Em 2014, a Embrapa lançou o documento Visão 2014–2034: o futuro do desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira, como primeiro grande resultado do Agropensa. Passados esses anos, o documento segue atual com informações importantes para quem vive o agronegócio no dia a dia, como o agricultor e todos os demais membros dessa cadeia, que cresce ano a ano e contribuiu significativamente para a balança comercial e a economia nacional.
Resultado da construção coletiva, o estudo foi organizado a partir de análises, seminários e painéis com especialistas que envolveram mais de 200 profissionais de Unidades da Embrapa e de instituições parceiras, nacionais e internacionais, além de representantes das cadeias produtivas agropecuárias nacionais.
Visão 2014–2034 traça um ciclo virtuoso de pesquisa e inovação da agropecuária brasileira dos últimos 40 anos, que fez do agronegócio brasileiro o supermercado mundo, mas que precisa ser intensificado para que o nosso país siga entre os principais produtores de alimentos do mundo.
Entre as recomendações do documento, destaque para a necessidade de se avançar em modelos de gestão que permitam maior aproveitamento de recursos financeiros, humanos e de infraestrutura, visando a maior parceria entre atores públicos e privados. É preciso governança que considere e administre não só a dimensão vertical da autoridade, mas também a dimensão horizontal da inteligência e do poder coletivos emanados da sociedade.
Os números do agro brasileiro
Os números do agronegócio brasileiro são sempre estimulantes e devem sempre ser lembrados e reforçados. Em 2020, o PIB do agronegócio brasileiro acumulou avanço recorde de 24,31% no ano, de acordo com cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Desse modo, a participação no PIB brasileiro foi de de 26,6%, contra 20,5% em 2019. Em valores monetários, o PIB do País totalizou R$ 7,45 trilhões em 2020, e o PIB do agronegócio chegou a quase R$ 2 trilhões
As exportações do agronegócio, por sua vez, em 2020, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), somaram US$ 100,81 bilhões, crescimento de 4,1% na comparação com 2019.; enquanto as importações de produtos do agronegócio apresentaram queda de 5,2%, chegando a US$ 13,05 bilhões. Como resultado dessa equação, a balança comercial do agro brasileiro resultou em superávit de US$ 87,76 bilhões para o setor.
E as estimativas seguem falando em recordes, como mostra o 6º levantamento da safra 2020-2021, divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em 11 de março, que sinaliza crescimento total na produção de 6%, para um volume estimado de 272,3 milhões de toneladas ou 15,4 milhões de toneladas superior ao obtido em 2019-2020.
Agropensa e Visão 2014-2034
O Agropensa – como informado na apresentação do documento – foi lançado em 2013, durante as comemorações dos 40 anos da Embrapa, e se constitui sistema que opera em rede, visando à produção e à difusão de conhecimentos para apoiar a formulação de estratégias de pesquisa e desenvolvimento e inovação. Busca, em essência, antecipar tendências e garantir o ajuste permanente das prioridades de pesquisa e de transferência de tecnologia, com vistas à inovação. Sua estruturação se inspira na lógica de cadeias produtivas, cada vez mais dependentes de conhecimento e tecnologias, e na convicção de que nenhuma organização detém sozinha todas as competências, para ajudar o País a enfrentar um ambiente cada vez mais complexo e dinâmico.
Ainda na apresentação do Visão 2014-2034, assinada pela então presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, é informado que, para orientar a condução do processo, fpram definidos “oito macrotemas que seguem a lógica das cadeias produtivas, e servem de filtro para os sinais captados e dão foco à coleta, organização e análise de informações relevantes para os grandes desafios tecnológicos nas diferentes cadeias produtivas agropecuárias”.
Os macrotemas listados, que integram o capítulo “Grandes desdobramentos tecnológicos nas cadeias produtivas agropecuárias”, são:
- Recursos naturais e mudanças climáticas.
- Novas ciências: biotecnologia, nanotecnologia e geotecnologia.
- Automação, agricultura de precisão e tecnologias de informação e comunicação (TIC).
- Segurança zoofitossanitária das cadeias produtivas.
- Sistemas de produção.
- Tecnologia agroindustrial, da biomassa e química verde.
- Segurança dos alimentos, nutrição e saúde.
- Mercados, políticas e desenvolvimento rural.
Foto de capa: Agriculturers.com