“Uma estação de monta clássica dura em média quatro meses, em um ano típico de boas chuvas, de outubro a janeiro, mas é possível encurtá-la para até três meses, a depender do grau de tecnologia aplicada na fazenda. Se iniciada no mês de outubro a estação de parição vai ser em agosto, no final da seca e início do período das chuvas, quando o pecuarista tem na propriedade um alimento de maior qualidade”, explica Julliano Pompei, médico veterinário do Grupo Matsuda. “O bezerro vai passar os próximos sete meses mamando ao pé da vaca com uma melhor oferta de alimento, e essa vaca terá melhor condição física para a produção de leite – o principal alimento para os primeiros dias da cria -, regressão uterina, reestabelecimento hormonal e reconcepção”, observa.
“Depender da sorte para emprenhar vacas é o mesmo que querer ganhar na loteria, sem jamais comprar um bilhete”, afirma Pompei, chamando a atenção dos produtores para a oportunidade da Estação de Monta que vem aí, sugerindo planejamento estratégico de suplementação como caminho para alcançar a melhor taxa de prenhez do rebanho.
“Se o touro passar fome dentro do útero da mãe ou, se o sêmen desse touro for implantado em uma vaca e o bezerro dessa vaca passar fome dentro do útero, essa má nutrição passa a contribuir, de modo negativo, para o melhoramento porque não lhe foi fornecido o que eles precisavam para que pudessem demonstrar seu desenvolvimento, principalmente na hora da reprodução, e todo o seu potencial genético”, alerta o técnico, ensinando que, “com um bom planejamento nutricional para a Estação de Monta nas mãos, o pecuarista não só afasta a má sorte de sua propriedade, como garante quantidade e qualidade de bezerros, ensina.
Dentro das estratégias de uma EM, deve-se iniciar com as novilhas, pois, quando se tornarem primíparas elas vão precisar de um tempo maior para se recuperar e entrar em cio novamente, uma vez que estarão passando pelo primeiro stress do parto, lactação e ainda em fase de crescimento, o que vai demandar níveis mais elevados de nutrientes. Quando atingirem cerca de 70% do peso de um animal adulto de sua raça e tiverem apresentado pelo menos dois cios elas estarão prontas para iniciar na EM.
“Uma coisa é o peso e a outra é a maturidade sexual; não se pode criar as fêmeas apenas para engordar; não se pode fornecer ração de boi, proteinado, produtos de engorda para as novilhas ganharem peso, se elas não tiverem um bom amadurecimento sexual”, assinala Pompei.
De acordo com o profissional, o ideal é iniciar a EM no início da época das águas, um momento mais favorável para que as vacas entrem em cio, seja dos touros, seja da inseminação artificial, programadas em tempo fixo, ou mesmo por meio da observação de cio pois, para produzir bezerro com qualidade, é preciso observar o estado corporal da mãe.
“Uma vaca magra, que passou a seca inteira sem ser suplementada, não terá condições de apresentar índices de prenhez, durante a fase de reprodução. É aí que entra a suplementação estratégica garantindo o fornecimento de proteinados no período seco do ano, para que a vaca termine-o com um bom escore corporal e esteja apta a emprenhar de novo. Na escolha do suplemento mineral é preciso observar a formulação como um todo, tendo em mente que os macros e os micros minerais são fundamentais para a fertilidade e qualidade de sêmen”, enfatiza o técnico.
Além disso, na visão de Pompei, o sistema imunológico está diretamente ligado à nutrição: “Quando os animais passam por algum estresse – e nada é mais estressante para uma vaca que a estação de monta -, isso afeta-lhes o sistema imunológico e deixa-os vulneráveis a alguns patógenos secundários. Por isso a boa mineralização influencia, não somente no aparecimento de cio, mas também na defesa do organismo desses animais e na qualidade dos bezerros que vão nascer”.
O veterinário da Matsuda alerta sobre o cuidado necessário com o sêmen dos touros, categoria animal que deve ser mineralizada com produtos específicos para reprodução. Dentro do sistema de monta tradicional, um touro é responsável por cobrir pelo menos 25 vacas, ou seja, enquanto uma vaca nos dá um bezerro por ano o touro dá, em média, 25, portanto, é fundamental cuidar da mineralização desse animal durante o ano todo. O touro, que está dentro de uma central, precisa ter qualidade e vigor de sêmen, para que, quando essa dose de sêmen for utilizada à campo ela traga um bom índice de prenhez.
Existem touros de certas centrais de inseminação que apresentam problemas de congelamento por conta da má mineralização. Por causa disso, muitas centrais utilizam o Matsuda Fós Reprodução e o Matsuda Fós Reprodução Embryo porque esses produtos têm uma concentração mais elevada de macro e micro minerais, justamente para que esses animais tenham reservas nutricionais. “Essa categoria precisa de produtos específicos como os de cria e de reprodução, mesmo porquê o sêmen de hoje foi produzido há 72 dias, por isso a má nutrição de ontem, trás, sim, consequências para o hoje e o amanhã.
Vacas derrubando bezerros — De acordo com os dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP), os valores dos bezerros no estado de São Paulo, nos últimos 10 anos subiram na mesma proporção que o do Boi Gordo. Para Pompei existe muita margem para o pecuarista crescer e se tecnificar, sendo possível sair de uma média de prenhez de 65% — 70% é o índice nacional –, para médias mais otimistas, acima de 80%. Porém, para que isso ocorra é preciso investir em suplementação mineral. “Hoje, o bezerro está muito valorizado, então, o que nos cabe é agregar-lhe peso; e, para negociar o animal é preciso ter qualidade. Um exemplo é o aumento das vendas de sêmen, onde, somente no primeiro semestre, tivemos um crescimento de 47% nas raças de corte”.
Para se ter uma pecuária mais competitiva, aproveitando-se ainda mais dos preços valorizados dos bezerros, é preciso emprenhar as fêmeas o quanto antes. Estamos passando pela estação de parição, as vacas estão derrubando bezerros, portanto, é hora de aproveitar os preços do mercado, e começar a preparar a safra 2021/2022”, alerta Julliano Pompei.
Atualmente, no sistema de produção brasileiro 2,4% do rebanho é terminado em sistema de confinamento, 1,6% em sistema de semi-confinamento (sistema que vem crescendo nos últimos anos, principalmente pelo seu baixo custo de implantação), e 0,4% terminado em sistema de pastagem de inverno, em razão do clima de algumas regiões do nosso país, mas, o que realmente chama a atenção é que 96% do rebanho é criado em pastagens tropicais. Uma vez que o assunto é Estação de Monta, o que interessa em um primeiro momento são as fêmeas, e 29% de todo o rebanho é composto por vacas, 13% são novilhas de um a dois anos e 9%, novilhas de dois a três anos. “Estamos falando de 51% do rebanho”, salienta o veterinário, e recomenda: “Para termos uma pecuária mais competitiva, aproveitando-se ainda mais dos preços valorizados dos bezerros, é preciso emprenhar as fêmeas o quanto antes”.
Foto: Grupo Matsuda