O Plano Safra 2020/2021, lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em final de junho prevê a destinação de R$ 2,23 bilhões para o PCA – Programa para Ampliação e Construção de Armazéns -, 23,1% a mais do que no ano anterior. As taxas de juros para investimentos em armazenagem também caíram de 6,0% e 7,0% em 2019/2020, para 5,0% e 6,0%.
Tomando como base este cenário, Carlos Cogo, consultor em agronegócio, afirmou em live produzida pela Kepler Weber, que tinha como tema “Armazenagem: Investimentos Estratégicos”, que os produtores rurais deveriam aproveitar a injeção de recursos do Plano Safra para realizar seus investimentos em estocagem, pois estes tendem a se esgotar rapidamente devido à alta demanda por armazenagem. “Apesar de expressivo, este valor de R﹩2,3 bilhões disponibilizado ao PCA não será suficiente para atender à toda demanda por armazenagem, que já vem aquecida desde o final do ano passado, devido ao excelente desempenho nas safras de grãos como soja, milho, arroz e trigo. Sendo assim, se você está disposto a fazer uma inversão no seu negócio, não deixe para a última hora.”, alertou o consultor.
Segundo dados exibidos por Cogo, entre os anos 2000 e 2020 o Brasil registrou crescimento de 21% na área utilizada para plantio e 85% de produtividade, o que levou a um aumento de 223% na produção de grãos. Os investimentos em construção de armazéns, no entanto, não acompanharam o ritmo que garantiu ao Brasil a liderança mundial na produção de grãos. Na safra 20/21, o país terá o desafio de armazenar mais uma produção recorde que totaliza 269 milhões de toneladas de grãos em uma capacidade estática que dá conta somente de 170 milhões de toneladas, resultando assim em um déficit de 81 milhões de toneladas.
Além do baixo nível de investimento público em estocagem no Brasil, principalmente quando comparado a outras potências agrícolas mundiais, os produtores rurais também encontram problemas sistêmicos que dizem respeito à forma como a infraestrutura de armazenagem é gerenciada no país. No Brasil, somente 16% da produção é armazenada nas propriedades agrícolas. Os investimentos nesta área ainda estão concentrados em grandes fazendas empresariais, tradings e cerealistas, sobrecarregando assim o sistema logístico e de armazenagem intermediária nas épocas de colheita.
Quando nossa realidade é comparada às de outros grandes mercados agro, é possível perceber que o Brasil está na contramão de uma tendência que garante mais eficiência e lucro para o produtor: na Argentina, por exemplo, 21% da capacidade de estocagem está localizada nas propriedade rurais; na União Europeia esse número salta para 50%; já nos Estados Unidos, o valor é de 56%; enquanto no Canadá, 80% da infraestrutura de estocagem está presente nas fazendas.
Cogo destacou que além de tornar o agronegócio brasileiro ainda mais competitivo, investir em armazenagem dentro das propriedades rurais traz vantagens também para os produtores rurais, pois esse modelo evita gargalos logísticos, diminui custos de produção, além de garantir melhores possibilidades de negociação do grão, permitindo que o produtor escolha a melhor época para vendê-lo ou o comercialize no mercado de lotes, em que os ganhos podem variar de 9,3% a 15,4% em relação ao mercado de balcão.
Por conta disso ,o especialista destacou durante a live a importância do cálculo da taxa de retorno de investimento, que auxiliará o produtor rural a compreender em quantos anos seu investimento será pago e quais os retornos financeiros resultantes deste aporte.
Para aqueles que querem compreender quais os ganhos financeiros e de eficiência trazidos pelo investimento em armazenagem, é só assistir à live com o consultor Carlos Kogo, disponível no Youtube. O espectador também tem acesso por meio do QR à apresentação trazida pelo consultor, na qual estão contidos todos os dados mais relevantes sobre produção de grãos e armazenagem no Brasil.