O caminhão modelo VM com tecnologia autônoma, apresentado pela Volvo há cerca de um ano, se faz presente em uma operação real no Brasil: a empresa, no início de novembro, anunciou a entrega comercial das primeiras sete unidades do veículo à Usina Santa Terezinha, em Maringá (PR), que faz parte do Grupo Usaçucar, terceiro maior exportador de açúcar do Brasil, com cerca de 1,6 milhão de toneladas comercializadas em 20 países, faturamento anual de R$ 2,95 bilhões (2017) e 16 mil funcionários distribuídos em 10 unidades. As unidades já serão usadas na colheita de cana de açúcar de 2018.
Com essa entrega, a Volvo torna-se a primeira marca no mundo a fazer a entrega comercial de um caminhão com tecnologia autônoma. “Dissemos que esse seria o primeiro caminhão com tecnologia autônoma comercialmente viável do mercado. Agora provamos isso com a entrega de um lote de veículos”, afirma Wilson Lirmann, presidente do Grupo América Latina, frisando que o veículo foi desenvolvido pela área de engenharia avançada no Brasil, com apoio da matriz na Suécia.
A nova tecnologia não elimina o papel do motorista. Ele continua responsável por conduzir o veículo até as linhas de plantação e depois para o ponto de descarga, reiniciando um novo ciclo. Desse modo, os veículos andarão sozinhos apenas quando estiverem em áreas restritas, sem trânsito, dentro das lavouras de cana de açúcar. Em outras palavras: “Funciona como num avião comercial: o piloto continua responsável pelas decolagens e pousos, além de monitorar constantemente o voo, mesmo quando o piloto automático está ativado. O motorista continua acompanhando e cuidando de tudo, mesmo quando o sistema autônomo está conduzindo sozinho”, explica Alan Holzmann, diretor de planejamento estratégico de produto da Volvo na América Latina.
Destaque para a possibilidade de, no interior da lavoura de cana, o veículo “visualizar” de forma virtual as linhas de plantação e seguir sozinho por elas, sem interferência direta do condutor. “A precisão de 2,5 cm é um número impossível de atingir por um motorista. Com isso, reduzimos drasticamente as perdas por pisoteamento das mudas novas, um dos maiores problemas de produtividade de nosso cliente”, afirma Holzmann.
Um sistema de geolocalização que identifica com exatidão o caminho a ser seguido e aciona o sistema de direção responde pela precisão do sistema. “Estamos muito otimistas com essa nova tecnologia autônoma. Sem ela, a compactação de mudas impacta largamente na vida útil do canavial. Além disso, durante a colheita, operamos 24 horas por dia, sete dias por semana. À noite temos dificuldade adicional para evitar o pisoteio. Tudo será minimizado com o caminhão de tecnologia autônoma”, afirma Paulo Meneguetti, diretor financeiro e de suprimentos da Usaçucar.
O entusiasmo com a nova tecnologia é justificado, por exemplo, pelo fato de, a cada cinco safras potenciais de cana, uma ser perdida por pisoteamento das mudas pelo caminhão durante a colheita. Com a precisão de direção do Volvo VM com tecnologia autônoma é possível zerar essa perda, aproveitando todo o potencial da lavoura. No caso específico da Usina Santa Terezinha, “multiplicando isso pelos 350 mil hectares cultivados pelo grupo a redução de perdas será gigante”, prevê Meneguetti. A ideia é que a tecnologia contribua com os planos do Grupo Usaçucar, de aumentar sua produção até 2020 para 19 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processadas, cerca de 5% a mais que o volume atual.
A tecnologia autônoma desenvolvida pela Volvo está sendo comercializada na forma de prestação de um serviço. “Podemos comparar com os serviços de TV a cabo ou internet que temos em casa. Existe um equipamento, mas não pagamos por ele e sim pelo serviço entregue”, afirma Lirmann. “Com a alta produtividade da tecnologia autônoma, os valores envolvidos são compensadores para o cliente desde a primeira safra”, afirma Bernardo Fedalto, diretor comercial de caminhões da Volvo.
O Grupo Volvo – destaca Lirmann – está na vanguarda da tecnologia autônoma em veículos comerciais. Há veículos testando diferentes tipos de automação em operações reais como caminhões de mineração (Suécia) e caminhões de coleta de lixo (Inglaterra). Há também protótipos autônomos de ônibus e equipamentos de construção da marca (carregadeiras e caminhões articulados).