Por Antonio Carlos Brito*
Quando se fala em gestão de ativos a primeira coisa que vem à cabeça das pessoas são máquinas, fábricas e manutenção. Enquanto lemos estas linhas, criadores e empresas ligadas ao agronegócio estão tendo bons resultados com tecnologias de gestão aplicadas à … criação de animais. Tratam o rebanho como um ativo, pensam na manutenção de sua saúde por meio de uma alimentação individualizada que pode resultar na engorda no tempo certo, animais com menos deficiência nutricional e um produto de melhor qualidade lá na ponta. Diferenciam seus produtos e tornam-se mais rentáveis. Aplicam conceitos de Indústria 4.0 aos seus ativos vivos. Fazem a gestão desses ativos vivos usando IoT e otimizadores.
E como é isso? Dispositivos tecnológicos no campo, associados à internet das coisas (IoT) e softwares de gestão representam um conjunto de soluções eficientes para monitorar os sinais de saúde (e os pedidos de socorro) dos animais. É possível, por exemplo, concluir que a forma como um boi caminha indica problemas de saúde e falta de vitalidade; um sensor pode detectar o nível de acidez do estômago ou informar a quantidade de água que bebe. Todos esses dados são consolidados e seguem direto para a avaliação de veterinários e nutricionistas, que tomam as medidas cabíveis.
Uma empresa de nutrição animal mundialmente conhecida vem investindo em tecnologia para entregar o que se chama de nutrição holística e serviços de saúde animal, a fim de ajudar criadores a otimizar seus rendimentos e a atender as demandas globais por proteína animal. Por meio de monitoramentos como os citados acima, ao invés de produzirem quantidades indistintas de alimentos, essa companhia os produz de forma personalizada para cada animal do rebanho de seus clientes. Pode ser, por exemplo, uma alimentação mais rica em minerais ou em proteínas, ou o que o produtor “precise” para oferecer carne, leite e outros produtos com uma melhor qualidade. E “precisar” no sentido de precisão, exatidão!
Um modelo de negócios como esse, baseado em monitoramento, análise de dados e recomendação de nutrientes, representa grande oportunidade para que toda a cadeia possa se diferenciar. Algumas empresas de escala mundial já começaram a aplicar conceitos de Indústria 4.0 no campo. É uma jornada, que muda o perfil da mão de obra de práticos para analistas; de instrumentos simples de monitoramento para conjuntos de sensores e de transmissores de dados; de percepções para ciência, com resultados consistentes e replicáveis. Implica na integração ainda maior entre criadores de animais, fornecedores de ração e nutrição, e beneficiadores da cadeia de proteínas animais no agronegócio. O agronegócio já tem esta tecnologia à disposição. Quando as empresas passarão a considerar seus rebanhos e cardumes como ativos? Pode ser um diferencial em qualidade, pago a preço de ouro no final da cadeia.
* Antonio Carlos Brito é Sênior Principal, Digital & Value Engineering da Infor no Brasil
(Foto: Reprodução)