ESPECIAL – Levantamentos de produção sinalizam recordes e comprovam: o agro não para

Recorde na safra de grãos é previsto pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mesmo em época de pandemia do novo coronavírus. Além dos resultados do 7º Levantamento da Safra mostrados em 9 de abril, a empresa iniciou os preparativos para a pesquisa dos estoques privados de café, finalizou o Crop Tour, realizado de janeiro a março de 2020, divulgou o Boletim de Monitoramento Agrícola com dados sobre o milho segunda safra e realizou o levantamento de dados junto às usinas sucroalcooleiras sobre a produção de cana-de-açúcar em São Paulo.

Essas ações comprovam que, mesmo respeitando as orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre os cuidados para evitar a contaminação pelo Covit-19, os agricultores brasileiros seguem trabalhando e o resultado é: mais uma vez deve ser registrado recorde de colheita.

No site da Conab estão disponíveis os resultados do levantamento da Safra e dos dados sobre o milho segunda safra.

Outras ações da Conab detalhadas na sequência envolvem a ampliação do prazo para apresentação das notas fiscais dos produtos extrativos que foram vendidos abaixo do valor mínimo determinado pelo governo federal e a extensão do período de operacionalização dos projetos aprovados no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

7º Levantamento da Safra – A previsão é de que a produção brasileira de grãos atinja 251,8 milhões de toneladas, em uma área total cultivada de 65,1 milhões de hectares. A soja e o milho são os produtos que impulsionam o bom resultado. A oleaginosa deve apresentar uma produção de 122,1 milhões de toneladas. O maior desempenho já registrado da cultura acontece mesmo com os problemas climáticos ocorridos no Sul do país, sobretudo no Rio Grande do Sul. Nas demais regiões, o clima favoreceu e, aliado ao crescimento na área de 2,7% em relação à última temporada, a soja segue como um dos principais produtos da safra.

Outro grão de destaque, o milho deve apresentar uma colheita de 101,9 milhões de toneladas. A maior parte deste volume é esperada na segunda safra do cereal, quando se estima uma produção de 75,4 milhões de toneladas. A área tende a crescer em 4,5% comparada com a safra anterior e pode atingir 13,5 milhões de hectares. Vale destacar, ainda, que o plantio do grão encontra-se em estágio avançado. Mato Grosso, principal estado produtor, já finalizou a semeadura do milho, juntamente com Goiás, Tocantins e Maranhão. Paraná, Mato Grosso do Sul e Piauí têm mais de 90% da área semeada. 

Além de milho e soja, algodão, arroz, feijão e sorgo devem registrar incremento na produção, o que influencia positivamente no número final da safra brasileira. No caso do arroz, este aumento acompanha uma queda de plantio do grão em área sequeira. Mas este movimento é seguido também de uma maior proporção do cultivo da cultura em áreas irrigadas, que geram maiores produtividades. Aliado a isso, o contínuo investimento do rizicultor em tecnologias permite a manutenção da produção, ajustada ao consumo nacional.

O algodão também deve apresentar a maior produção já registrada na série histórica, com uma colheita estimada em 2,88 milhões de toneladas da pluma do grão, influenciada pelos grandes investimentos no setor e pela expansão de área cultivada, aliada às boas condições climáticas encontradas nas principais regiões produtoras.

Milho – As precipitações ocorridas no início de março favoreceram o desenvolvimento do milho segunda safra em praticamente todo o País, sinaliza o Boletim de Monitoramento Agrícola disponibilizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O estudo aponta também que a falta de chuvas em Santa Catarina (oeste) e no Rio Grande do Sul consolidaram a quebra de produtividade do milho primeira safra e da soja nesses estados. Já as anomalias negativas do índice de vegetação, observadas especialmente em Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e no Paraná, refletem o atraso no desenvolvimento do milho segunda safra em relação à safra anterior, em função do atraso no plantio.

A qualidade e assertividade nas informações do Boletim ganham ainda mais destaque nesse período de enfrentamento ao novo coronavírus, quando as pesquisas de safra serão realizadas com o auxílio de ferramentas de trabalho remoto. O monitoramento é realizado a partir de imagens de satélite, mas é potencializado graças à expertise histórica da Conab na coleta de dados em campo. A cada 16 dias, os técnicos acompanham o desempenho dos cultivos para traçar um retrato fiel das condições das lavouras com a análise das informações. Além disso, os satélites também fornecem dados meteorológicos, fundamentais para a verificação dos impactos no desenvolvimento da cultura.

Café – No final de março, a Conab também iniciou os preparativos para a pesquisa dos estoques privados de café, com o envio das senhas de acesso aos produtores, indústrias e armazenadores do produto em todo o país. O recebimento permite a entrada no Sistema de Pesquisa de Estoque Privados (Sipesp), que ficará aberto para o preenchimento das informações a partir do dia 1º de abril até o dia 26 do mesmo mês.

