Ação pela preservação da onça-pintada no Pantanal ganha novo apoiador

Instituição voltada à preservação de mais de 40 espécies de felinos no mundo, incluindo a onça-pintada no Pantanal, a ONG Panthera, que, entre outras ações, faz a avaliação da eficácia do cercamento elétrico de uma propriedade da ONG (Fazenda Jofre Velho, Pantanal Norte, região do Porto Jofre – Poconé/MT) contra o ataque a bovinos pelas onças-pintadas no Pantanal e também em propriedades pecuárias de outras regiões do País.

Para este projeto, foram eletrificados três piquetes nas proximidades da sede da fazenda, em área de 20 hectares. Nesses piquetes são mantidos grupos de animais mais vulneráveis, como bezerros recém-desmamados.

A Fazenda Jofre Velho está localizada na porção norte do Pantanal, possui 10 mil hectares e, no período da seca, direciona aproximadamente 2 mil ha para pecuária extensiva. O propósito da propriedade é a conservação e pesquisa da onça-pintada. Esse trabalho envolve várias iniciativas: a Jofre Velho conta com escola para a comunidade, é reconhecida pelo trabalho de pesquisa ligado à ecologia e conservação da onça-pintada, realiza periodicamente experimentos com estratégias para prevenção e diminuição dos ataques ao gado – incluindo o uso de cercas elétricas – e tem parceria com guias de turismo para desenvolver boas práticas de turismo na observação de onça-pintada no Pantanal.

Segundo os pesquisadores da ONG Panthera Brasil, Rafael Hoogesteijn (supervisor da fazenda e da Panthera Brasil) e Fernando Tortato (biólogo responsável), já estão em funcionamento em outras fazendas do Pantanal (assessoradas pela Panthera Brasil e o Instituto do Homem Pantaneiro) sistemas de cercas elétricas com desenho antidepredação com resultados muito positivos.

A mais recente adesão ao projeto é da Belgo Bekaert Arames que – de acordo com Guilherme Vianna, gerente de negócios da Belgo Bekaert Arames, e Elias Pelachim, responsável técnico da Speed Right Cercas Elétricas, também parceira do projeto – está “otimista com este trabalho pela parceria com uma ONG reconhecida pelo empenho na preservação de uma espécie ecológica e turisticamente importante para a nossa fauna (onça-pintada), que corre sérios riscos de extinção, assim como para a prevenção de eventuais prejuízos causados por ataques a bovinos em propriedades rurais do Pantanal. Especialmente em regiões com falta de presas naturais, as onças-pintadas atacam os rebanhos de criações domésticas, causando perdas significativas para os produtores. As cercas elétricas representam um eficaz meio não letal para evitar o confronto entre os produtores rurais e as onças-pintadas”.

A iniciativa tem como fonte inspiradora o estudo publicado em 2012 por Sandra Cavalcanti, Peter Crawshaw e Fernando Tortato, com foco na predação e no comportamento de onças-pintadas. O trabalho envolveu a instalação de cercas elétricas em parte do perímetro de uma propriedade rural no Pantanal (Corumbá, MS) e em zoológicos de São Paulo (Sorocaba e Guarulhos). O experimento constatou redução parcial dos ataques a bovinos pelos felinos na área de pastagens. Já em sistema de cativeiro, no qual os testes foram realizados em três dias e uma noite num período de 30 minutos, foram colocados pedaços de carne numa zona protegida por cerca elétrica e realizado monitoramento do comportamento dos felinos em relação à presença da cerca.

O trabalho científico concluiu que o afastamento total de predadores devido ao uso de cercas elétricas dificilmente ocorre, pois diversos fatores influenciam em sua efetividade, como motivação e experiência anterior com cercas, dentre outras. O sucesso da redução dos ataques ao gado pela espécie Panthera onca resulta numa combinação e análise de diversos pontos, incluindo motivação predatória dos felinos e seu aspecto biológico, características ambientais, fatores culturais, motivações de proprietários de fazendas e outros aspectos. “É necessária maior integração entre todos os envolvidos na causa”, apontaram os responsáveis pelo estudo.

“Acreditamos que essa parceria proporcione bons resultados e seja capaz de conscientizar a população do campo a resolver questões como essa de maneira justa e eficiente, evitando tanto as perdas desnecessárias na pecuária como a matança retaliatória e, consequentemente, a extinção de espécies que significam tanto para o ecossistema”, afirma Guilherme Vianna, da Belgo Arames.

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