Empresas rurais: rentabilidade é afetada por taxa de prenhez, mostra IILB

A última edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB) aponta ampla margem de melhoria no desempenho do rebanho nacional. Criada exatamente há um ano (março de 2019), esse indicador mede o percentual de vacas que ficam prenhes em relação ao número de vacas aptas a cada 21 dias, a Taxa de Prenhez, que engloba a Taxa de Concepção e a Taxa de Serviço, é um índice que merece atenção dos produtores pelo impacto econômico que gera.

Para analisar o indicador, foram avaliadas informações das fazendas de quase 1.000 fazendas, entre outubro de 2018 e setembro de 2019. Além da análise específica da Taxa de prenhez, o IILB 4 também avaliou a nota global de desempenho, que vai de 0 a 10, considerando 12 indicadores (inclusive a taxa de prenhez) e a nota média geral do país foi de 4,07. As fazendas Top 10% IILB obtiveram nota 6,64.

Com divulgação trimestral, o IILB é um balizador de referência e eficiência zootécnica de fazendas brasileiras. Sua geração obedece a critérios rigorosos aplicados sobre os dados da plataforma web do sistema de gestão Ideagri, trabalhados de forma genérica (todos os rebanhos possuem o mesmo peso) e sigilosa.

Heloise Duarte, CEO da Ideagri explica que o indicador Taxa de Prenhez também pode prever o Intervalo Entre Partos (IEP), uma vez que boas taxas de prenhez correspondem a baixos intervalos entre partos. A taxa, que pode ser obtida em um curto espaço de tempo, permite a implementação de ações corretivas em tempo hábil. “Simples ajustes no manejo, que não demandam necessariamente grandes investimentos financeiros, podem surtir efeito na taxa e na lucratividade da fazenda”, comenta.

Considerando a diminuição da produtividade de leite no final da lactação com o prolongamento do IEP, estima-se uma queda de 70 ml de leite por dia por matriz (considerando uma produção de 6.000 litros/lactação). Em termos de rebanho, um aumento no IEP de 1,9 meses (valor identificado na média geral das fazendas quando comparada ao Top 10%), por exemplo, aumenta o DEL (dias em lactação) médio do rebanho em 29 dias, o que se traduz em 2 litros de leite a menos, por vaca por dia.

Espaço para melhorias – Os dados revelam que o desempenho do rebanho nacional tem uma margem ampla para a melhoria de desempenho e incremento de produtividade. “E esta edição do IILB já aponta sinais de recuperação. Após duas quedas consecutivas, o índice médio geral das fazendas, com relação à Taxa de Prenhez, demonstrou uma ligeira alta com relação ao IILB 3, saindo de 15,01% para 15,39%”, afirma.

A Taxa de Prenhez é um indicador que merece toda a atenção do produtor, por mais que necessite de ferramentas adequadas para seu cálculo. Ela indica a velocidade na qual as vacas emprenham após o parto. Quanto mais elevada for a taxa, maior o número de vacas gestantes no terço inicial da lactação, menor o número de dias improdutivos e menor a chance de descarte de vacas vazias e secas. “Consequentemente, maior será a lucratividade do sistema de produção. 

Como a taxa de prenhez engloba a taxa de concepção e a taxa de serviço, aprofundamos a análise do editorial da 4º ed. do IILB e identificamos, com base em dezenas de milhares de inseminações, que a maior discrepância entre a média geral e os mais eficientes está na taxa de serviço – que, resumidamente, é a capacidade de identificar corretamente o momento no qual a matriz deve ser inseminada. Na média geral, a taxa de serviço foi de 45,9% e , nos 10% mais eficientes foi de 59,9%.  A boa notícia é que é mais fácil e barato atuar sobre a taxa de serviço do que sobre a taxa de concepção, assim sem dúvidas, temos uma grande oportunidade de aprimorar a eficiência reprodutiva de nossos rebanhos leiteiros.”

TABELA  – ANÁLISE DA TAXA DE SERVIÇO, TAXA DE CONCEPÇÃO E TAXA DE PRENHEZ E COMPARAÇÃO ENTRE TOP 10% E DEMAIS FEITA COM BASE EM 70% DOS REBANHOS (639) CONSIDERADOS PARA O IILB4