ENTREVISTA – Manejo integrado de pragas e controle biológico contribuem para aumento da rentabilidade do agricultor

O mercado agrícola por defensivos biológicos cresce de modo significativo devido aos benefícios que proporciona, vinculados à sustentabilidade, tornando a agricultura brasileira ainda mais saudável e em harmonia com a natureza.

Nesse contexto, como forma de amplificar a rentabilidade do agricultor e o equilíbrio do ecossistema o Prof. Dr. Maurício Batistella Pasini, consultor e pesquisador de entomologia na Unicruz – Universidade de Cruz Alta (RS), indica o manejo integrado de pragas e doenças.

Essas orientações vindas da academia comprovam a orientação de empresas produtoras de defensivos biológicos, como a Koppert Biological Systems, que está presente no Brasil desde 2011 – época em que iniciou seus primeiros registros – a partir de duas instalações fabris no Estado de São Paulo: a unidade de microbiológicos, localizada na cidade de Piracicaba, e a de macrobiológicos, em Charqueada. Com 15 produtos no portfólio, a empresa mantém departamento próprio de Pesquisa & Desenvolvimento para aperfeiçoamento de tecnologias de controle biológico para a agricultura tropical, com processos produtivos padronizados, seguros e altamente tecnificados.

Confira!

Qual o princípio do manejo integrado de pragas e doenças?

Pasini – O MIP (manejo integra de pragas e doenças) reúne vários conceitos com o objetivo de manter a população de insetos-pragas e doenças sempre abaixo do nível de dano econômico. Envolve uma série de fundamentos e não trata somente de estratégias de controle, mas também sociais e econômicas. O foco deve estar no organismo a ser controlado, porque por meio do seu conhecimento e monitoramento, são traçadas as melhores estratégias para manter a população sempre abaixo do nível de dano econômico, mantendo a sustentabilidade do sistema.

Como o MIP é feito na prática?

Pasini – Atualmente, na prática, tem que se resgatar um pouco o conceito do MIP, pois as estratégias de manejo de insetos, principalmente, estão mais atreladas ao trabalho na lavoura, do agricultor, e pouco na esfera governamental, com regulamentação e fiscalização. Deixa-se muito para o agricultor executar essas atividades. Algumas instituições ainda preconizam questões básicas de monitoramento de organismos nocivos, mas, na maioria das vezes é feito ainda de maneira superficial. Além disso, um conceito básico do MIP, que seria conhecer melhor os organismos nocivos, está sendo deixado de lado. Para cada organismo benéfico que se vai introduzir na lavoura, tem sempre um momento ótimo, mas muitas vezes esse momento é desrespeitado.

Quais os resultados efetivos na rentabilidade das lavouras?

Pasini – O MIP mostra resultado na rentabilidade do sistema, principalmente, no caso de grãos. Muitas vezes pode alcançar também tetos produtivos, mas exigindo muito do seu sistema. Utilizando o MIP, força-se menos o sistema, que se submete a uma menor seleção e automaticamente garante uma melhor rentabilidade das lavouras. Quando se executa uma série de conceitos com o objetivo de conhecer melhor as populações de insetos-praga e o seu comportamento em determinada região, passa-se a ter maior conhecimento para balizar as estratégias de controle fitossanitário. Conhecendo os organismos, a população, a dinâmica populacional e a variabilidade espacial e temporal e a interação que eles têm com as diversas culturas, pode-se estabelecer estratégias de manejo contundentes, balizadas no monitoramento de uma área de cultivo, fazendo com que esse MIP seja lucrativo e rentável.

Qual o papel do controle biológico no MIP?

Pasini – No meu conceito o manejo biológico vem para agregar ao MIP, para somar. O Brasil tem um dos cases mais efetivos que é o histórico do baculovírus anticarsia, temos experiência em manejo biológico. Com o controle biológico, passa-se a ter mais ferramentas para manejar e eliminar principalmente insetos de difícil manejo. O controle biológico é uma ferramenta essencial e efetiva, que devemos passar a explorar mais. Muito têm preconceitos com o controle biológico, mas buscam ferramentas efetivas de controle. É uma questão de convencimento para que possam se sentir confortáveis e confiantes na utilização dos biodefensivos.

Qual a importância do controle biológico para a produtividade aliada ao menor impacto ao ecossistema?

Pasin – A agricultura passa por um processo de esterilização do solo. Nota-se que há uma carga efetiva e alta de fungicidas e inseticidas sendo aplicada e como isso se perdem os organismos benéficos. Por outro lado, a agricultura está evoluindo muito, com rotação de culturas, utilização das premissas do plantio direto, e tantos outros. Os agricultores que têm as maiores produtividade e lucratividade estão fazendo uso dessas práticas e conceitos que resgatam um pouco a atividade biológica dos ecossistemas. As ferramentas biológicas vêm para agregar e deixar mais sustentável.

Foto de capa – Trichogramma galloi parasitando os ovos da praga (Divulgação)