Estimular o consumo de peixes no Brasil, apresentando as espécies, mostrando receitas práticas e reforçando a importância dessa proteína animal para a saúde das pessoas. Esse é o objetivo central da Semana do Pescado, que foi criada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), chega à sua 18ª edição, sendo realizada de 1 a 15 do setembro. Neste ano, ao contrário das edições anteriores, haverá promoções em todos os Estados e no Distrito Federal, além de eventos gastronômicos, como o Festival Brasil Sabor, promovido por bares e restaurantes, que contará com lançamento de novos pratos e receitas; e o Festival Nacional do Tambaqui, uma iniciativa da Associação de Criadores de Peixes do Estado de Rondônia – Acripar em âmbito nacional.
“O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de tilápia e tem uma diversidade incrível de peixes nativos, como tambaqui, pirarucu e tantos outros. Além disso, tempos água, dimensão territorial, clima favorável e produtores empenhados em aumentar a oferta de peixes de cultivo. Na outra ponta, temos um consumo ainda em crescimento. Os brasileiros consomem apenas 10 kg de pescado, sendo 4 kg de peixes de cultivo, criados em cativeiro seguindo as boas práticas de segurança alimentar. É pouco. A Peixe BR e a @comamaispeixe dão sua contribuição para mostrar a importância de aumentar essa demanda interna pois peixe é saboroso, nutritivo e acessível”, assinala Francisco Medeiros, presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).
A entidade é apoiadora do evento, assim como a campanha @comamaispeixe, e promove ações especiais de valorização do peixe de cultivo brasileiro, divulgando conteúdos especiais nas redes, como dicas, curiosidades, receitas e espécies, além de esclarecimentos sobre o melhor peixe, se fresco ou congelado, sobre armazenamento correto, escolha e identificicação das espécies de peixesAcompanhem as ações da Semana do Peixe nas mídias sociais da campanha @comamaispeixe.
O pescado no Brasil
Lembrando que a Semana do Pescado é um grande movimento para fomentar o consumo de pescado, é considerada a “segunda quaresma”, e foi criada em sua gestão à frente do então Ministério da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, membro do comitê organizador da campanha, recorda que “ela surgiu da demanda do setor que sentia a necessidade de ampliar o consumo dos brasileiros. Portanto, a iniciativa tem dois grandes objetivos que são estimular o consumo do pescado, que tradicionalmente está concentrado no período da Semana Santa, e a meta de criar outro momento de vendas no varejo e no foodservice no segundo semestre. Importante ressaltar o valor nutricional desse alimento, rico em proteína, sais minerais e ômega 3. Consumir pescado é consumir saúde e, portanto, vender pescado é vender saúde”.
O ex-ministro lembra ainda que o País tem capacidade de produzir 20 milhões de toneladas de pescado. “De acordo com a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – o pescado representa 30% do consumo mundial anual de proteína animal, contra 23% dos suínos e 23% dos frangos, 13% dos bovinos e 11% de outras proteínas. E o Brasil tem todas as condições de ser a principal fronteira para a expansão da aquicultura em nível global. É uma cadeia em que temos que apostar e investir”, reforça.
Além do consumo elevado, o pescado também tem posição de destaque nas exportações mundiais. São 49% de pescados, 20% de bovinos, 15% de suínos, 10% de frangos e 5% de outras proteínas. “Isso demonstra a dimensão e a importância que o pescado tem no mercado mundial. Estudos da FAO estimam que até 2030 devemos chegar a um consumo de 21,5 quilos por habitante ao ano contra 20,5 quilos atuais, ampliando ainda mais esse mercado”.
Esses resultados, de acordo com Gregolin, elevaram as exportações no setor em 35% no primeiro semestre deste ano em relação a 2020. Para o ex-ministro, isso se deve a mais empresas entrando no mercado, o que tem impacto direto em toda a cadeia, melhorando a qualidade dos produtos e competitividade global. “Num país gigante como o Brasil, esse segmento do agro pode ter uma representação muito expressiva em nível global”, acredita.
