Ao encerrar viagem de quatro dias ao Nordeste, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, anunciou que vai fortalecer os programas de incentivo às cooperativas do ministério com um novo sistema, o Mais Cooperativismo, em parceria com a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). Tereza Cristina visitou as cooperativas dos Curtidores e Artesãos em Couro de Ribeira de Cabaceiras (Arteza) e dos Caprinocultores e disse ter ficado emocionada com o modelo de trabalho, que está proporcionando emprego e renda para a população local. O anúncio foi feito em Cabaceiras, no semiárido da Paraíba, o município onde chove menos em todo o País.
Definindo o cooperativismo como “fundamental para o trabalho no campo”, comentou que o governo tem muito a fortalecer no setor, citou conversa com a diretoria do Sistema OCB e encontro com o setor, no Paraná, com dirigentes do setor e, referindo-se diretamente à Cooperativa dos Curtidores e Artesãos em Couro (Arteza), fundada há 14 ano, comprometeu-se a reforçar o apoio do ministério às cooperativas de Cabaceiras. “Vemos aqui um embrião que a comunidade realizou a duras penas. Agora, sei dos anseios da cooperativa para dobrar a produção e dar mais emprego nessa cadeia produtiva. O modelo está pronto! Vocês precisam de apoio, sim. A OCB está aqui, vários sindicatos, vocês são exemplo, saio daqui da emocionada, com a certeza de que temos condições de fazer o Brasil que nós queremos, o Brasil daqueles que trabalham”.
A repercussão da fala da titular do Mapa repercutiu positivamente no setor. Roberto Rodrigues – coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas, ex-ministro da Agricultura, ex-presidente da OCB e primeiro latino-americano a presidir a ACI – Aliança Cooperativa Internacional –, o definir a posição da Ministra Tereza Cristina como “extremamente alvissareira”, recordou que ela “conhecia este movimento em seu Estado de origem, Mato Grosso do Sul, e sabia da grande contribuição que o cooperativismo oferece para o desenvolvimento socioeconômico equilibrado de todos os segmentos agropecuários e do agronegócio. Ela sabe como poucos que as cooperativas oferecem aos seus associados a tecnologia e os insumos mais recomendados para cada atividade do campo, e são as mais adequadas instituições que dão aos pequenos produtores a mesma condição de acessar mercados que os grandes tem, uma vez que alcançam escala no conjunto dos cooperados. Em seu Estado as cooperativas agropecuárias industrializam as matérias primas, agregando valor ao produto final, cumprindo sua missão doutrinária : corrigir o social através do econômico. Mais do que tudo, a Ministra sabe que as cooperativas são o mais perfeito parceiro para governos democráticos por causa da doutrina que norteia suas ações, em cujo DNA está a democracia econômica. Será uma grande parceira das cooperativas brasileiras e vice-versa”.
“Um momento histórico para o cooperativismo da Paraíba”. É assim que o presidente do Sistema OCB/Sescoop-PB, André Pacelli, resumiu o encontro da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, com cooperativistas paraibanos, frisando que o setor recebeu com satisfação a notícia da criação do novo programa federal voltado para o cooperativismo. “O programa vai fomentar o cooperativismo no país e incrementar a parceria com a OCB e nós do Sistema precisamos estar preparados para receber esta demanda. Por isto, os presidentes das OCEs do Nordeste já agendamos uma reunião para o próximo dia 8 para ver, entre outras coisas, como trabalhar estas questões. A ideia do programa é ajudar a desenvolver as cooperativas por meio da intercooperação. Isto acontece muito no ramo crédito, onde as maiores cooperativas são co-irmãs, oferecendo suporte e orientação estratégica a cooperativas menores”, comentou.
OCB prepara esboço de plano para o semiárido
Em reunião realizada em 19 de fevereiro, com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, entregou um esboço do Plano de Desenvolvimento Cooperativo do Semiárido Brasileiro, atendendo a uma solicitação do Governo do presidente Jair Bolsonaro, feita ainda na época da transição. Ao receber o documento, Tereza Cristina afirmou que “o cooperativismo pode ser a única solução para as dificuldades da região”.
Márcio Freitas explicou que o plano foi elaborado com o objetivo de traçar um panorama macro com sete eixos de desenvolvimento que possam contribuir para o progresso rural sustentável, o fortalecimento de atividades agroindustriais e de agregação de valor, a consolidação e expansão da infraestrutura regional e a organização social. Esses eixos – garante Freitas – “podem resultar no desenvolvimento do semiárido (formado pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) são os seguintes: infraestrutura básica, acesso e utilização dos recursos hídricos, fomento à tecnologia e inovação, sustentabilidade ambiental, desenvolvimento humano, geração de trabalho e renda organização social e produtiva. O Ministério da Agricultura acredita que o nosso modelo de negócios é o mais indicado porque se preocupa com o desenvolvimento socioeconômico das pessoas, gerando trabalho, emprego e renda para todos aqueles que decidem cooperar por um bem comum. As cooperativas estão à disposição para compartilhar informações técnicas e contribuir com a formulação de políticas voltadas para o setor agropecuário”.
Estiveram presentes na audiência, representantes de cooperativas como Aurora, Coamo, Cooxupé, Cocamar, Comigo, Agrária, Bancoob, Sicredi, Coopercana, Coopercitrus e Cooperalfa, além de parlamentares e dos secretários de Política Agrícola, Eduardo Sampaio Marques, de Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke.