ESPECIAL – Realidade e expectativas em três momentos: o agro e as lições para o futuro no CBA 2020

O total superior a 9 mil inscritos comprova a assertividade da decisão da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) em realizar a edição 2020 do Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA) em formato 100% virtual, no dia 3 de agosto, das 9h às 13h30, mais uma vez com o apoio da B3, bolsa do Brasil. O público a ser atingido sinaliza, mais uma vez, a relevância do evento no universo do agronegócio nacional, seja junto ao produtor rural, seja com relação a agentes financeiros, fornecedores, prestadores de serviço e demais atores do setor.

Em coletiva à imprensa, em 30 de julho, com a presença de Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da Abag, e Fabio Zenaro, diretor de Produtos de Balcão, Commodities e Novos Negócios da B3, bolsa do Brasil, foi apresentada a programação completa e os objetivos do evento.

Responder questionamento importantes do setor, em primeiro lugar, é a meta do CBA 2020, informou Brito, em virtude do momento desafiador decorrente da pandemia da Covid-19, afinal, “o agronegócio no Brasil tem tido um papel preponderante na manutenção do superávit das exportações, bem como na garantia de alimentos na mesa dos cidadãos brasileiros”, comentou, frisando ao mesmo tempo que a tendência “é que o agronegócio continue a obter bons resultados porque, apesar do impacto do desemprego mundial, as economias globais receberam aportes importantes e contam com um capital fluindo. Isso deve manter o agro nacional, até porque em uma crise econômica, a tendência é a desvalorização do real e o fortalecimento do dólar, o que beneficia o setor”.

Contudo, em conformidade com a incerteza da demanda interna, uma vez que vem sendo sustentada pelo auxílio emergencial, que será finalizado, Brito lembrou que alguns segmentos – basicamente frutas, hortaliças e flores – estão sofrendo com a pandemia. “O mercado de flores, por exemplo, depende de eventos e festas, que não devem retornar a curto prazo. As exportações de frutas foram prejudicadas pelo cancelamento dos voos comerciais. Mas, eles são muito resilientes e devem voltar a ter sua importância rapidamente”, explicou o presidente da Abag, comemorando também o total de inscritos, pois, mesmo nas edições anteriores o congresso sendo transmitido on-line, o usual eram 900 presenciais e 1.800 on-line.

Anunciando para breve o lançamento, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), de um contrato de soja brasileiro, Fabio Zenaro, diretor de Produtos de Balcão, Commodities e Novos Negócios da B3, bolsa do Brasil, lembrou o papel da instituição como “elo entre o campo e o mercado financeiro, presente em vários pontos, desde o financiamento do agronegócio via mercado, pela subscrição de ações e abertura de capital das empresas, assim como via títulos específicos do agronegócio, como o CRA – Certificados de Recebíveis do Agronegócio – “que vem sendo usado nos últimos anos como fonte de funding e, hoje, soma mais de R$ 50 bilhões em volume, e os CPRs – Cédulas de Produto Rural – que passam por mudanças estruturais importantes, que ampliam sua robustez e atrairão mais investidores”.

A esses pontos, Zenaro agregou o papel da bolsa do Brasil na gestão de risco via mercado futuro, principalmente de milho, soja, boi gordo, entre outros ativos. Outra meta assinalada pelo represente da B3 envolve trazer para o Brasil o headge que hoje é firmado pelo produtor agrícola em Chicago. Agregou, ainda, a viabilização do CBio dentro do RenovaBIO, que “terá relevância e será comercializado na B3”, assim como a agenda de finanças verdes, com a identificação dos Green Bonds e estudos sobre o comportamento desses papéis.

O Congresso Brasileiro do Agronegócio, com transmissão ao vivo pela internet, será diferenciado, com um formato totalmente virtual. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas diretamente no site oficial.

O GestAgro 360° é mídia apoiadora do evento.