Engajamento da cadeia
Envolvendo tanto a pesca selvagem como a aquicultura, a piscicultura e a carcinicultura (produção de camarão), esta edição da Semana do Pescado tem o engajamento de toda a cadeia produtiva, segundo Jéssica Martinez Feller, assessora de comunicação do Sindipi – Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região, e uma das coordenadoras da campanha.
Na avaliação de Jéssica Feller, alguns fatores contribuíram para o envolvimento do setor. E o principal foi o crescimento da comunicação digital que aproximou as pessoas. “Conseguimos acesso a entidades, empresas e lideranças de todos os estados e esse relacionamento fez com que a nossa cadeia produtiva se colocasse diante do mercado, sendo fonte de informação e falando de si mesma”.
Já Gregolin entende que também as entidades que representam as indústrias de pescados estão mais maduras, após anos de trabalho. “Isso ajuda num engajamento mais rápido”, acredita. Outro fator apontado por ele é a expansão da Semana do Pescado para locais que em edições anteriores não participavam. “Havia uma concentração nos maiores eixos e nosso sonho era levar o evento para o maior número de cidades. Os canais digitais possibilitaram o contato com as associações e redes varejistas em locais que antes não eram atingidos pela campanha”.
Pedro Pereira, diretor da Brascod e também membro do comitê da campanha, destaca que a Semana do Pescado possibilita um crescimento de 20% a 30% nas vendas de pescado em relação aos períodos normais. “Não estamos falando dos momentos mais importantes do ano como a Semana Santa e as festas de fim de ano. Mas na comparação com as vendas no varejo fora desses períodos há esse crescimento. Houve até relatos de resultados mais expressivos, mas tudo depende da campanha em cada ponto de venda”.
Ele lembra que a pandemia transformou os hábitos alimentares e beneficiou alguns canais de comercialização do pescado. “O varejo foi privilegiado. As vendas subiram significativamente. Isso porque os restaurantes fecharam e também porque a proteína dos pescados não sofreu tantos aumentos em relação às outras proteínas, como carne e frango. Com as pessoas comendo em casa, a procura pelo pescado cresceu”.
Impacto social no longo prazo
Gregolin analisa também que a Semana do Pescado tem impacto no médio e longo prazo. À medida que as ações vão sendo ampliadas, explica, o consumo estimula o setor produtivo. “As exportações também são importantes, pois aumentando as vendas externas cresce o mercado e amplia a produção, além de dar mais estabilidade ao setor que não fica refém das flutuações do mercado interno. Isso contribui para consolidar algumas cadeias, como a tilápia, por exemplo, que nos últimos três anos teve o salto da produção a olhos vistos, com a entrada de fundos de investimento, das grandes cooperativas e recentemente da JBS/Seara, que entrou para o setor almejando ser uma das maiores do mundo em pescado”.
Com o suporte de entidades e empresas parceiras, os organizadores da Semana do Pescado pretendem descentralizar as ações dos grandes centros de produção e consumo de pescado para atingir todas as cidades brasileiras. Os resultados de edições anteriores mostram um aumento entre 30% e 50% nas vendas no varejo no período da campanha.
A edição de 2021 tem entre os patrocinadores a Alaska Seafood Institute, Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Associação Brasileira de Fomento ao Pescado (Abrapes), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura (Conepe), Conselho Norueguês de Pesca, Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Saperj), Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca no Estado do Ceará (Sindfrio), Sindicato das Indústrias de Pesca dos Estados do Pará e Amapá (Sindipesca), Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (SINDIPI) e Sindicato da Indústria da Pesca no Estado de São Paulo (Sipesp). Também tem o apoio do Ministério da Agricultura, com destaque para a Secretaria de Aquicultura e Pesca (SAP/MAPA), do Sebrae, da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).