A resposta é dada por Mathieu Piccin, diretor de Serviços de Energia e Sustentabilidade para América Latina da Schneider Electric, ao reforçar que, com um grande potencial de mercado pela frente, o consumidor precisa estruturar as melhores estratégias e saber como obter vantagem em um mercado ainda pouco explorado, pois há “muitas oportunidades e um book de alternativas para cada perfil de cliente que queira atingir metas econômicas e/ou de sustentabilidade”.
Embora a prática ainda seja algo pouco explorada, o Brasil tem grande potencial para o mercado de compra e venda de energia. Geralmente, os grandes compradores de energia no Brasil operam em ambiente de livre mercado. Os consumidores podem adquirir eletricidade no atacado — e, assim, recorrem a estruturas de contratos de energia renovável, como os acordos de compra de energia (PPAs).
Confira!
Como deve ser o mercado de compra de energia em 2021? Quais serão as diferenças em relação aos anos anteriores?
Desde 2004, quando foi criado o ambiente de contratação livre, o mercado de energia passa por constantes alterações estruturais – regulatórias que, junto com questões macroeconômicas e aspectos específicos inerentes ao mercado de energia, dificultam a previsibilidade da direção do setor. Com essa ressalva, acredito que 2021 ainda deva apresentar alguns sintomas do que aconteceu na crise de 2020: imprevisibilidade da carga, insegurança jurídica e incerteza hidrológica. Esses são os resquícios que podem permanecer vigentes nesse ano. Do ponto de vista do consumidor, o mercado de energia de 2021 deve continuar apresentando muitas oportunidades e um book de alternativas para cada perfil de cliente que queira atingir metas econômicas e/ou de sustentabilidade . As práticas do mercado, ao longo dos anos, tendem a enxergar a energia como serviço em vez de produto, o que acaba abrangendo as alternativas para os consumidores que desejem eficiência na compra de energia.
Qualquer empresa pode comprar energia? Ou depende de tamanho, segmento e região?
Embora o mercado livre de energia esteja caminhando em direção a uma abertura cada vez maior, atualmente, ainda existem alguns pré-requisitos que as empresas precisam atender para que possam comprar energia neste mercado. Não há restrições quanto ao segmento em que as empresas atuam, porém, um dos principais pré-requisitos refere-se a demanda contratada junto a distribuidora, sendo que a soma de todas as unidades consumidoras que possuírem mesma raiz de CNPJ e estiverem localizadas no mesmo submercado, deve atingir o mínimo de 500 kW para que sejam elegíveis a migrar para o mercado livre de energia. Submercados são divisões do SIN (Sistema Interligado Nacional) para as quais são estabelecidos preços de energia específicos e cujas fronteiras são definidas em razão da presença e duração de restrições relevantes de transmissão aos fluxos de energia elétrica no SIN.
Quais são as melhores estratégias para comprar energia de forma eficiente?
Quando falamos de estratégia para compra de energia, o ponto mais importante a ser levado em consideração é que a definição e execução da estratégia é um trabalho feito a quatro mãos, entre consultoria e cliente. Cabe à consultoria entender as necessidades e particularidades de cada empresa e adaptar estes pontos em um modelo personalizado de gestão da energia, alimentando o modelo com ferramentas de gerenciamento de risco, informações de mercado e sendo a voz do cliente junto aos fornecedores no momento de negociar valores e condições comerciais. Ao cliente, cabe assimilar os conceitos de gestão internamente, adaptando procedimentos quando necessário e otimizando o processo de tomada de decisão para que a estratégia esteja 100% alinhada com as recomendações da consultoria e para que haja celeridade no momento em que as melhores oportunidades surgirem. Com este contexto em mente, podemos ilustrar algumas estratégias mais simples e comuns como:
- Estratégia conservadora – tomada de preços em longo prazo (4 anos ou mais) e volumes integrais (100% do consumo);
- Estratégia agressiva – tomada de preços a curto e médio prazo (no máximo 2 anos) e volumes parciais (várias compras fracionadas com percentuais reduzidos de consumo);
- Estratégia híbrida – basicamente, uma composição das duas anteriores. Com parte do portfólio atrelado à contratos de longo prazo e preços bem definidos e parte exposta aos riscos (e oportunidades) de mercado.
No que isso pode beneficiar uma empresa?
Comprar energia de forma eficiente é essencial para a competitividade das empresas no longo prazo, principalmente, para aquelas em que a parcela do custo de energia tem grande impacto nos gastos totais da companhia, assim como aquelas que possuem compromissos com o meio ambiente. Definir estratégias que envolvam uma gestão de risco refinada pode trazer uma economia de milhões de reais ao se evitar a compra de energia em momentos inoportunos. Além de entender o melhor momento para a contratação de energia, definir os volumes e os prazos do contrato também são itens fundamentais para que o consumidor se beneficie a médio e longo prazo. Ademais, não é apenas no âmbito financeiro que há formas eficientes de se contratar energia, mas também no que diz respeito à sustentabilidade, uma vez que existem contratos de energia que beneficiam o consumidor a reduzir suas emissões de gás carbono já que são provenientes de fontes de geração renovável. Essas são algumas das justificativas pelas quais o apoio de uma consultoria especializada no setor é recomendada para consumidores de energia que buscam extrair o melhor de suas estratégias de contratação.