Diogo Rodrigues*
No Brasil, o pasto é a base da produção da pecuária de corte, sem ele haveria uma grande redução na oferta de alimento para os animais e tratar no cocho significa aumentar os custos. Certamente reduziria o lucro e aumentariam os riscos de produção. Da mesma forma que a pastagem quando mal estabelecida, por consequência afeta negativamente a produtividade.
Ainda assim, alguns produtores optam por investir em sementes de pastagem mais “baratas” e ficam expostos aos potenciais riscos e prejuízos que isso pode ocasionar, como por exemplo: baixa taxa de germinação, atraso do 1° pastejo, baixa capacidade de suporte, surgimento de plantas daninhas, dentre vários outros problemas. Por tanto, é necessário investir em semente de alta qualidade, com altos índices de pureza, viabilidade e vigor.
Se considerarmos os custos de produção: adubo, calcário, maquinário, animais etc., a semente forrageira é um dos componentes mais baratos do sistema, porém o mais negligenciado por parte dos pecuaristas. Para se ter ideia, a formação de um hectare de pastagem de capim Brachiaria brizantha cv. Marandu é de R$1,3 mil, segundo estimativas da Scot Consultoria. Entretanto, as sementes forrageiras com todas as operações e insumos, correspondem à 7,6% do custo total. Este investimento em semente é muito menor que o de adubo, por exemplo, mas o impacto disso está diretamente relacionado com o resultado da engorda e a taxa de lotação das áreas de pastagens.
Precisamos considerar também que boa parte dos produtores não realizam todas as recomendações indicadas para o plantio (preparo do solo, incorporação e compactação), na maioria das vezes as sementes são desafiadas por todo tipo de adversidade, portanto o uso de sementes forrageiras de boa qualidade torna-se ainda mais importante para diminuir as perdas.
É fundamental escolher uma boa semente. As dotadas de tecnologia Advanced, por exemplo, tem alta pureza (livre de sujeira, pragas e doenças). Esta tecnologia também apresenta mais resistência ao estresse mecânico causado pelas semeadeiras, maior precisão e rendimento no plantio pela uniformidade. Além das contas de custo/ha serem muito menores levando em conta hora-máquina, frete e mão-de-obra.
O tratamento industrial das sementes Advanced (as blindadas da Soesp) inclui Vitavax-Thiram e Fipronil, ou seja, haverá menos ataque de fungos e formigas, portanto mais sementes no solo. As formigas podem carregar algumas sementes, mas são logo deixadas pela presença do inseticida. Pesquisas mostram que vários tipos de fungos podem ser levados pela semente e alguns deles podem causar doenças ou até matá-la antes de germinar. Estas são características importantes e que devem ser levadas em consideração na hora de escolher um produto.
Para compreender a importância e a evolução do tratamento de sementes, observemos o cenário da soja. No início da década de 90 apenas 5% da oleaginosa plantada no Brasil era tratada segundo Richetti & Goulart. Hoje, esse número evoluiu para próximo de 100%. Notem, que o uso de sementes de alta qualidade já é algo consolidado na agricultura. Isto provavelmente também ocorrerá no mercado de semente forrageira ao longo dos próximos anos e é o que esperamos: ver o número de pastos degradados diminuírem, e os índices de produtividades aumentarem.
O Brasil tem uma das maiores extensões de pastagens do mundo, somos líder na exportação de carne bovina mundial, porém estamos longe do nosso potencial máximo produtivo, pois ainda temos cerca de 70% de pastagens degradadas (Nogueira, 2019). Podemos ampliar esta produção investindo principalmente em semente de qualidade, manejo correto de solo e pastagem. Há muita informação disponível, produtos de qualidade e profissionais com boa formação, para caminhar nesta direção.
*Diogo Rodrigues é Zootecnista na Soesp – Sementes Oeste Paulista
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Foto de capa: inhabitat