Fazer a ponte entre entre os repositórios de conhecimento acadêmico, pesquisas e o mercado de modo a ajudar na aceleração em escala comercial da utilização de fontes renováveis de energia. Com essa finalidade, a Base Energia Sustentável foi criada por Demóstenes Barbosa da Silva, em 2018, e hoje conta com 43 profissionais com alta qualificação e experiência acadêmica, em pesquisa, mercado e vinculados a instituições que lhes permitem se juntar a esforços outros.
Entre os campos de interesse da empresa, como frisa seu presidente, está a energia solar, que tem forte vínculo com o agronegócio. Sua adoção na produção agrícola – garante Barbosa – pode contribuir para a ampliação da sustentabilidade ambiental no agro, inclusive fortalecendo o papel do agronegócio como um dos principais pilares centrais da economia brasileira, ampliando a produtividade e reduzindo ainda mais o baixo impacto ambiental.
“A maior parte do consumo de energia no agronegócio é gerada no campo, onde a irradiação solar é mais abrangente. Essa percepção leva-nos a pensar que, no Brasil, uma política de ampliação da autoprodução de energia elétrica com base em usinas solares, é muito adequada. E, seria até mesmo uma estratégia que deveria ser suportada por uma política do Estado Brasileiro”, avalia Silva.
Dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) mostram que o setor de agronegócio responde por cerca de 30% de toda a energia consumida no mundo. No Brasil, conforme o Balanço Energético Nacional, elaborado sob a coordenação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE); vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), o agro nacional, que produz cerca de um terço de todo o volume de produtos agrícolas do mundo, consome cerca de 4% de toda a energia comercializada no País.
Segundo Demóstenes Silva, esses números demonstram a eficiência do agro brasileiro no que tange o consumo de energia. “Mas, o segmento tem ainda muito espaço para se modernizar, incorporando novas tecnologias e processos industriais, o que implica em aumento do consumo de energia. Assim, a energia solar pode ser um fator determinante para manutenção e, até mesmo, para a ampliação da sustentabilidade do setor no país”, pondera.
O preço da energia solar já é bastante competitivo em relação a outras fontes energéticas. E, há a perspectiva de reduções continuadas desses valores. Um exemplo é o custo dos módulos fotovoltaicos; cuja competitividade frente a outras tecnologias de fontes renováveis de energia está aumentando a uma velocidade muito rápida. Um estudo da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) fez uma projeção dos custos médios da eletricidade gerada a partir da fonte solar em 2025; tendo por comparação o ano de 2015 e o resultado foi que a redução pode chegar à razão de 41%. Quanto à eficiência, ao longo do tempo, esse aumento pode chegar a 5,3% ao ano.
O fundador da Base Energia Sustentável é um exemplo dos profissionais que atuam na empresa. Engenheiro, físico e doutor em energia, Demóstenes Barbosa da Silva, vem investindo em pesquisas com nitrogênio e lítio. “Temos condições de produzir hidrogênio sem ser de fonte fóssil, aproveitando as sobras das fontes renováveis e armazenando o hidrogênio por até um ano, no próprio lugar da transmissão para usar no horário nobre, no estado gasoso ou em baterias de lítio”, informa, listando entre os interesses da empresa p estudo das melhores formas de aplicar as tecnologias e customizá-las para a realidade brasileira, “caminhando no mesmo ritmo que acontece lá fora”.
Outro benefício da fonte solar é a modularidade. “A tecnologia solar se adequa a todos os portes e projetos. A consolidação crescente do mercado de módulos fotovoltaicos com características de comodity facilita ainda mais essa expansão”, afirma o presidente da BASE Energia Sustentável.
Além disso, a distribuição razoavelmente uniforme da irradiação solar no campo é uma característica que confere um benefício adicional: a diminuição da necessidade de linhas de transmissão. “Essa distribuição associada à característica de seu aproveitamento modular; por meio de módulos fotovoltaicos que podem ser conectados em conjuntos série-paralelo, permite a possibilidade de composições de diferentes tamanhos, em quase todos os lugares”, explica o engenheiro.
Desse modo, é importante que os produtores rurais ou indústrias contem com uma consultoria ou empresa especializada no segmento para fornecer o projeto assertivo que resulte em reais benefícios. A BASE, por exemplo, contribui para a implementação desses projetos de energia solar projetando arranjos, fazendo o “procurement”; construindo e fazendo montagens eletromecânicas, sempre compatibilizando soluções que incorporem os mais avançados arranjos de engenharia, e tecnologias disponíveis.
Contudo, existem barreiras para uma rápida implementação de usinas solares no campo. Demóstenes Silva enumera dois grandes desafios, sendo o primeiro: simplificar e fortalecer as regras que estabelecem o direito dos autoprodutores que tenham plantas solares; de acessarem os sistemas de distribuição e transmissão, para escoar a energia gerada no campo.
“O segundo é o desafio de ter e dispor de fontes de recursos e respectivas contratações na modalidade “project finance”; na qual as garantias na contratação de recursos é a própria energia gerada, e as instalações da planta solar, permitindo assim que bons projetos; desenvolvidos por empresas de pequeno porte, ou autoprodutores que disponham de área e condições favoráveis, tenham maior chance de implantarem seus projetos, em uma competição em base técnica”, finaliza o presidente da BASE Energia Sustentável.