O Instituto Agronômico (IAC- APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está desenvolvendo estudos com nova variedade de laranja chamada “vermelha precoce”, que se constitui um mutante espontâneo. A espécie demonstrou possuir mais que o dobro de carotenoides totais, de betacaroteno e de licopeno, na polpa dos frutos, em relação à laranja Sanguínea de Mombuca, outra laranja de polpa vermelha.
Essas características garantem à variedade maior conteúdo de nutrientes que os da laranja Sanguínea de Mombuca, com teores mais elevados de carotenoides totais e de alguns carotenoides específicos, como o licopeno, normalmente ausente na polpa das laranjas amarelas.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio do IAC-APTA, tem pesquisado três outras variedades de laranjeiras de polpa vermelha, ainda pouco exploradas no Brasil: a Sanguínea de Mombuca, a Baía Cara-cara e a Valência Puka. Até o momento, dentre essas três variedades, apenas a Sanguínea de Mombuca possui os registros necessários para a comercialização de borbulhas pelo Instituto. Porém, espera-se que, até 2020 as demais variedades possam ser registradas e comercializadas aos produtores do estado de São Paulo e do Brasil, informa a SAA.
E mais: além da polpa vermelha, a Sanguínea de Mombuca possui frutos com formato esférico, tamanho médio, maturação precoce e média de 55% de suco. “O peso médio do fruto é de 140 gramas, com média de oito a dez sementes. Já o suco, tem bom sabor, com doçura (10-11º brix) e acidez (1,0%) no ponto certo”, diz Rodrigo Rocha Latado, pesquisador do IAC, frisando que “dentre as variedades de polpa vermelha, apenas a Sanguínea de Mombuca já possui plantios comerciais nos pomares paulistas, que somam cerca de um milhão de plantas. A maioria está em fazendas pertencentes às indústrias e os frutos são destinados à produção de suco pasteurizado”.
As laranjas de polpa vermelha, originadas de várias regiões do mundo, incluindo o Brasil, produzem frutos com cor vermelha na polpa e suco laranja escuro, independentemente da região de cultivo. O princípio ativo diferencial é o licopeno, assim como ocorre nos tomates e melancia. Estudos no Centro de Citricultura do IAC com a quantificação de carotenoides em frutos de Sanguínea de Mombuca mostraram que ela apresenta entre 10% e 73% a mais carotenoides totais do que o da laranja Pêra.
“Os valores variam de 8 mg a 12 mg de carotenoides totais por litro de suco. O diferencial se confirma também nas análises dos sucos dos frutos da Valência Puka, que apresentou teores de licopeno entre 0,5 mg e 3 mg por litro de suco”, explica. “Nessa mesma análise, a laranja Pêra apresentou valores quase não detectáveis pelo método adotado”, reforça Latado e lembra: “Mais de 39 diferentes carotenóides já foram identificados em suco de laranja e alguns são precursores da vitamina A, outros possuem somente ação antioxidante, sendo que o licopeno é o principal deles. O licopeno aparece atualmente como um dos mais potentes agentes antioxidantes naturais, sendo sugerido na prevenção de carcinogênese e aterogênese devido à sua capacidade de proteger móleculas, inclusive o DNA, da ação de radicais livres, conforme consta na literatura”.