A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) destacou que o Mapa está trabalhando para estimular a organização das mulheres no campo, ao participar em 26 de outubro da abertura do 5º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. Participaram da conversa a ministra da Agricultura de Portugal, Maria do Céu Antunes; e a líder da Aliança das Cooperativas Internacionais da América Latina, a uruguaia Graciela Fernandez; sob moderação da jornalista Mônica Waldvogel.
Tereza Cristina defendeu o cooperativismo como uma das formas de organização das produtoras rurais para terem acesso a tecnologia, mais crédito e recursos produtivos, desafios enfrentados por elas no campo. Além disso, os setores organizados conseguem se recuperar de forma mais rápida diante de uma crise, como ocorre durante a pandemia do coronavírus. As cooperativas, por exemplo, receberam R$ 60 milhões como crédito extra para capital de giro na pandemia.
A ministra relatou que o setor de hortifrútis enfrentou dificuldades no início da pandemia, em razão do fechamento das feiras livres, mas conseguiu se recuperar por ter se organizado. Ela contou que recebeu sugestões, inclusive, de cooperativas lideradas por mulheres de como deveria ser a retomada das vendas de frutas e hortaliças.
“Onde nós temos a organização, uma cooperativa com mais experiência, fica mais fácil ainda [a recuperação]. Qualquer tipo de organização é mais benéfico, e as coisas acontecem mais rapidamente e os prejuízos são menores”, disse a ministra no encontro virtual.
No Brasil, 19% dos estabelecimentos rurais são dirigidos por mulheres, totalizando quase 1 milhão que trabalham como produtoras, segundo Censo Agropecuário 2017, do IBGE. A maioria está na Região Nordeste (57%), seguidas pelo Sudeste (14%), Norte (12%), Sul (11%) e Centro-Oeste (6%).
De acordo com Tereza Cristina, o cooperativismo é uma das linhas de ação do AgroNordeste, programa voltado para pequenos e médios produtores da região que já comercializam parte da produção, mas ainda encontram dificuldades para expandir o negócio. A ministra informou que o Mapa está estimulando que grandes cooperativas localizadas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste façam parcerias com entidades do Nordeste para troca de experiências.
A ministra da Agricultura de Portugal, Maria do Céu Antunes, destacou também a importância das organizações dirigidas por mulheres e relatou casos de sucesso nas produções de vinho e pera em seu país.
A líder da Aliança das Cooperativas Internacionais na América, Graciela Fernandez, do Uruguai, destacou a forte presença brasileira no cooperativismo e como esse tipo de organização ajuda no enfrentamento das questões de gênero no campo.
As participantes citaram a criação de redes para compartilhamento de bons exemplos e iniciativas, além da troca de experiências entre países. Segundo a ministra Tereza Cristina, o Brasil irá organizar a ida de produtores de queijos a Portugal para aprender técnicas de produção no país.
Rastreabilidade – No evento, a ministra ressaltou a necessidade dos produtores rurais se adequarem às exigências do mercado consumidor globalizado, como a implantação da rastreabilidade dos produtos. Segundo ela, o Mapa disponibiliza protocolos com orientações para os produtores rurais. “Se não houver crescimento na cadeia de valor, [o produtor] vai ficando para trás. Não tem como fugir disso”, afirmou Tereza Cristina.
Portugal – Segundo Maria do Céu, a União Europeia está num modelo de construção de políticas para o continente muito voltado para fazer face ao efeito das alterações climáticas. “Todos temos a percepção de que se há atividade econômica que precise verdadeiramente ter estabilidade do ponto de vista do ambiente-clima é a agricultura”, ressaltou a ministra da Agricultura de Portugal.
Ela explicou ainda que o acordo entre União Europeia e Mercosul é de interesse de todos desde o primeiro momento, mas que alguns países membros ainda têm suas reservas. “Para mudar isso temos que comunicar bem, de forma transparente e aberta, aquilo que todos cremos para este acordo. Entendemos que um modelo agrícola está respaldado na gestão mais eficiente dos recursos naturais, podendo alimentar ainda outros setores da atividade econômica e que estes sejam complementares, como o Turismo e a Gastronomia”.
Cooperativismo – A líder da Aliança das Cooperativas Internacionais da América Latina, a uruguaia Graciela Fernandez falou sobre o importante papel do cooperativismo no mundo, com milhões de associados. “Estamos convencidos de que no Brasil hoje o cooperativismo agrário tem uma relevância como não se vê no restante da América e que é um modelo a ser seguido. Hoje, a maioria dos setores sociais, empresas e cooperativas, estão trabalhando para fazer as adequações necessárias para enfrentar as transformações tecnológicas referentes à 4ª Revolução Industrial”.
Ela acrescentou que o impacto e as consequências futuras da pandemia servirão para mostrar a vulnerabilidade da América Latina para enfrentar esse tipo de crises, especialmente para minorias mais frágeis, como mulheres, crianças, povos nativos, trabalhadores informais, assim como boa parte da agricultura familiar e cooperativas. “Mesmo assim, uma vez mais enfrentamos uma crise e as cooperativas têm mostrado a sua capacidade de resiliência e força, mantendo os mercados abastecidos”.
5ª edição – A abertura da 5ª edição do Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio contou com a participação de Alexandre Marcílio, diretor geral do Transamerica Expo Center, que deu as boas-vindas às congressistas e falou da importância do evento para o setor e para a presença feminina no agro. “Esta edição do CNMA é muito especial, pois completamos cinco anos de muitos debates e trocas de experiências que renderam diversos frutos, geraram ações de relevância no setor e evidenciaram as mulheres como grandes protagonistas dos avanços do agronegócio brasileiro“.
Ainda como parte do início do evento, a gerente de Desenvolvimento e Novos Negócios, Renata Camargo, fez uma homenagem à embaixadora da edição: a agropecuarista, Sônia Bonato, visivelmente emocionada de estar representando tantas mulheres que contribuem para a evolução do agro.
Em seguida, o presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), Marcello Brito, falou sobre dois aspectos que, segundo ele, resumem o evento: coragem e visão de futuro. “Há cerca de 30 dias, o Brasil perdeu um dos seus maiores empreendedores, que sempre demonstrou essas qualidades, Aloísio Faria, que foi quem idealizou o CNMA. Este evento que é um exemplo a ser seguido, porque coloca junto mulheres que traduzem o sentido de vida, de disrupção e que trazem isso para o negócio. Tenho uma satisfação enorme em ver o sucesso desse evento e que consagra esse grande homem que nos deixou esse ano. Parabéns a todas as mulheres, homens, ou seja, todos os empreendedores que nos acompanham”.
#MinhaVozNoAgro – Após o sucesso da primeira edição do painel “MinhaVozNoAgro, o CNMA trouxe novamente a participação de algumas mulheres protagonistas do agro para compartilharem suas experiências. No espaço de hoje foram recebidas Letícia Zamperlini, da ZJ Investimentos; Carminha Maria, da Sementes Oilema e Iara Corrêa, gestora do agronegócio, com a moderação do jornalista e escritor José Luiz Tejon e da diretora-executiva do Bradesco, Glaucimar Peticov.
O GestAgro 360° é apoio de mídia do evento.