ENTREVISTA EXCLUSIVA: As experiências e a história de uma startup focada no agronegócio

Conheça mais, produza melhor. Esse é o lema da IDGeo, uma agtech criada em 2013, com o objetivo de melhorar a gestão agrícola. Entre as soluções está o Cana Viva, ferramenta inteligente, que acompanha as mudanças e interferências produtivas do canavial e emite alertas, relatórios e gráficos comparativos, capazes de levar à descoberta de problemas da lavoura e à previsão da colheita ao final da safra, por exemplo.

Criada dentro da ESALQTec, “que acreditou na ideia mesmo quando ela ainda não tinha saído do papel, e continua sendo uma de suas parceiras em pesquisa e inovação, o que nos ajudou muito com visibilidade no mercado” – como definem seus idealizadores Ronan Campos e Luiz Pereira, que atuaram por mais de uma década no setor sucroenergético – a IDGeo também tem parceria com a AgTech Garage, um dos maiores hubs agro do mundo.

Passados esses anos, e após investimentos superiores a R$ 3 milhões, a IDGeo detém cerca de 10% do mercado. Participando constantemente de eventos de tecnologia, em 2018, ganhou o prêmio de melhor Srtartup Agro do Brasil, no InovaCana. Mais recentemente, em 20 de julho, esteve no Bootcamp Inovativa Brasil, entre as mais 100 startups selecionadas em um universo de cerca de 700 inscritas.

Um pouco a história dessa agtech, que é semelhante a de tantas outras startups que atuam tanto no agronegócio quanto em outros segmentos da economia, foi contada com exclusividade ao GestAgro 360° por Ronan Campos, seu CEO. Confira!

GA: Como e quando surgiu a ideia de criar a IDGeo?

RC: A IDGeo surgiu em 2013, quando os fundadores Ronan Campos e Luiz Pereira, que atuaram por mais de dez anos no setor sucroenergético, identificaram a necessidade de tecnologias para melhorar a gestão agrícola e usaram todo seu conhecimento no setor para modelar novas tecnologias para o mercado. 

GA: A IDGeo já recebeu aporte de investidores? 

RC: Sim, a IDGeo acabou de receber seu primeiro investimento Seed, em julho de 2019, do grupo Poli Angels, e também já recebemos R$ 1,5 mi da Fapesp em 2017 e 2018. 

Fomos acelerados pela Inovativa Brasil este ano. No total, já foram investidos mais de R$ 3 milhões.

GA: Qual a trajetória da IDGeo até agora e quais as conquistas no período?

RC: A IDGeo nasceu na ESALQTec, que acreditou na ideia mesmo quando ela ainda não tinha saído do papel, e continua sendo uma de suas parceiras em pesquisa e inovação. Isso nos ajudou muito com visibilidade no mercado. Também somos parceira do AgTech Garage, um dos maiores hubs agro do mundo,  que também foi essencial para nossa evidência. Com estas parcerias e com nossa tecnologia inovadora, estamos conquistando um promissor mercado e recebemos o primeiro aporte privado. Somos hoje referência nacional em capacitação SIG/GIS para usinas, já temos 10% do mercado em clientes e estamos nos principais eventos do setor mostrando nossas tecnologias, fechando parcerias e recebendo menções pelas inovações que desenvolvemos. 

GA: Quais as dificuldades para alavancar uma startup? 

RC: O maior desafio das startups é correr contra o tempo, pois trabalhamos com inovação, que é algo muito perene hoje, já que a tecnologia muda a todo instante e chegam também novos entrantes no mercado, que apresentam ideias que parecem ser similares e a concorrência se torna maior. No mercado sucroernergético, por exemplo, existem outras startups que oferecem imageamento por satélite e nossos esforços de marketing neste momento, estão concentramos em mostrar o nosso diferencial, que não é imagem, nosso cliente já recebe o diagnóstico pronto. Identificamos onde estão as interferências produtivas da lavoura, através da nossa tecnologia Cana Viva, que além de mapear, classifica por cores diferentes o que é mato, o que é praga e o que é falha. Conseguimos, com 96% de precisão, apontar a localização destas interferências, sem que o produtor precise ir no campo, já sabemos o tamanho do problema e nossa ferramenta permite o acompanhamento mensal da evolução de cada problema, que orienta a tomada de decisão, economizando tempo e recursos para o produtor.

