ARTIGO – Cuidados com o armazenamento de sementes forrageiras pode evitar prejuízos

Andreza Cruz*

Para realizar o plantio de novas pastagens o produtor precisa se planejar. Tão importante quanto a compra da semente forrageira certa, é fundamental saber realizar o seu correto armazenamento. Guardar os produtos de forma errada pode deteriorar as sementes que invariavelmente terão suas viabilidades comprometidas antes de chegarem ao solo. Estima-se que somente nessa fase, atualmente as médias de perdas no Brasil podem ultrapassar os 20%.

O ideal é calcular a quantidade de semente necessária a ser utilizada. Após a compra e a chegada dos produtos na fazenda, a recomendação é que seja realizado o quanto antes o plantio. Em alguns casos, quando isso não é possível, é necessário fazer o armazenamento correto na propriedade para garantir a preservação da qualidade das sementes.

Alguns erros comuns do armazenamento de sementes podem comprometer seriamente todo o processo. Os pontos mais críticos são: alta umidade, temperaturas elevadas e pouca ventilação. Vale lembrar que sementes são organismos vivos, umidade em excesso acelera o metabolismo da semente, contribuindo com o aumento da velocidade do processo de deterioração, caso esta não esteja no solo, além de propiciar condições mais favoráveis para o desenvolvimento de patógenos.

Atenção redobrada

Assim que os paletes chegarem à propriedade, se iniciam os cuidados. Geralmente elas são envolvidas em strech, que é o filme plástico ao redor da sacaria para proteção no transporte. É preciso retirar esse filme ou perfurá-lo cautelosamente para que haja respiração da semente, e se for cobri-las, evite lonas e plásticos.

Para armazenar corretamente as sementes forrageiras, mantenha as embalagens originais lacradas, dentro de galpões bem ventilados e sobre estrados de madeira (10 cm de altura do chão). Nunca encoste os sacos nas paredes do galpão e jamais ultrapasse a altura máxima de empilhamento de 2,80 metros para não comprometer os produtos da base. E o mais importante: mantenha o ambiente sempre limpo.

Caso a embalagem original seja danificada por algum motivo ou se houver a necessidade de transportar uma parte da semente, o recomendado é utilizar materiais como papel, papel multifoliado, juta, algodão ou plástico trançado. Mesma orientação deve ser seguida no caso de amostragem de semente para análise, essa amostra deve ser enviada ao laboratório em material de papel dentro de caixas de papelão, caso seja enviada pelos Correios. Também é importante não compartilhar o mesmo espaço para armazenar as sementes com outros produtos. Por serem mais sensíveis, a proximidade com sal mineral, adubos, calcário ou agroquímicos de maneira geral, pode interferir diretamente em sua qualidade. Vale lembrar que o sal e os adubos nitrogenados são higroscópicos, por isso são capazes de retirar a umidade da semente.

Por fim, entendemos que o acompanhamento da qualidade das sementes ocorre em todos os processos realizados, desde a produção e o beneficiamento, passando pelo transporte e finalizando no armazenamento com a responsabilidade do cliente. A Soesp, por exemplo, prioriza as regras e os testes mais rígidos, que garantem a máxima qualidade da semente, mas também cabe ao cliente ter estes cuidados com a armazenagem em sua propriedade, para que a qualidade seja conservada até a hora do plantio.

Quatro dicas rápidas

  1. Empilhe de forma ordenada e padronizada para evitar o tombamento de pilhas, em paletes, sem o contato direto com o piso ou a parede.
  2. Manter seu galpão limpo e fazer inspeções periódicas. Elimine focos de infestação de insetos e roedores com expurgos, tratamentos preventivos, baseados na desinfestação do piso, paredes e teto, além de armadilhas (para roedores).
  3. Nunca armazene sementes em locais que a semente não consiga respirar, como sacos plásticos, lonas, caixas d’agua. Caso for enviar amostra pelo correio, utilize materiais de papel, papelão, entre outros.
  4. Garantir a qualidade da semente forrageira dentro do armazém mantendo a temperatura entre 18ºC e 25°C e a umidade relativa não ultrapassar 70% – o ideal é 60%.

* Andreza Cruz é engenheira agrônoma e técnica de sementes da Soesp – Sementes Oeste Paulista

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