, avalia Santin.