As primeiras certificação socioambiental Rainforest Alliance de manga no Brasil foram obtidas nos últimos meses por 17 empreendimentos produtores da fruta, na região do Vale do São Francisco. A tendência de crescimento se mantém: a velocidade com que os pedidos de auditoria para novos certificados está acontecendo indica que o mercado ainda tem muito fôlego.
O movimento é explicado pela demanda dos compradores alemães de frutas in natura pelo selo que atesta o cumprimento da norma, que prevê requisitos sociais e ambientais, como não desmatar, comprovar que a gestão ambiental do empreendimento assegura a biodiversidade local, que a água e o solo serão conservados e livres de contaminação, que as águas residuais e o lixo foram descartados corretamente e que o empreendimento fornece condições de saúde e segurança para os trabalhadores.
O Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), organização não governamental, brasileira, responsável pela aplicação das normas da Rainforest Alliance™ em campo, auditou as fazendas e chama a atenção para dois pontos em especial: o alerta para desmatamento na caatinga e a melhoria das condições de trabalho. “Os empreendimentos estão avaliando as áreas de expansão para suas atividades com olhar voltado para evitar o desmate”, diz Tharic Galuchi, coordenador de certificação agrícola do Imaflora.
Ele lembra que o cultivo da manga emprega um número grande de trabalhadores, já que a colheita não é mecanizável. No caso dos 17 novos empreendimentos certificados, são mais de seis mil trabalhadores sob influência da certificação. “Os requisitos sociais preveem a aplicação de normas rígidas sobre segurança no trabalho, acesso à saúde, a jornadas limitadas de trabalho, registro em carteira e benefícios à família do trabalhador, inclusive quando são temporários”, lembra Tharic.
Ao todo, a certificação dos empreendimentos de manga abrange mais de 9 mil e 800 hectares do semiárido brasileiro. O Imaflora é responsável pela certificação de 2 mil e 300 hectares e, com a entrada dos 17 empreendimentos, a certificação Rainforest Alliance™ estende-se a 37 mil e 300 hectares e a 10 mil trabalhadores diretos, que cultivam mamão, melão, melancia, maracujá, banana, uva e manga.