O Brasil vive a estimativa de que a produção de carne bovina cresça a média de 2,6% ao ano, chegando a 10,8 milhões de toneladas em 2021. Além disso, há previsão do aumento do consumo da proteína, em termos absolutos no País, com previsão de crescimento de 5,3% no mesmo período. Diante deste cenário os produtores brasileiros ganharam importância e ainda mais responsabilidade sobre sua atividade. Seus rebanhos passaram a possuir maior valor agregado e como qualquer outro bem de alto valor, é preciso pensar na proteção do patrimônio. No entanto, o seguro pecuário ainda é pouco utilizado. Segundo estimativas de especialistas, menos de 1% do rebanho é segurado. A expectativa para 2019, passa pela esperando de um olhar mais atento do novo governo à principal ferramenta de mitigação de riscos da agropecuária, que é o seguro rural.
Variedade do seguro rural, como instrumento de mitigação dos principais riscos da atividade pecuária, o serviço traz ao pecuarista a tranquilidade e garantia da perpetuidade na atividade, que muitas vezes, atravessa gerações. Através dele o pecuarista pode garantir a vida dos animais, que são classificados em duas modalidades, seguro pecuário elite, que incluem os bovinos utilizados para incremento de plantel, seguro para rebanhos comerciais e rebanho de produção de leite e de corte.
Cientes da importância da causa a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (ABRALEITE) e Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) foram as primeiras a apoiaram este pleito. Agora, novas entidades da pecuária começam a se unir mostrando a força para a conquista do recurso adequado para a atividade. Além disso, em 2018, os deputados Arnaldo Jardim e Itamar Borges ajudaram na suplementação de recursos no Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP), para o seguro rural. O assunto voltou à pauta já no início desse ano em reunião em que foi discutida possíveis alterações no programa que enquadra políticas públicas e de incentivos ao Agronegócio Paulista, onde a subvenção ao prêmio do Seguro Rural está inserida. Também foi lançado manifesto endossado pelas instituições com o apoio, entre outras, da Sociedade Rural Brasileira e da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (ASSOCON).
Muitos profissionais vêm trabalhando para o desenvolvimento dessa modalidade de seguro. Do grupo faz parte Karen Matieli, coordenadora da Comissão Rural (Sincor-SP) e sócia proprietária da Denner Seguro de Animais, para quem o setor enfrenta “alguns entraves que impedem seu crescimento, como a falta de informação e divulgação das modalidades de seguros existentes para proteger a pecuária e a falta de Subvenção Federal como forma de incentivo à contratação do seguro são as principais causas. Se protegermos 11% do rebanho do País, teremos algo em torno de 23 milhões de bovinos, entre corte e leite, protegidos”.
Entre os resultados obtidos ao longo dos seus 12 anos de trabalho junto ao governo, associações, entidades e produtores para disseminar a modalidade no Brasil, Matieli cita, em 2018, a entrega ao diretor do Departamento de Gestão de Riscos (DEGER) da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Vítor Ozaki, de apontamentos para mudança na redistribuição dos recursos para proteger a pecuária no Brasil; assim como posterior publicação no Diário Oficial da União de rubrica dentro do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), destinando ao seguro pecuário, um recurso específico para subvencionar apólices de seguro pecuário. “Da forma anterior, a chance de acesso era mínima. E cada vez mais pecuaristas se frustravam por não conseguirem contratar suas apólices, com subvenção do governo. Com uma rubrica para o seguro pecuário o cenário fica mais favorável. Agora é batalhar por mais recursos, esclarece a empresária.
Em âmbito nacional, segundo Matieli, o objetivo é pedir aumento de recursos no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), de modo a incentivar pecuaristas contratarem o seguro de seus rebanhos. Já no Estado de São Paulo, que tem parte do custo do seguro rural subsidiado pelo governo do estado, “iniciamos o ano já com o planejamento em mãos, afinal de contas, o agro não para. Estreitamento entre setor produtivo para entender as principais demandas, a busca por novos produtos que amparam os principais riscos da atividade e apoio político para mais recursos aos Programas PSR e FEAP que fazem parte desta agenda de trabalhos”, finaliza.