A mesa-redonda “Agregação de valor” – no segundo dia do Youth Agribusiness Movement International (YAMI), em 26 de outubro – debateu o desafio de agregar valor à produção agropecuária, por meio de investimentos em equipamentos e treinamentos, que oferecem maior lucratividade ao produtor.
Os debatedores, selecionados entre especialistas do mercado, levaram informações e exemplos práticos aos jovens do setor, que acompanharam o evento, evidenciando as mudanças ocorridas no mercado, destacando que a originação de alimentos e as matérias-primas utilizadas na produção de alimentos estão diretamente ligadas ao valor real e percebido pelo consumidor.
Participaram do debate o CEO da AgroAcademy, Rodrigo Loncarovich; o especialista em Gestão, Auditoria e Perícia Ambiental, Emanuel Pinheiro de Faria; e o gerente de Marketing Tático da John Deere, Felipe Santos; com moderação da advogada especialista em agronegócios, Ticiane Figueiredo.
A importância da capacitação profissional no campo e como ela pode trazer vantagens financeiras às propriedades, por meio do aumento da rentabilidade ao produtor, foi destacada pelos participantes. “Há alguns anos, percebi que a maneira tradicional que as empresas capacitavam suas equipes e até mesmo seus clientes para utilizar as tecnologias no campo não acompanhou a evolução digital do setor, que passou a recorrer mais a vídeos, com o uso de celulares, e menos a manuais impressos”, destaca o CEO da AgroAcademy, Rodrigo Loncarovich.
Diante disso, Loncarovich ressaltou as vantagens de um treinamento online, que, além de atingir um grupo maior, ainda oferece canais diretos para sanar dúvidas dos usuários. “Os cursos presenciais, muitas vezes, deixavam dúvidas no momento da aplicação do conhecimento na prática, fator que é minimizado com a interação online. Além disso, aproxima e amplia a transferência do conhecimento entre quem fabrica a tecnologia e quem vai usar, aumentando a lucratividade”.
Ele enfatiza a importância dessa mudança, destacando que os treinamentos online ajudaram a combater um dos maiores gargalos do setor: a falta de mão-de-obra. “Muitos profissionais de outras áreas de fora do agro e até mesmo aqueles que atuam nos negócios do campo viram uma oportunidade de crescer profissionalmente, ou mudar de área, com os treinamentos e cursos em canais digitais”.
A relação da legislação e a agregação de valor ao campo
Além das mudanças ocasionadas pela pandemia, o agro também foi impactado por diversas alterações e adequações na legislação brasileira, que exigiram das propriedades uma gestão mais assertiva e uma regularização mais acirrada, como, por exemplo, no campo ambiental.
“Infelizmente, a teoria não dá conta da prática. Muitas vezes o produtor rural não tem conhecimento de que está irregular, de que precisa de certas licenças e que a lei mudou, fatores que impactam diretamente a cadeia do agro”, pontua a advogada Ticiane Figueiredo.
Para o engenheiro agrônomo e especialista em Gestão, Auditoria e Perícia Ambiental, Emanuel Pinheiro de Faria, além das alterações nas legislações, há também exigências legais estaduais ou municipais que impactam a produção do campo. “Temos uma série de leis e regulamentações que, como costumo brincar, parecem uma sopa de letrinhas. A legislação, principalmente a ambiental, deve estar inserida na gestão e no planejamento de todas as propriedades, mesmo as que não estão produzindo”, afirma.
Essas regulamentações, segundo ele, estão diretamente ligadas a fatores que agregam valor à produção. “Precisamos pensar além de uma relação de custo x benefício. Sabemos que a exigência do consumidor, mundialmente, é cada vez mais ampla e ela que dita a demanda interna e externa. Por isso, a necessidade de se agregar valor vai além da industrialização de um produto primário. O consumidor espera uma experiência e é isso que precisamos entregar para ele”.
ESG e o Agronegócio
A sigla ESG (environmental, social and governance em inglês) é usada para se referir a uma busca contínua por melhores práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio.
Nesse sentido destacam-se iniciativas que impactam de forma positiva as três áreas que compõem o conceito. “As empresas, e também as propriedades rurais, que buscam se adequar a esse conceito devem ter suas ações com um reflexo na sociedade e no ambiente em que estão inseridas. Ou seja, a mesma diversidade que enxergamos fora delas deve estar presente dentro também”, aponta o gerente de Marketing Tático da John Deere, Felipe Santos.
Santos apresentou como exemplo o case de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) da Fazenda Santa Brígida, localizada em Ipameri (GO), que possui cultivo de milho, soja, criação de gado e eucalipto. “Há mais de dez anos, a propriedade atua nesse sistema e, em uma pesquisa da Embrapa, pudemos comprovar os resultados, de forma que a agregação de valor se tornou dinheiro para o produtor, além de uma iniciativa de cunho ambiental e social, pois foi necessária a capacitação da equipe para atuar com a integração”.
Ele destaca a importância da tecnologia nesse processo, principalmente com a coleta de dados e seu uso para melhorar os índices da propriedade. “Temos que usar essas informações como combustível para gerar ainda mais valor ao agricultor. Hoje, a maior parte dos equipamentos já oferece a coleta de dados aos produtores. Precisamos entender cada vez mais como utilizar e automatizar esses dados, para que o produtor tenha acesso a eles, com mais confiabilidade”.
“Assistimos um movimento no qual cada vez mais jovens e mulheres estão se envolvendo na gestão da fazenda. Isso agrega valor social e rentabilidade. Além disso, a educação, por meio da capacitação, e a legalidade da situação socioambiental da fazenda também são fatores que auxiliam no desafio de trazer mais valor à produção do campo e fazer com o que o negócio seja mais rentável”, conclui Ticiane Figueiredo.
GestAgro 360° é parceiro de mídia do evento.