GA: Vocês dizem que a ideia é criar uma Geostore…

RC: O conceito Geostore já existe e trabalhamos com ele, mas não temos a plataforma pronta. A Geostore será uma central de soluções para gestão agrícola, na qual o produtor encontrará tudo o que precisar. A Geostore é uma ferramenta inspirada em aplicativos como Google Play e Apple Store, mas voltada para o mundo agro, que contará com aplicativos de serviços já oferecidos pela IDGeo, como Cana Viva, Pisoteio, PlanAgro e Mato Controle, além de aplicativos, serviços e soluções de diferentes colaboradores que desenvolvem ferramentas de tecnologia para o setor.

GA: O que levou ao desenvolvimento da solução Cana Viva?

RC: O Cana Viva surgiu com o objetivo de aumentar a eficiência do setor, que hoje, deixa de faturar mais de R$ 24 bilhões no ano, por perdas relacionadas a gestão agrícola. Como já citado, os fundadores trabalharam por anos na área e vivenciaram na prática muitas carências na gestão de campo, bem como perda de produtividade por tomada de decisões tardias ou errôneas. Observaram oportunidades e então foi concebida a ideia da ferramenta: algo que monitorasse as interferências do canavial, de forma precisa e inteligente e que ajude a transformar os riscos em oportunidades.

GA: Resuma o que a solução faz e quais seus diferenciais.

RC: Cana Viva é uma ferramenta inteligente, que acompanha as mudanças e interferências produtivas do canavial mensalmente. Emite alertas, relatórios e gráficos comparativos, apontando todos os problemas e interferências do campo, como falhas de plantio, falta de insumos, mato concorrência, pragas, estresse hídrico, cana de baixa qualidade, entre outros. O diferencial é que com esta ferramenta o produtor consegue descobrir os problemas da lavoura sem sair do escritório, com 96% de eficácia e acompanha, através de nossos dashboards quanto ele pode ter certeza de que colherá de cana no final da safra. Desse modo, com o Cana Viva, a gestão da lavoura fica na palma da mão, e dá segurança ao produtor sobre qual a melhor medida a ser tomada para cada área, através de uma visão geral de toda a área, ou análises específicas de fazendas e talhões. Nossa tecnologia é muito eficiente, permite a criação de filtros que se adequam as necessidades de cada cliente e otimiza muito o planejamento das áreas que necessitam de cuidados, já que não há necessidade de aplicar herbicida em toda a área, por exemplo. Com a informação das áreas que possuem mato, o cliente faz a aplicação com precisão e eficácia, no menor custo para a operação. Cana Viva é a revolução da agricultura, pois através desta tecnologia, a gestão e o controle das interferências, que até então eram incontroláveis e causavam tanto prejuízo, se tornaram totalmente previsíveis e monitoráveis.

GA: Como é comercializada a solução?

RC: O Cana Viva é comercializado por área, através de contrato anual e mensalidade, a área mínima monitorada é de 10kha. Após a aquisição, o cliente consegue acessar a plataforma através de computadores, tablets e até mesmo telefones celulares e também recebe os mapas georeferenciados para otimizar o planejamento.

GA: A IDGeo participou da Bootcamp Inovativa Brasil em 20 de julho. Resuma a experiência. 

RC: A participação da IDGeo no Bootcamp da Inovativa foi uma experiência enriquecedora, pois estivemos em um ambiente construtivo, junto de mais 100 startups, que foram selecionadas dentre as mais de 700 inscritas. Foram 4 meses de aceleração, com cursos, capacitações específicas e mentorias, que contribuíram muito para o fortalecimento da construção de uma linguagem mais comercial para o nosso negócio. Este foi nosso principal objetivo e recebemos mentorias individuais de Angelo Beigin, que foi preciso em suas orientações. A competição escolheu duas startups vencedoras na área de saúde. A IDGeo já participou de outros Bootcamps, como o do InovaCana, por exemplo, em que foi a vencedora, em 2018. Participar de eventos como estes, fortalecem muito o ecossistema das startups, pois proporciona troca de experiências, contatos e serviços.

GA: Tudo começou com a cana. Quais as próximas culturas? Quando deverão surgir as primeiras soluções?

RC: Começamos com o setor sucroenergético, pois é a expertise principal dos fundadores, porém, montamos uma equipe de Pesquisa e Desenvolvimento que já está trabalhando na expansão do projeto para grãos e florestas. Nosso objetivo é oferecer soluções para todo o agro.

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