Para a continuidade de captação de recursos para a manutenção do crescimento da pecuária nacional, que chegou a 6,8% de participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2019, as ações de proteção ao meio ambiente e da biodiversidade são necessárias para atender as demandas de investimentos e, ao mesmo tempo, para garantir segurança ambiental, jurídica e sanitária. Esse alerta é do Grupo de Trabalho dos Fornecedores Indiretos (GTFI), fórum de discussão sobre o monitoramento de fornecedores indiretos na cadeia produtiva da carne bovina no Brasil.
Diante desse cenário, as organizações que fazem parte do Grupo de Trabalho dos Fornecedores Indiretos (GTFI) decidiram que era momento de estabelecer os pontos básicos comuns para dar visibilidade aos fornecedores indiretos nos mecanismos de rastreabilidade da pecuária. Desta forma, frigoríficos e varejistas poderiam planejar a ampliação do monitoramento a partir de uma linha de base pré-definida e comum a todos, as chamadas “Boas Práticas”.
Tal posicionamento ganha significado quando é considerado fato de que, em 2020, um grupo de 29 grandes fundos globais, que administram US$ 3,7 trilhões, encaminhou uma carta para as embaixadas brasileiras demonstrando preocupação com o avanço do desmatamento no bioma Amazônia e afirmando a importância de promover uma cadeia de valor livre de desmatamento.
Para atender os objetivos, o Grupo desenvolveu quatro pontos chave que resumem as BPs para indiretos na cadeia da carne a fim de contribuir para cumprir as exigências do mercado – investidores, consumidores, sociedade e importadores – e para o aprimoramento de programas de rastreabilidade já estabelecidos em empresas do setor.
As boas práticas recomendadas pelo GTFI consideram algumas premissas, como o respeito ao TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e outros compromissos do setor; a flexibilidade frente à realidade da cadeia e de seus atores; a análise de dados no nível das propriedades; e a definição de critérios viáveis, simples, eficientes e robustos. Entre os pontos trabalhados estão: data de referência para o monitoramento, o tamanho mínimo das propriedades a serem monitoradas e a revisão periódica das boas práticas.
E mais, o GTFI destaca que o fortalecimento de práticas e procedimentos de monitoramento e de rastreabilidade de fornecedores indiretos na pecuária nacional é um importante fator de atração de investimentos, uma vez que os investidores institucionais estão cada vez mais sensíveis aos riscos ligados ao meio ambiente, como o desmatamento e as mudanças climáticas, demandando maior transparência nos processos geridos pelas próprias empresas.
Reunindo diversos stakeholders do setor para discutir soluções de rastreabilidade, monitoramento e transparência com foco no controle do desmatamento em fornecedores indiretos, tendo entre seus membros frigoríficos, varejistas, produtores, bancos, entidades diversas, organizações não governamentais e empresas de tecnologia, o GTFI usa como base para sua declaração dados do Global Sustainable Investment Alliance (GSIA), que definem o mercado mundial de investimentos sustentáveis ao redor de US$ 30,7 trilhões.
A essa informação o GTFI agrega estudo do Global Impact Investing Network (GIIN) que estima o segmento de investimentos de impacto (aqueles que buscam gerar um retorno positivo externo, de cunho social ou ambiental) em US$ 502 bilhões. São mais de 1.300 de investidores, entre gestores de ativos, fundações, bancos, instituições financeiras de desenvolvimento, escritórios familiares, fundos de pensão, seguradoras, entre outros, que aplicam nesses ativos.
Foto: The Nature Conservancy