Há alguns meses, o agropecuarista brasileiro convive com extremos resultantes das mudanças climáticas: seca nas lavouras da região Sul e de parte do Mato Grosso do Sul; enchentes no Centro-Oeste e Nordeste, sobretudo Minas Gerais, Tocantins, sul do Maranhão e Bahia.
Independentemente de qual situação for tomada como exemplo, o resultado esperado, de acordo com os mais recentes cálculos de secretarias estaduais de Agricultura e de consultorias, é o mesmo: quebra de produção do ciclo verão da safra de grãos. E a pecuária e os demais segmentos produtores de proteína animal também são afetados.
Uma ferramenta importante na minoração do risco é o seguro rural, agrícola e pecuário, que, mesmo registrando crescimento ao longo dos anos, mas atende, se muito, 15% da área produtiva no território brasileiro e menos de 1% do rebanho bovino.
Oferecidas primordialmente por bancos e cooperativas de crédito, essas modalidades de seguro permitem que o agricultor se recupere e possa dar continuidade à produção, reduzindo os impactos em toda a cadeia produtiva e oferecendo ao produtor meios para garantir o seu retorno financeiro dos pesados investimentos em insumos, equipamentos e mão de obra.
“A contratação do seguro deve atender as necessidades específicas do agricultor e levar em conta o tipo e o tamanho da lavoura. Além disso, pode abranger o patrimônio do produtor, o crédito para venda dos produtos e até oferecer cobertura à vida do empreendedor rural”, explica Rafael Guazelli, advogado especialista em Direito Agrário, Bancário e Tributário, frisando que o valor que o agricultor desembolsa na contratação vai de 3% a 15% do custo de produção, variando de acordo com a região e com a amplitude da cobertura.
Há três tipos de seguros agrícolas. No de Custeio, a cobertura ocorre apenas sobre o que foi investido para a produção da cultura. Na modalidade de Produtividade, que é o tipo mais procurado, o seguro garante o investimento, assim como a expectativa dos ganhos com a produção. O mais completo é o seguro sobre a Receita, que além dos tipos anteriores, também engloba a variação de preço do produto durante o período de cobertura”, explica o advogado.
Guazelli deixa também um alerta: “O produtor que se interessa pelo serviço tem de buscar todas as informações possíveis antes de assinar o contrato. Pesquisar as melhores opções e instituições idôneas, que ofereçam as melhores condições e estejam de acordo com seu perfil, além de tirar todas as dúvidas antes da assinatura, são praticamente obrigações do cliente. E nada melhor do que contar com um especialista na área para oferecer segurança jurídica na operação e fornecer orientações adicionais que podem ser necessárias na hora de acionar a seguradora”.
Subvenção ao prêmio
Entre os caminhos para facilitar o acesso do produtor à ferramenta, a Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), por exemplo, de acordo com seu presidente institucional, Cesario Ramalho, destaca a subvenção ao prêmio, comum nos principais países produtores como mecanismo de gestão de riscos que o Brasil não pode prescindir.
“A despeito de avanços no orçamento destinado à subvenção federal nos últimos anos – embora ainda muito aquém do satisfatório -, os recursos também sofrem com rotineiros contingenciamentos, o que prejudica o acesso do produtor”, reforça Ramalho, explicando que, “além de insuficiente, a verba ofertada não chega no tempo certo à ponta final, o que é crucial para a atividade agrícola. O seguro rural é tradicionalmente caro em todo o mundo, e a subvenção, presente nos principais países produtores, é um mecanismo de gestão de riscos que o Brasil não pode prescindir.”
Ramalho também cita a expansão de produtos e serviços privados dedicados a fomentar novas fontes de crédito para o agronegócio e comenta que “nesta jornada, as ferramentas digitais têm sido relevantes para ampliar as oportunidades de financiamento agrícola. A tecnologia da informação vem permitindo a entrega de dados, que ajudam a personalizar as propostas de crédito, de acordo com o histórico e perfil do produtor. No caso do seguro rural, esta possibilidade pode ter impacto positivo para baratear o valor do prêmio das apólices, e contribuir para expansão do mercado.”
Ferramentas digitais
Reconhecendo que a contratação de seguros ganha impulso com ferramentas digitais que facilitam as cotações, contratações e gestão pós-venda durante toda a safra, transformando o seguro rural em uma prestação de serviços mais especializada e com valor agregado, Fabio Damasceno, diretor de agronegócio da FF Seguros, vem constatando uma “corrida tecnológica, que está se intensificando especialmente no campo. As corretoras do agro vêm evoluindo mais rápido do que o mercado médio de corretores. Os nossos corretores trazem novas opções de ferramentas e isso até vem mudando a nossa estratégia de inserção no mercado”.