Para quem participou em edições anteriores, vale ressaltar que o Sipesp foi atualizado, com algumas melhorias e simplificações que vão desde o acesso até o preenchimento dos dados e a possibilidade da extração dos estoques já informados ao sistema.

Realizada anualmente pela Conab, a pesquisa de estoques privados de café contribui para o planejamento governamental e para a formulação de políticas públicas de fomento à produção e à produtividade agrícola e que garantam regularidade do abastecimento alimentar. O levantamento será feito em todas as regiões do país e vai mostrar o estoque final do produto da safra 2019.

Soja – De janeiro a março – antes das medidas restritivas de prevenção ao coronavírus – os técnicos da Conab realizaram percorreram as principais regiões produtoras de soja do País para medir a produtividade 16 roteiros de visitas na região produtora de soja do País, antes da realização da colheita. Chamadas de Crop Tour, as visitas aconteceram antes do período de colheita, quando a cultura está na fase de enchimento de grãos.

Foram coletadas mais de mil amostras de soja em 10 estados: Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, que juntos correspondem a 92% da produção brasileira. A amostragem contribuirá para reforçar os resultados das últimas estimativas.

Os estudos permitirão também à Conab aprimorar as estatísticas relativas à cultura e estreitar os laços de parceria com o produtor rural por meio da pesquisa. Além das condições da cultura e o rendimento médio das lavouras, a Conab, em conjunto com as empresas privadas que realizaram o Crop Tour, verificou a semeadura de algodão e das culturas de segunda safra, como o milho.

Cana-de-açucar – Em março, técnicos da Conab levantam, por telefone, dados com as usinas sucroalcooleiras sobre a produção de cana-de-açúcar em São Paulo. O boletim com as análises sobre o encerramento da safra será publicado no final de abril, enquanto as primeiras informações sobre a próxima safra serão divulgadas em maio. Vale ressaltar que São Paulo representa mais de 50% de toda a produção nacional de cana-de-açúcar. De acordo com o último levantamento da Conab, publicado em dezembro do ano passado, os paulistas foram responsáveis pela colheita de 340,8 milhões de toneladas.

Em 2020, pela primeira vez, em 16 anos, o contato com as usinas foi feito apenas por telefone, devido às medidas de prevenção ao coronavírus.

Solicitação de subvenção – A Conab ampliou em 3 meses o prazo para apresentação das notas fiscais dos produtos extrativos que foram vendidos abaixo do valor mínimo determinado pelo governo federal. Com isso, os extrativistas de todo o País têm até o final de junho para apresentarem a documentação necessária à estatal e solicitarem a subvenção dos seus produtos comercializados no ano passado.

O pagamento é feito por meio da Política de Garantia de Preços Mínimos de Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), política pública amparada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A medida de caráter excepcional tem como objetivo assegurar o apoio à comercialização da produção de forma a garantir renda aos extrativistas a fim de mitigar os efeitos econômicos e sociais decorrentes das ações de combate ao Covid-19.

Para acompanhar as medidas indicadas pelo Ministério da Saúde e por organismos internacionais, como a OMS, o recebimento dos recursos também deve seguir novos procedimentos. Com isso, a Conab vai elaborar estratégias com as agências bancárias e beneficiários envolvidos, a fim de evitar aglomerações durante o pagamento das subvenções.

No ano passado, foram pagos mais de R$ 18,5 em subvenção aos produtos extrativos contemplados pela política, um aumento de cerca de 98% comparado ao valor subvencionado em 2018. Com este recurso, a Conab dobrou o apoio ao volume comercializado pelos extrativistas, chegando a aproximadamente 19 toneladas de produtos. A PGPM-Bio oferece subvenção a mais de 17 produtos do extrativismo, garantindo preço mínimo aos extrativistas por meio de subvenção direta, quando comprovam a venda de sua produção por preço inferior ao mínimo fixado pelo governo federal.

Outras medidas – Além da PGPM-Bio, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) também teve período de operacionalização estendido para os projetos aprovados. Assim, os agricultores familiares que têm propostas com saldo remanescente na conta bloqueada da organização terão mais tempo para finalizar as entregas dos alimentos. Com a ampliação do prazo, a execução do projeto poderá ser feita até o final de dezembro deste ano.

Os projetos que vencem até junho deste ano também tiveram foram contemplados por esta medida, estendendo a entrega dos alimentos por seis meses. Dessa maneira, a Conab irá comprar R$ 5,8 milhões em alimentos de 167 organizações familiares de todo país, beneficiando mais de 700 pequenos agricultores e milhares de pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional.