Após anunciar, em 7 de fevereiro, o Programa BNDES Crédito Rural, para financiar investimentos nas atividades agropecuárias e agroindustriais, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em 12 de fevereiro, e, dois dias depois, divulgou apoio para a Lar Cooperativa Agroindustrial investir R$ 67 milhões na ampliação da unidade de recria de aves e da unidade industrial de rações, em Santa Helena (PR), e na implantação de uma unidade de recebimento e armazenagem de grãos e insumos em Bela Vista (MS).
Essas ações também fortalecem o papel do BNDES como o maior financiador de investimentos da agropecuária brasileira. No atual ano agrícola (2019/2020), o orçamento disponibilizado pela instituição alcança R$ 23 bilhões, sendo R$ 16 bilhões referente a recursos disponíveis dos dez programas agropecuários do governo federal ( PAGFs operados pelo BNDES e R$ 7 bilhões dos demais programas não equalizados pelo Tesouro Nacional. Até o momento, o banco de fomento já aprovou R$ 12,6 bilhões do atual ano agrícola, em mais de 90 mil operações. No caso do ano agrícola de 2018/2019, as aprovações superaram R$ 16 bilhões, em mais de 105 mil operações.
O Programa BNDES Crédito Rural disponibilizará inicialmente R$ 1,5 bilhão, para projetos de investimento (BNDES Crédito Rural Investimento) e para aquisição isolada de máquinas e equipamentos (BNDES Crédito Rural Finame). Os recursos serão oferecidos em parceria com mais de 30 instituições financeiras, entre agências de fomento, bancos de montadoras, cooperativas de crédito, bancos cooperativos, bancos privados e bancos públicos.
De acordo com o banco de fomento, a medida foi adotada em razão do crescente desenvolvimento do setor, refletido na alta demanda pelos programas agropecuários do governo federal operados pelo BNDES observada nos últimos anos agrícolas. Com o BNDES Crédito Rural, será possível oferecer crédito atrativo de forma contínua, gerando uma fonte de financiamento adicional além dos programas do governo.
O prazo dessas operações pode chegar a 15 anos para projetos de investimento e a 10 anos para aquisição de bens de capital, com a participação do BNDES em até 100% dos itens financiáveis. No caso de financiamento a máquinas e equipamentos, a taxa final será próxima a 9% ao ano (0,72% ao mês), enquanto que para projetos será em torno 10% ao ano (0,78% ao mês).
Cooperativa Lar – Com o objetivo de atender a demanda dos pequenos e médios produtores cooperados que integram a cadeia produtiva da avicultura, gerando 71 empregos diretos e reduzindo gargalos de armazenagem de grãos em Mato Grosso do Sul, a Cooperativa Lar obteve financiamento de R$ 62,5 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em Santa Helena (PR), o projeto prevê investimentos em três novos núcleos de recria de aves, que terão a capacidade adicional de alojamento de 450 mil aves, em instalações com alto nível de controle genético e sanitário. A capacidade de produção de ração da unidade industrial também será ampliada: de 70 mil para 76 mil toneladas por mês, o que garantirá o abastecimento da cadeia avícola pelos próximos dois anos e meio. A unidade de Bela Vista (MS) terá a capacidade de receber 400 mil sacas de soja e 350 mil sacas de milho, bem como armazenar 30 mil toneladas de grãos.
O financiamento conta com recursos do orçamento de dois programas que fazem parte do Plano Safra 2019/2020: o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), que busca apoiar a modernização de sistemas produtivos agroindustriais das cooperativas brasileiras, e o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), criado para apoiar investimentos em ampliação, modernização, reforma e à construção de armazéns de grãos, frutas, bulbos, hortaliças, fibra e açúcar.
Com sede em Medianeira (PR) desde 1972, a cooperativa atua nos segmentos agrícola, pecuário e agroindustrial, na produção e comercialização de alimentos nos 13 municípios do Extremo Oeste paranaense, bem como em 14 municípios do Sul de Mato Grosso do Sul e um no Oeste de Santa Catarina. A Lar teve, em 2018, um faturamento bruto de R$ 6,4 bilhões e contava com 12.984 funcionários e 10.929 associados, ao final de março de 2019.
Acordo com OCB – Com vigência de cinco anos, o acordo busca a divulgação permanente e atualizada das políticas e formas de atuação do BNDES, o acordo entre o banco de fomento e a OCB visa a promover o acesso das cooperativas às linhas de crédito e o intercâmbio de informações, para aprimorar o fomento a investimentos que aumentem a produtividade, sustentabilidade e competitividade das cooperativas.
Pelo acordo, a OCB divulgará as formas de apoio oferecidas pelo BNDES aos cooperados e encaminhará ao banco de fomento ou aos seus agentes financeiros credenciados oportunidades de financiamentos. O BNDES, por sua vez, fornecerá à OCB informações, treinamentos e material de divulgação sobre suas formas de apoio.
O banco de fomento vê na parceria com a OCB uma forma de obter capilaridade para estar mais presente em cada região brasileira, abrindo novas oportunidades de negócios e acesso a crédito, com geração de emprego, renda e impacto nas economias locais. O acordo se alinha ao plano trienal do BNDES, cujo mapa estratégico destaca o fomento e estruturação de projetos; o fortalecimento do portfólio de produtos e canais de distribuição; a diversificação das fontes de financiamento; e a melhoria da estrutura, processos e relacionamento com foco nas pessoas.
Na foto, os presidentes do BNDES, Gustavo Montezano, e da OCB, Márcio Freitas, durante a cerimônia de assinatura do acordo, na sede do banco de fomento, no Rio de Janeiro (RJ).
As duas instituições desenvolverão ações conjuntas para ampliar o conhecimento dos associados do Sistema OCB sobre a atuação do BNDES e melhorar as formas de acesso aos produtos e canais destinados às cooperativas. Foi elaborado um plano de trabalho, que detalha ações em cinco eixos: orientação e capacitação para acesso a crédito; oficinas, cursos e seminários; comunicação e divulgação de produtos; geração de inteligência institucional; e integração com o processo de apoio financeiro do BNDES. Cada partícipe custeará suas próprias ações, não havendo, portanto, transferência de recursos entre eles.
Fotos: Divulgação e Depositphotos