O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou a projeção da taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) do setor agropecuário de 1,6% para 1,9% em 2020. A nova previsão foi motivada pelas estimativas para a produção agrícola divulgadas em outubro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontaram um cenário mais favorável para este ano. Os pesquisadores também encontraram o mesmo resultado para a previsão do PIB diante da estimativa de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Diante desse novo cenário, o Ipea prevê alta de 3,9% no valor adicionado da lavoura motivada, principalmente, pela revisão positiva da produção de soja e café em 2020, duas das principais culturas da produção agrícola no país. No primeiro caso, a safra de soja teve seu crescimento revisado de 6,6% para 7,0%. Já no caso do café, a estimativa de alta para a produção foi revisada de 19,4% para 21,5%. Além do ano ser favorecido pela bienalidade positiva do café, em especial da variedade arábica, o clima é um dos fatores que tem contribuído para o bom resultado da cultura este ano.
Já para a pecuária, o grupo de Conjuntura do Ipea prevê queda de 1,5%, devido ao acentuado declínio na produção de carne bovina este ano, na comparação com o volume de abates na segunda metade do ano passado. Não obstante, já se identifica recuperação dessa atividade, cuja produção média no terceiro trimestre, segundo dados de abate do Sistema de Inspeção Federal (SIF), já se encontra acima do patamar pré-Covid observado no primeiro trimestre deste ano. Dessa forma, projeta-se que já no quarto trimestre, a queda interanual da produção de carne bovina deve ser menor, fechando o ano com recuo de 4,3%. Há expectativa de desempenho positivo nos segmentos de suínos (+ 7,8%), ovos (+3,2%) e leite (+0,2%).
As projeções para 2021 também foram revistas pelo grupo de Conjuntura do Ipea. A estimativa de crescimento do PIB Agro caiu 2,4% para 2,1%, por conta das estimativas mais otimistas para as safras de soja e de milho deste ano, o que eleva a base de comparação e é um indicativo que, devido ao cenário mais favorável, parte da produção dessas culturas deverão ser antecipadas do início do próximo ano para o final deste. O valor adicionado da lavoura deve crescer 1,8% e o da pecuária 3,9%.
Acesse aqui a íntegra da análise que está disponível na seção de Economia Agrícola da Carta de Conjuntura.