E-commerce e LPGD estiveram entre os temas apresentados. Além disso, Debates do Andav Talks serão transformados em e-book
O último dia do Congresso Andav – Fórum & Exposição foi marcado por temas como e-commerce e Lei Geral de Proteção de Dados.
No painel sobre os desafios para as distribuidoras se manterem competitivas e relevantes, o e-commerce foi destacado por Gustavo Barbosa, diretor comercial da Luft Solutions, como elemento a ser inserido na estratégia comercial dos distribuidores de insumos agropecuários. “Esse é um canal de vendas que não pode ser ignorado, pois no ano passado ele foi responsável por 12% das vendas mundiais e movimentou no ano passado R$ 61 bilhões no Brasil em 2018, um crescimento de 15% sobre o ano anterior”, afirmou Barbosa, que lembrou o quanto esse segmento depende do apoio dado ao produtor, trabalho que, na maioria dos casos, é feito pelo distribuidor.
Outro participante do painel, Luciano Daher, diretor comercial da Syngenta, disse que concorda com a análise de Barbosa sobre se pensar no e-commerce como alternativa de vendas, mas salientou que o distribuidor tem de se manter próximo do agricultor. “O e-commerce é importante, mas o empresário do ramo de distribuição tem de, antes de tudo, fazer bem feito o simples que sempre fez, prestando um serviço personalizado, ter velocidade de resposta às demandas dos clientes e ganhar escala”, afirmou, destacando que um distribuidor alinhado com seu cliente sempre terá seu espaço no mercado.
Em relação à competitividade, questão principal do painel, moderado por Antonio Henrique, presidente do Conselho Diretor da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (ANDAV), Matheus Cônsoli, sócio da Markestrat Group lembrou que o desafio maior do distribuidor é ter de lidar hoje com um produtor que está melhor informado e mais profissionalizado, inclusive tendo à frente dos negócios uma nova geração.
Em transformação – O professor e escritor Pedro Calabrez, autor do best seller Em busca de Nós Mesmos, destacou a capacidade de transformação do ambiente por parte do ser humano o que não depende de tecnologia avançada, mas de uma mudança de padrão de pensamento.
Ele ressaltou a relação entre medo, insegurança e pobreza, oposto a relação de segurança, confiança e riqueza. “Países onde há maior confiança da população também são os países mais riscos. A desconfiança gera o medo que, por sua vez, leva ao egoísmo e à corrupção. Isso tem um custo alto para o país, como, por exemplo, em taxa de juros. Do mesmo jeito ocorre com a empresa, levando a um efeito em escala de atitudes não éticas ou até mesmo a perda dos bons colaboradores”, finalizou.
LGPD – A recomendação para os distribuidores redobrarem os cuidados devido à nova Lei de Proteção de Dados, que entra em vigor em 2020, foi o ponto central da apresentação doadvogado Renato Leite, especialista em proteção de dados, ao analisar os impactos sobre a distribuição de insumos agropecuários da entrada em vigor da regulamentação. “Será preciso que os profissionais de todas as atividades empresariais brasileiras mudem sua cultura em relação aos cuidados que deve tomar em relação aos dados internos e também com os que compartilham com clientes, fornecedores e colaboradores”, preconizou Leite, frisando que “fodos nós devemos nos preparar, pois os vazamentos ou desvios de dados que vierem a ocorrer deverão, a partir de agosto de 2020, ser tipificados com violação da nova Lei e estará sujeita a punições estabelecidas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados, cujos diretores e gestores serão nomeados até o final deste mês, pois deve ocorrer uma harmonização e uma padronização das cerca de 50 leis que atualmente disciplinam essa questão. O que acontece hoje é que todas essas leis não dialogam entre si, gerando uma grande insegurança jurídica na sociedade de forma geral”.
Agronegócio 4.0 – O agronegócio brasileiro vem intensificando a aplicação de tecnologia no campo. Segundo a Embrapa Informática Agropecuária, no Brasil, em 10 anos, o uso do celular e do smartphone cresceu 1.790% no campo. “Estamos falando de fazendas conectadas e um agronegócio baseado em cultura digital, o que abre diversas possibilidades para o setor, que já assimilou processos como robotização, blockchain, big data, analytics. O próximo passo vem no caminho da análise de dados, baseada em internet das coisas, que permitirá antecipar decisões em várias etapas do processo. Hoje já se diz que os dados são o novo petróleo”, afirmou Silvia Massruhá, diretora chefe do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Informática Agropecuária, durante o painel Distribuição 4.0: O sopro de inovação das Startups, BIG Data & Data Analytics, IA e Otras Tecnologias aplicadas à Distribuição, promovido no Congresso ANDAV – Fórum & Exposição, em São Paulo.
