Levar informação às mulheres do campo enfatizando que toda lactante é uma possível doadora de leite humano é ação empreendida pelo movimento Todos a Uma Só Voz via apoio do projeto Lactare. “É um projeto importante porque doar leite é doar esperança. Afinal, um grande gesto pode salvar a vida de quem mais precisa”, afirma Ricardo Nicodemos, idealizador e mentor do Movimento.
A motivação está fundamentada na ausência de estudos sobre o aleitamento materno na área rural, pois isso não significa que a prática é irrelevante, afinal, o leite materno é a principal fonte de nutrição dos recém-nascidos e o único alimento recomendável até os 6 meses de idade do bebê.
Com uma composição química bem balanceada, o leite materno é capaz de suprir as necessidades fisiológicas do bebê. De fácil digestão, o alimento ainda mata a sede e provê a primeira proteção imunológica ao recém-nascido, ajudando a protegê-lo contra diarreias, inflamações no ouvido e doenças respiratórias. O ato de sugar também é um exercício importante para o desenvolvimento adequado da musculatura facial do bebê.
No entanto, a amamentação exclusiva aos filhos recém-nascidos nem sempre é possível. Desta forma, existem campanhas nacionais de incentivo à doação do leite materno excedente. Em 2020, por exemplo, mesmo com o novo coronavírus, o volume de leite doado foi 2,7% superior ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Saúde. De acordo com o órgão governamental, a partir da doação de 182 mil mulheres foram coletados 229 mil litros de leite materno, sendo que 157 mil litros foram distribuídos, beneficiando 212 mil recém-nascidos.
Apesar do aumento, as instituições de saúde acreditam que é preciso avançar mais. Por isso, existem os bancos de leite espalhados por todo o País como, por exemplo, o Lactare, o primeiro banco de leite privado idealizado por uma farmacêutica, a Eurofarma. Criado há dois anos, o projeto social orienta as mães que estão em fase de amamentação e as estimula a doar seu leite excedente, ajudando a nutrir recém-nascidos internados em UTIs neonatais.
“A partir do momento que uma mãe doa o leite materno, ela está doando uma vida a mais para o recém-nascido da UTI. Existem comprovações que o bebê que recebe este alimento sai antes da internação. Isso já é um motivo de muito orgulho para nós”, diz a idealizadora do projeto Lactare, Maíra Billi.
Desde o início do projeto, o Lactare coletou mais de 2,6 mil litros de leite, ajudando na recuperação de mais de mil recém-nascidos internados nas UTIs dos Hospitais Gerais de Itapevi, Cotia e Carapicuíba, na Grande São Paulo.
Incentivo a doação no campo
Muito tem se falado sobre a presença da mulher no Agro, mas é preciso ter um olhar mais abrangente que transcenda o exercício laboral. Desde sempre a mulher é protagonista e contribuiu para que o setor alcançasse sua atual posição de liderança, reforça Nicodemos, enfatizando que, muito mais que a figura profissional, a mulher desempenha vários papéis, dentre eles o de ser mãe, tendo a amamentação como uma das grandes demonstrações de cuidado e amor pelos seus filhos.
Amamentar também é um ato de proteção e que precisa começar a ser preparado antes mesmo do nascimento do bebê. A alimentação e dieta adequadas, exercícios, aprendizado sobre assepsia e cuidados com os seios, são algumas das muitas informações que a futura mamãe precisa saber. Mas também precisa saber que a doação de leite materno constitui um ato humanitário.
Nesse sentido, projetos como o Lactare são tão importantes para a propagação de conhecimento e de ajuda, tanto para as mamães que precisam receber a doação de leite para amamentar seus filhos, quanto para as mães que podem doar.
“As mulheres do campo são verdadeiras heroínas que desempenham vários papéis: além de produtoras, são mães, educadoras e donas de casa. Muitas dessas mulheres, especialmente as que fazem parte da agricultura familiar – das micros e pequenas propriedades – têm limitação de acesso às informações sobre como doar e como receber a doação do leite materno”, declara Nicodemos.
“Quando conhecemos o projeto Lactare nos encantamos com seus propósitos e entendemos que o nosso Movimento pode contribuir ajudando a disseminar as informações de uma iniciativa tão bonita e louvável como essa. Afinal, assim como o Agro é paz, o amamentar é vida e amor. E nós queremos propagar paz, vida e amor”, acrescenta o idealizador do Movimento, lembrando que “toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Basta ser saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação. Para ser uma doadora, procure os locais do banco de leite humano mais próximo da sua residência para entregar a sua doação”.
Todos a Uma Só Voz
Lançado oficialmente em fevereiro de 2021, conta com a ajuda de diversas associações, empresas e profissionais que trabalham unidos em prol de gerar e disseminar conhecimentos de boa qualidade e estimular a empatia da população urbana pelo campo e pelos produtores e produtoras.
O Movimento tem o apoio institucional da Esalq-USP, Abag, Abagrp, Abcc, Abia, Abiarroz, Abiec, Abisolo, Abitrigo, Abmra, Abpa, Abrafrutas, Abraleite, Abrasel, Agroligadas, Agroreset, Aipc, Ama Brasil, Anda, Andav, Aprosoja-RO, Asbram, Capitalismo Consciente, Cecafé, Cicarne, Climatempo, Congresso Das Mulheres, Fenep, Grupo Mulheres Do Brasil (Comitê Agronegócio), Ibá, Ibrahort, Liga do Agro, Pecege, Sae Brasil, Sindan, Sindirações, Sistema OCB, SNA, Yami.
Tem o apoio comercial das empresas Agroline, Attuale, Coelho&Morello, Companhia de Estágios, Lamarca, RCom, RV Mondel, TrahLahLah.
O GestAgro 360° é apoio de mídia do movimento.