Programação

Mecânica de Comunicação

Brito conduzirá, juntamente com o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, a abertura do evento, a partir das 9h00, que terá o pronunciamento da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, do secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, do deputado Federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Alceu Moreira, e a mensagem do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

O evento virtual está dividido em três painéis, com uma dinâmica que possibilita a interação entre os debatedores e com o público participante. O jornalista William Waack modera os painéis, que serão formados por um depoimento de importantes personalidades nacionais, seguido por avaliações de especialistas dos segmentos do agronegócio e da economia, da indústria alimentícia, de institutos de pesquisa e do comportamento social e humano.  

O primeiro painel O Agro Brasileiro e a Crise Global têm o objetivo de analisar a função do agronegócio brasileiro perante a crise no mundo, se o segmento terá oportunidades de ampliar suas exportações em produtos como a carne e os grãos e quais serão os riscos para o setor nesse período. O depoimento  ficará a cargo do Embaixador do Brasil junto à União Europeia, Marcos Galvão, com os debatedores: Grazielle Parenti, presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB e Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil.

“Nesse painel, reunimos um representante de cada setor – exportações (Cargill), produção (OCB) e indústria (ABIA) porque a união da produção do campo, do processamento nacional e da exportação é importante para enfrentar o desafio do agro no mercado externo, sobretudo perante a imagem brasileira nos dias atuais”, comentou Brito.

Já o segundo painel Mercado Financeiro, Seguro e Crédito Rural analisará o impacto da crise do ponto de visita financeiro. De fato, atualmente, existem diversos mecanismos de financiamentos e instrumentos de crédito, além dos bancos tradicionais, como fintechs, operação de barter, os traders, entre outros. Os debatedores poderão avaliar esses instrumentos bem como o Plano Safra 2020/2021, que contará com R$ 236,3 bilhões em recursos, com destaque para os R$ 1,3 bilhão do Seguro Rural, um instrumento importante para garantir a segurança do produtor em caso, por exemplo, de intempéries climáticas.

O depoimento deste painel será proferido por Roberto Campos Neto, Presidente do Banco Central do Brasil, com a participação nos debates de Fábio Zenaro, diretor de Produtos Balcão, Commodities e Novos Negócios da B3, Ivandré Montiel da Silva, CEO da BrasilSeg e Pedro Fernandes, diretor de Agronegócio do Itaú BBA. “São três especialistas de altíssimo nível para falar sobre o setor que se transformou nos últimos doze meses. Aos poucos, o Plano Safra, que hoje representa 30% dos recursos para o agro, deve estar focado para atender mais os pequenos produtores, enquanto médios e grandes produtores serão atendidos por diferentes modalidades do setor privado”, ponderou o presidente do Conselho Diretor da ABAG.

Considerado um dos mais estratégicos dessa edição, o terceiro painel do Congresso Brasileiro do Agronegócio debaterá O Agro e A Nova Dinâmica Econômica, Social e Ambiental. Isso porque há muitas dúvidas se as mudanças decorrentes da pandemia serão duradouras ou passageiras. Além disso, a Europa, por exemplo, tem estipulado que a retomada de sua economia estará ligada fortemente à diminuição do impacto ambiental de suas atividades, mantendo seu compromisso com as metas estabelecidas no Acordo Verde (Green Deal).

Outras questões para este painel são as inovações e digitalização no campo que estão revolucionando o modo de produzir, colher, gerenciar os cultivos e os animais e a mudança no hábito dos consumidores, que estão em busca por alimentos mais saudáveis e ambientalmente responsáveis, com a valorização de mercados nas origens da produção.

“Esse é o painel que representa o tema central Lições para o Futuro, uma vez que reunimos ciência, economia, meio ambiente e sociedade”, afirmou Brito. Por isso, o painel terá o depoimento de Celso Luiz Moretti, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), com os especialistas no debate: André Guimarães, diretor Executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia IPAM / Coalizão Brasil, José Roberto Mendonça de Barros, sócio diretor da MB Associados e Luiz Felipe Pondé, filósofo e colunista da Folha de São Paulo.

O presidente da ABAG também será responsável pelo encerramento do Congresso Brasileiro do Agronegócio junto com o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, atual coordenador do GVagro da FGV.