Fabricio Pezente, CEO da Traive Finance, ressaltou que este é um bom momento para os investimentos em tecnologia voltada para o setor agrícola e que ainda não existe, inclusive nos Estados Unidos, um hub que tenha consolidado o campo de desenvolvimento tecnológico dentro desse segmento. “O setor ainda é um dos menos digitalizados”. Atualmente, segundo ele, 29% das soluções para o campo estão voltadas para a área de sistemas de gestão, 22% para análises de dados e 18% para o setor do marketplace. “Um dos grandes gargalos existentes no setor agrícola está na área do crédito e essa é a tendência de onde devem surgir novas soluções”, afirmou.
Com moderação de Alberto Yoshida, da Yoshida & Hirata Agronegócios e 1º vice presidente do Conselho Diretor da Aandav, o painel ainda teve a apresentação de Ronaldo Oliveira, partner development manager do Brasil e Latam da Amazon, que destacou que o ciclo atual de vida das empresas – de 15 anos – ocorre devido à dificuldade que elas têm em enxergar as mudanças comportamentais do mercado. Ele avaliou ainda que não é necessário ter um grande investimento para criar tecnologia. “Inovar não é uma questão de investimento, mas de agregar valor ao produto e saber quanto o cliente está disposto a pagar pelo serviço”, disse. “Com o surgimento das Agritechs, aumentará significativamente a demanda por tecnologia no campo”, finalizou.
Andav Talks em e-book – O setor de distribuição deve se preparar para os desafios de gestão impostos a grandes empresas. Esse processo inclui a gestão clientes, de pessoas, governança e sucessão da empresa, sistemas de compliance e formas de financiamento. Essa é a principal conclusão do encerramento do Andav Talks, que teve como tema Modelo Inovador de Negócios: O Futuro da Distribuição e apresentou uma pesquisa organizada com os temas mais relevantes organizada por meio da interação do público com o aplicativo online Edupulses. Todo o material das palestras embasará um e-book que será distribuído aos participantes.
Com um formato ágil e interativo, o ANDAV Talks contou com seis apresentações: Carlos Eduardo Dalto, professor em Gestão Comercial, Pessoas e Projetos na FGV, falou sobre gestão de clientes, Tania Moura, vice-presidente executiva da Associação Brasileira de Profissionais de RH (ABPRH), ressaltou a inovação na gestão de pessoas, Mariely Biff, consultora em Sucessão Familiar Agro e instrutora na Agro Carreira, abordou a sucessão familiar, Karlis Novickis, professor do Programa de Implementação de Compliance do Insper, trouxe o tema governança & compliance, Mayra Theis, Tax partner especialista em Agrobusiness da PwC, analisou a consolidação, fusões e aquisições, e Manoel Perez Neto, vice-presidente do Conselho de Administração do SICOOB COCRE abordou o acesso ao crédito. A moderação foi da jornalista Lilian Munhoz.
Agente de informação – Em tempos de alta concorrência e em meio a uma verdadeiro guerra de informação, o que pode criar e diferenciar um líder de vendas é justamente a sua capacidade de tornar-se um agente de informação para o seu cliente. Isso exige percepção do mercado e, sobretudo, capacidade de pensar e avaliar as circunstâncias ao seu redor. “Por isso é preciso transformar os 30 minutos que o cliente dispõe para atender o vendedor em um momento de informação relevante para ele e de confiança mútua”, disse Luciano Pires, escritor e palestrantes, durante o Fórum do Congresso Andav.
Podcaster há mais de 10 anos, ele considera este um dos principais meios de informação hoje. “Nos Estados Unidos virou febre. Aqui no Brasil ainda não. Mas trata-se de uma ferramenta poderosa para o pessoal do universo agro que pode transmitir sua informação, esteja onde estiver, sem depender de ninguém e de nada. Isso é uma revolução”, concluiu.
Prêmio Andav 2019 – Funcionando como reconhecimento a pessoas e programas que colocaram em evidência o setor de distribuição de insumos agrícolas e veterinários, o Prêmio Andav 2019 foi entregue no dia 13 de agosto, durante o Congresso Andav – Fórum & Exposição.
O primeiro homenageado foi Daren Coppock, CEO da Agricultural Retailers Association, entidade equivalente da ANDAV dos Estados Unidos. O prêmio foi entregue por Marco Antônio Nasser de Carvalho, diretor da associada Terrena, e por Henrique Mazotini, presidente executivo da Andav.
O segundo homenageado foi Dionísio Luiz Pisa Gazziero, pesquisador da Embrapa, que recebeu o prêmio das mãos de José Hara, da empresa Agrohara. Além de profissionais, foi entregue também uma premiação especial à Campanha Tampamania, uma iniciativa promovida pelo Rotary Club de Goiânia que arrecada tampas de plásticos de diversos tipos de embalagens que são vendidas para recicladoras e cuja renda é revertida para a compra de cadeiras de rodas.
Realizada há oito anos, a ação já arrecadou mais de 70 toneladas de tampinhas o que resultou na compra de 300 cadeiras de rodas, além de andadores e muletas. O idealizador da campanha, Ademir Pereira da Silva, foi quem recebeu a homenagem das mãos de Volneimar Lacerda, diretor executivo da Spaço Agrícola, empresa colaboradora e incentivadora da iniciativa.