A corretora trabalha com a ideia de que cada apólice seja única, principalmente quando voltada à agropecuária. Isso significa, na visão de Damasceno, “características e precificação de acordo com o perfil de cada produtor e histórico de produção na sua fazenda. A adoção de ferramentas de agricultura de precisão e plataformas inteligentes que monitoram informações tais quais imagens de satélite e dados de solo vão permitir atingir esse objetivo”.
Pensando nisso, a FF Seguros está ampliando a parceria firmada com a empresa de agricultura de precisão Farmers Edge, visando a ofertar novas soluções aos agricultores que favoreçam a contratação de seguro. “A ferramenta já está disponível para corretores, dando acesso às imagens de satélite e dados de clima. A partir de agora, vamos implementar e fornecer dados da análise fenológica dos cultivos e experimentar a telemetria das máquinas para o seguro, de forma a melhorar o serviço para o produtor”, conta Damasceno, ao informar que a empresa também investe na formação e especialização dos corretores e, neste ano, lançará projeto de treinamentos específicos para os corretores do agro e capacitações para os peritos de campo.
A BB Seguros também faz uso de tecnologia. Ulisses Assis, presidente da empresa, enfatiza que “os serviços dos seguros rurais oferecidos pela BB Seguros são verdadeiras ferramentas de gestão de lavouras, com sensoriamento remoto e geoprocessamento, trazendo previsibilidade e tranquilidade ao produtor”.
Pecuária: muito a crescer
Se na agricultura o seguro rural e agrícola é pouco utilizado pelo produtor, no caso da pecuária a situação é ainda mais sensível, embora venha avançando nos últimos anos.
Baseando-se em dados do Atlas do Seguro Rural, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Karen Matieli – sócia proprietária da Denner Agro, coordenadora da Comissão de Riscos Rurais (Sincor-SP) e coordenadora de Seguros Rurais da Abraleite – informa que, em 2020 foi registrado um crescimento de 385% de apólices de pecuária subvencionadas, em comparação a 2019, com emissão de 1.722 apólices com valor total segurado de R$ 976,19 milhões.
Números de 2021 dessa mesma publicação mostra que foram emitidas 3.594 apólices de seguro para a pecuária às quais somam-se 2 apólices de seguro de pastagem. Matieli garante que, desse total, a corretora respondeu pela contratação de mais de 1.000 apólices de bovinos espalhados em todas os Estados, disseminando a cultura do seguro entre pequenos, médios e grandes pecuaristas de todo Brasil, totalizando número superior a 45 mil animais.
Mesmo com essa evolução, menos de 1% do rebanho brasileiro é assegurado e tem direito à indenização em caso de morte do animal decorrente de acidentes, doenças (salvo pré-existentes e epidêmicas), asfixia por sufocamento ou submersão, eletrocussão, incêndio, insolação e raio, envenenamento, intoxicação e ingestão de corpo estranho acidentalmente, luta, ataque, picada ou mordedura de animais, parto ou aborto, além de coberturas para perda de função reprodutiva, fertilidade, prenhes, produtos ao pé.
Parceria para manter liderança
Nesse universo do seguro rural, agrícola e pecuário, a BB Seguros tem posição de destaque inquestionável. Para preservar suas conquistas e continuar seu crescimento, cria produtos e realiza parcerias. Entre as novidades, está acordo comercial com a plataforma integradora Agrogalaxy, para a comercialização dos seus produtos voltados ao agronegócio.
Desenvolvida com o apoio de toda a rede do Banco do Brasil, a parceria permitirá que a Agrogalaxy incorpore os seguros rurais da BB Seguros ao seu portfólio, que inclui insumos agrícolas, produção de sementes, originação, armazenamento e comercialização de grãos, além de prestação de serviços agrícolas.
“A parceria com a Agrogalaxy vem para consolidar o caráter de ferramenta de gestão dos seguros rurais oferecidos pela BB Seguros, por meio da ampliação da penetração da cultura de seguros no campo, aproveitando a expertise e capilaridade do nosso novo parceiro. São parcerias como esta, além do trabalho incansável de nossas equipes, que nos permitem solidificar a nossa liderança neste setor-chave da economia brasileira”, celebra Ulisses Assis, presidente da BB Seguros.